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Dupla brasileira provoca 'febre de futebol' em cidade italiana

Sensação do momento da série B e alvo do assédio de grandes clubes, a dupla de atacantes Barreto e Reginaldo está causando uma espécie de revolução em Treviso, que vive hoje uma febre pelo futebol.

Com pouco mais de 80 mil habitantes e localizada a 20 km de Veneza, no norte do país, a cidade se destaca há anos em esportes como o basquele, o vôlei e o rugby.

Graças à dupla brasileira, a preferência da população está mudando.

"O estilo deles é diferente para nós. Por causa dos dois, estamos apaixonados por futebol”, festeja o torcedor Giancarlo Fiori. “Tenho certeza agora que podemos passar para a série A."

"Jovens extraordinários"

Goleadores da equipe nesta temporada, com oito gols cada um, Paulo Vitor Barreto de Souza, de 19 anos, e Reginaldo Ferreira da Silva Fonseca, de 21, chegaram ao Treviso há quatro anos e meio, para jogar na divisão juvenil.

A ascenção dos dois ao time principal ocorreu ao mesmo tempo, em setembro de 2003, quando o Treviso amargava seu segundo ano na terceira divisão.

Reginaldo participou de mais jogos. De acordo com ele, o antigo técnico não confiava no futebol do Barreto.

Desde que o treinador Giuseppe Pillon foi contratado, tudo tem sido diferente. Barreto e Reginaldo começaram a fazer boas partidas e a ganhar destaque.

"São dois jovens extraordinários", afirma o treinador do Treviso, que comemora o terceiro lugar na classificação geral da segunda divisão do campeonato italiano, com 52 pontos. "Juntos, acabam motivando também o resto da equipe".

Desde o final de fevereiro, quando os dois fizeram gols na vitória do Treviso por 2 x 0 contra a Triestina, a imprensa italiana não se cansa de falar no talento da dupla, da qualidade técnica e do interesse de clubes maiores por eles.

"Foi a primeira vez que marcamos juntos na mesma partida", lembra Reginaldo, que já começa a se acostumar com a crescente popularidade. "Chegamos aqui muito jovens, praticamente crescemos com o Treviso e queremos fazer bem vestindo esta camiseta."

Os jornais e sites esportivos dizem que os dois jogam com a típica alegria e entusiasmo dos brasileiros e estão enlouquecendo a população de Treviso. Têm estilos diferentes, mas um complementa o outro.

Barreto

"A gente espera estar sempre ajudando um ao outro e se pudermos fazer gols juntos, melhor. É muito importante para qualquer atacante fazer gol", diz Barreto.

Os comentaristas afirmam que Reginaldo é um jogador potente e veloz. Já Barreto é destacado pelos dribles empolgantes.

Amizade antiga

Os dois são amigos há mais de cinco anos, desde os tempos em que jogavam juntos no Campo Grande, no Rio de Janeiro.

Na Itália, apesar de terem chegado com apenas 15 e 17 anos, nunca contaram com a companhia de qualquer familiar.

“Somos como irmãos”, diz Barreto. “Um tenta ajudar o outro nos momentos de dificuldades e procuramos estar sempre juntos”.

Natural de Jundiaí, em São Paulo, Reginaldo lembra que já na época do Campo Grande voltava para a casa apenas duas vezes ao ano. Para Barreto, nascido em Bangu, no Rio, era menos complicado.

“É difícil ficar longe da família, mas jogar futebol é o que sabemos fazer e não podemos perder as oportunidades”, diz Reginaldo. “Jogamos bola desde que éramos moleques. Não apenas por dinheiro, mas porque é o nosso esporte, a nossa paixão. O dinheiro que chega é sempre bem-vindo, porque podemos melhorar de vida e ajudar nossas famílias”.

Barreto e Reginaldo devem ser na metade do ano, quando estará aberto o mercado para a compra e venda de jogadores, dos mais assediados.

A imprensa italiana diz que Milan Lázio e Inter já teriam demonstrado interesse, assim como Palermo e Sampdória. A pressão mais forte, no entanto, vem da Udinese, que já teria oferecido oito milhões de euros, o equivalente a R$ 27 milhões pelos dois, batendo a proposta feita anteriomente pelo Lokomotiva de Moscou.

"Já escutamos alguma coisa. Sabemos que há times que nos viram jogar e querem ter a gente jogando juntos", diz Reginaldo. "Se estamos sendo destaque neste momento, temos de agradecer ao Treviso, que tem nos dado a oportunidade de jogar. Até junho estamos com o Treviso e queremos fazer o melhor pelo time. Depois disso, vamos ver o que acontece".

Humildes, os dois agradecem a oportunidade dada pelo Treviso, mas sonham em jogar em um grande time da Itália ou da Espanha. Tanto Barreto, quanto Reginaldo, querem aparecer mais, para um dia chegar à Seleção Brasileira. Se for junto, melhor.