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Addio Zan: morreu o italiano rei da sanfona no Brasil

Autor  do hino dos 450 anos de São Paulo, eleito na Alemanha como o acordenista mais sentimental do mundo, considerado por Luiz Gonzaga como o verdadeiro Rei da Sanfona, com mais de mil músicas gravadas, morreu, aos 86 anos,  na última quarta-feira (08), o italiano Mario Giovanni Zandomeneghi, o Mario Zan, um dos maiores sanfoneiros do Brasil.

Natural de Roncade, na província de Treviso, ou de Veneza, segundo outra versão, o fato é que Zan nasceu em  nove de outubro de 1920 e, aos quatro anos, veio para o Brasil acompanhando seus pais, José e Ema, que foram morar em Santa Adélia, próximo a Catanduva, em São Paulo. Já aos 10 anos era conhecido como o moleque da sanfona e, aos 13, fez a sua estréia como músico profissional.

A partir daí, não parou mais  gravando 300 discos de 78 rotações, 110 LPs e mais de 50 CDs. Atualmente, vendia mais de  600 mil discos anualmente, principalmente com a sua marca registrada: músicas juninas. O disco do hino de São Paulo é um dos tantos feitos desse italiano que conseguiu captar o sentimento dos homens e mulheres dos mais diferentes lugares do Brasil: vendeu mais de 100 milhões de cópias.

Mesmo sendo originárias do período pré-televisivo, músicas de Zan fizeram sucesso como trilha de novelas, como Chalana, na novela Pantanal, exibida pela rede Manchete, e  Nova Flor ou Os Homens Não Devem Chorar, na novela Pecado Capital, da rede Globo. Aliás, esse música também foi emblemática para Zan já que foi gravada por cerca de  200 intérpretes latino-americanos, além de versões em inglês e em alemão.

Casado pela terceira vez, Zan era pai de três filhos e duas filhas, e também se caracterizava com algumas teimosias e excentricidades. Depois de ler sua história, passou a defender a honra da Marquesa de Santos, segundo ele uma alma pura, que inclusive doou toda a riqueza que possuiu entre os seus escravos e não merecia ser conhecida apenas como a amante de Dom Pedro I. Sua admiração foi ao ponto de ele ter providenciado uma sepultura ao lado do túmulo da marquesa, no cemitério da Consolação, para onde foi nesta quinta-feira (09), às 16h, depois de não resistir a uma insuficiência respiratória.

Embora reconhecido internacionalmente, com  seu nome e retrato expostos no Museu de Artes de Frankfurt, na Alemanha, e também em outros países, como a Espanha, Zan não foi tão reverenciado na terra onde nasceu. Mas jamais deixou de amar intensamente a Itália, de cantar a tarantela, embora sua sensibilidade musical fosse genuinamente brasileira.