UIL

Prossegue o desembarque de imigrantes ilegais tunisianos na Lampedusa. Maroni faz apelo a UE

Durante a madrugada de domingo (13), em poucas horas, mais mil imigrantes tunisianos chegaram ilegalmente à ilha italiana de Lampedusa. No sábado, o governo italiano havia declarado estado de emergência humanitário depois de, aproximadamente, três mil imigrantes ilegais, na sua maioria vindos da Tunísia, terem chegado ao país no decorrer dos últimos dias. Segundo foi informado pelo porto local, desde a meia-noite, chegaram 977 pessoas a Lampedusa, em desembarques incessante.

A instabilidade recente que se vive na Tunísia desde 14 de Janeiro é apontada como o motivo de milhares de tunisianos procurarem abrigo em outras nações. A maioria dos imigrantes encontrados tentava chegar a Itália em pequenas embarcações quando foram interceptados pela guarda costeira italiana.

Já no domingo, o ministro do Interior Roberto Maroni pediu a intervenção urgente da União Européia porque, segundo ele, “há um terremoto institucional e político em risco de ter um impacto devastador sobre toda a Europa através da Itália”. Ele disse que pedirá ao ministro do Exterior tunisiano, autorização para o exército italiano intervir na Tunísia para bloquear os fluxos. Na sexta-feira, Maroni alertou para o risco de terroristas simpatizantes da al-Qaeda e criminosos estarem se aproveitando da confusão para se instalarem na Europa, fazendo a Itália de porta de entrada.

Centenas de imigrantes, acompanhados pela polícia entraram no centro de acolhimento em Lampedusa, que foi reaberto. Os migrantes chegaram a pé, em uma espécie de procissão, ao longo da estrada - cerca de um quilômetro - que separa o centro da área de esportes onde eles estavam reunidos. Carabinieri e trabalhadores humanitários organizaram a entrada dos tunisianos.

Foi estabelecida uma ponte aérea para ajudar ao repatriamento dos imigrantes, mas de acordo com a polícia, até o domingo, permaneciam na ilha cerca de dois mil tunisianos ilegais.

Renúncia

Na manhã de domingo, o ministro das Relações Exteriores tunisiano Ahmed Ounaies apresentou a sua demissão. O motivo foi a controvérsia gerada, em 4 de fevereiro passado, quando ele elogiou a chanceler francesa, Michele Alliot-Marie. Ela está sendo chamada a explicar os presentes recebidos de um grande empresário tunisiano, ligado à família do presidente deposto, Zine al-Abidine Ben Ali.

A ministra francesa chegou a propor ao regime de Ben Ali “os conhecimentos” da polícia francesa, no momento em que a repressão do regime do antigo governo tunisiano atuava contra a vaga de contestação que acabou por depô-lo do poder.

Ounaiss, ex-embaixador, de 75 anos, assumiu a pasta do executivo interino em 27 de Janeiro, sob a liderança do primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi. E, logo a 7 de Fevereiro, após o seu regresso de Paris, viu-se contestado por manifestantes, que exigiram a sua demissão.