
Salários na Itália: Atraem ou desanimam?
Para os ítalo-brasileiros que sonham em cruzar o Atlântico em busca de raízes e oportunidades profissionais, a Itália de 2025 apresenta um panorama misto. De um lado, o desemprego atingiu níveis inéditos desde 2007, caindo para 6% em julho, melhor que a média da zona do euro (6,2%), segundo dados do Istat e Eurostat. É um sinal positivo para quem chega com o passaporte europeu na mão, facilitado pela cidadania italiana. No entanto, os salários permanecem entre os mais baixos do G7 e do G20, com perdas reais acumuladas de 8,7% desde 2008, conforme relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Essa estagnação salarial, agravada pela inflação recente, pode transformar o sonho em frustração financeira. Para descendentes no Brasil, onde o salário médio é de cerca de R$ 3 mil (uns €500), a mudança parece tentadora, mas exige planejamento realista.
Desemprego em Queda: O Lado Otimista do Mercado Italiano
A boa notícia chega forte: em julho de 2025, o número de desempregados na Itália encolheu para 1,532 milhão, uma redução de 74 mil em relação a junho e 114 mil ante julho de 2024. O índice de 6% é o mais baixo em 18 anos, impulsionado por setores como turismo, indústria e serviços, que absorvem mão de obra qualificada. Para a zona do euro, o Eurostat registra 6,2%, com 10,8 milhões de desempregados, enquanto na União Europeia o patamar é de 5,9%.
Para ítalo-brasileiros, isso significa mais vagas acessíveis, especialmente em regiões como Lombardia e Veneto, onde a demanda por profissionais bilíngues em comércio e hospitalidade é alta. O desemprego juvenil, embora ainda elevado em 18,7% (contra 13,9% na eurozona), caiu 1,4 ponto percentual, abrindo portas para jovens descendentes com formação em tecnologia ou design. "É um momento para investir em networking via comunidades ítalo-brasileiras em Milão ou Roma", sugere o economista italiano Marco Rossi, em entrevista ao Corriere della Sera. Mas atenção: o Sul da Itália, com herança cultural forte para quem busca reconexão familiar, ainda patina em taxas acima de 15% em áreas como Sicília.
Salários Estagnados: Último Lugar no G20 e Desafios para Imigrantes
Aqui reside o calcanhar de Aquiles. Apesar da recuperação de 2,3% nos salários reais em 2024, os rendimentos italianos acumularam perdas de 8,7% em poder de compra desde 2008, o pior desempenho entre os países avançados do G20, segundo a OIT. Comparado ao Japão (-6,3%), Espanha (-4,5%) e Reino Unido (-2,5%), a Itália é lanterna. No G7, o salário médio anual bruto é de €35.616 (cerca de R$220 mil), contra €44.968 na França e €50.000 na Alemanha, ajustados por paridade de poder de compra (PPC), revela o OCSE.
A diferença de gênero agrava: mulheres ganham 9,3% a menos que homens, um dos piores na UE (média de 14,3%), e imigrantes, como muitos ítalo-brasileiros recém-chegados, recebem 26,3% menos que nativos, por estarem em empregos precários. No Sul, onde a herança italiana pulsa, um quarto dos trabalhadores não passa de €1.000 líquidos mensais, insuficiente para aluguéis em Roma (€1.200) ou supermercado familiar (€400).
Comparação com Vizinhos Europeus: Portugal, Espanha, França e Alemanha
No contexto da UE, a Itália não brilha. O salário médio mensal bruto é de €2.435, 5,6% abaixo da média europeia de €2.581. Veja o ranking para full-time, em PPC (2025, Eurostat/OCSE):
- Alemanha: €4.500 mensais (45% acima da Itália), com mínimo de €2.161. Economia robusta atrai descendentes para engenharia e manufatura.
- França: €3.747 (€28.500 anual), 18% superior. Mínimo de €1.802 favorece setores criativos em Paris.
- Itália: €2.968 (€35.616 anual), estagnado pela baixa produtividade (-3% desde 1999, vs. +30% na média rica).
- Espanha: €2.641 (2% acima em PPC), mínimo €1.361. Similar à Itália em turismo, mas com crescimento salarial de +6,2% na década.
- Portugal: €1.700-€2.000, 30% abaixo. Mínimo €1.015, mas custo de vida menor em Lisboa atrai quem prioriza qualidade de vida.
Em PPC, a Itália fica 15% abaixo da média UE, com poder de compra erodido pela inflação (18% desde 2021, vs. +8,2% em salários). Para um casal ítalo-brasileiro, isso significa €3.000-€3.500 mensais para sobreviver em Milão, contra €4.500 em Berlim.
Implicações para Ítalo-Brasileiros: Oportunidades e Armadilhas
Com cidadania, vocês têm direito a benefícios como saúde pública e residência imediata, mas o "choque salarial" é real. Muitos descendentes relatam, em fóruns como o "Brasitaliani" no Facebook, que iniciam com €1.200-€1.500 em call centers ou varejo, longe dos €2.000 iniciais no Brasil para profissionais qualificados. O desemprego baixo ajuda, mas a precariedade (contratos temporários em 7,7% de queda) e a inatividade (32,8%) pesam.
Especialistas recomendam: foque em nichos como enologia ou moda, onde a herança italiana valoriza skills bilíngues. "Planeje um colchão de €10.000 para os primeiros seis meses", aconselha a consultora de migração Maria Silva, de São Paulo. O governo Meloni celebra o emprego, mas ignora que 25% dos trabalhadores ganham menos de €1.000, fomentando emigração reversa.
Em resumo, a Itália oferece reencontro cultural e estabilidade relativa, mas os salários baixos demandam adaptação. Pesquise via EURES (portal de empregos UE) e comunidades descendentes. O sonho é viável, mas não ilusório: calcule custos e qualifique-se para nichos rentáveis. Sua herança pode ser o passaporte para o sucesso, não só para a porta de entrada.
(Fonte: Istat, Eurostat, OIT, OCSE)
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