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Alberti, o homem universal

Em  comemoração ao  6º centenário do seu nascimento, Florença dedica a Leon Battista Alberti uma exposição de altíssimo nível, com o objetivo de chamar a atenção do grande público para as mais recentes, e por sua vez surpreendentes, aquisições da obra enciclopédica e espetacular de um dos seus mais extraordinários gênios italianos: o sumo arquiteto, o prodigioso literato, o sutil teórico de arte, mas também o urbanista, o matemático, o pintor, o arqueólogo, o físico, o químico, o músico; enfim, o homem que antes de Leonardo encarnou os ideais universais do Humanismo Renascentista. A exposição continua até o dia 23 de julho e pode ser conferida em http://www.albertiefirenze.it/.

 

Leon Battista Alberti nasceu em Gênova, em 14 de Fevereiro de em 1404, filho ilegítimo de um rico comerciante florentino expulso de Florença por motivos políticos. Representa o primeiro exemplo de “o homem universal” do Renascimento, é um símbolo da elite dessa época. A sua obra é vasta e importante.  Foi o autor da primeira análise científica da perspectiva*. A fundação que se dedica a estudar a sua obra não titubeia em nomeá-lo como o "homem universal".

 

As suas múltiplas viagens a Roma facilitaram o desenvolvimento de um grande interesse pela cultura e arquitetura antigas. As pesquisas que fez levaram-no a partilhar dos princípios do seu amigo Brunelleschi, preocupando-se com o estudo das proporções dos edifícios, da geometrização do espaço e da perspectiva. Na sua obra “Descriptio Urbis Romae”, de 1444, fez o levantamento de todos os monumentos romanos da Antiguidade.

 

Como resultado desse estudo, ficou com uma grande coleção de estruturas, formas e elementos decorativos que, mais tarde, aplicou em todos os seus edifícios.

 

Devido ao seu profundo conhecimento de Roma monumental, o papa Nicolau V pediu-lhe opinião quanto à urbanização e renovação desta cidade. Com a ajuda de um teodolito por ele inventado, fez o primeiro levantamento da cidade de Roma e seus monumentos, do que resultou, em 1452, “De Re aedificatoria”, uma obra de 10 volumes, verdadeiro tratado de arquitetura, aliás, o único publicado no século XV dedicado às regras de construção.

 

Alberti não desprezou as idéias de arquitetura de Vitrúvio (século I d.C.), contudo interpretou-as e enriqueceu-as com as suas reflexões, isto é, fez uma adaptação crítica adaptada às recentes necessidades urbanísticas e arquiteturais do Renascimento.

 

Alberti atribuiu muita importância aos elementos decorativos. Definiu a noção de ordem arquitetural como um sistema de proporções baseado na coluna e simbolizado pelas ordens dos capitéis. Para Alberti “a beleza é uma espécie de harmonia e acordo entre todas as partes”, e estas devem formar um todo, “de acordo com uma certa ordem, como a do princípio da simetria, a lei mais importante e mais perfeita da natureza”.

 

Na obra “De Re aedificatoria” contrapôs à prática arquitetônica da época gótica, que se baseava na multiplicação dos ornamentos, a marcação rítmica rigorosa da estrutura dos edifícios.

 

Não se considerava, no entanto, um construtor, pois para ele o trabalho de arquiteto é o de conceber e propor planos estudos. Deixou a outros a realização de construções de acordo com os seus estudos, mas sempre verificando se os seguiam cuidadosamente.

 

A sua primeira construção bem conhecida, o templo Malatestiano, não foi terminada devido à morte de Malatesta, nobre da cidade que fizera a encomenda. Porém, os estudos que Alberti fez da proporção da fachada mostram uma grande preocupação com as formas geométricas e com a simetria.

 

Em 1456, em Florença, foi encarregado da fachada da Igreja de Santa Maria Novelle, na qual é visível o uso das formas consideradas perfeitas pelos clássicos: quadrado, triângulo e círculo.Também projetou, entre outras obras, as igrejas de San Sebastiano (iniciada em 1460) e San Andrea (1470), ambas em Mantova.

 

Os seus tratados sobre pintura e escultura foram os primeiros a analisar aspectos teóricos. No tratado sobre pintura, De Picture, 1435, deu as primeiras definições da perspectiva e da pintura narrativa e salientou o aspecto intelectual da atividade pictórica. Nele, Alberti compara o quadro a “uma janela aberta para o mundo”; afirma que “a perspectiva nos mostra o mundo tal como Deus o fez”,e acrescenta, ainda: “fixo o ponto de vista onde eu quiser”. Esta liberdade que mostra o homem como princípio de ordem do seu mundo, faz parte do conceito de Humanismo.

 

A sua preocupação com as proporções também é visível na obra “De Statua”, 1464, pois foi o primeiro a analisar sistematicamente as proporções do corpo humano. A introdução da perspectiva na pintura constituiu uma inovação importante. Em 1425, Bruneleschi, fez uma das suas demonstrações sobre este assunto, mas foi Alberti, no tratado De Pictura, que marcou uma etapa decisiva na história de arte que caracteriza o Renascentismo, ao passar da prática experimental à teorização dos princípios da perspectiva.

 

No primeiro livro de De Pictura, Alberti recorre à geometria para as suas explicações: “Tomaremos aos matemáticos - para que o nosso discurso seja bem claro - aquelas noções que sejam particularmente ligadas à nossa matéria”. As suas idéias sobre a pintura inspiraram muitos artistas, inclusive Leonardo da Vinci, que tinha 20 anos quando Alberti morreu e ainda têm influência nos tempos atuais. Alberti morreu, em Roma, em 1472.

 

*O sistema “inventado” por Alberti, consistia na utilização de um vidro, perpendicular à mesa de trabalho e no qual estava colado um quadriculado. Noutro quadriculado, na mesa, o artista desenhava o que via através do vidro. A maior dificuldade assentava na necessidade de ver o objecto, a desenhar, sempre exactamente do mesmo ponto. Para isso, era preciso desenhar só com um olho aberto e com o apoio de uma espécie de vara fixa com um orifício, para ter a certeza que observava sempre do mesmo ponto Para desenhar um quadriculado em perspectiva, é preciso ter em conta que todas as linhas perpendiculares ao observador - paralelas entre si - se encontram num ponto. No entanto, isto não é suficiente, para saber desenhar as linhas paralelas ao observador! E foi Alberti que, considerando o ponto na linha do horizonte onde convergem todas as diagonais - elas próprias paralelas entre si - que inventou um método para desenhar fácil e corretamente, um quadriculado em perspectiva.

 

L’Uomo del Renascimento

 

Nato fuori dal matrimonio, ma subito legittimato dal padre Lorenzo, Leon Battista Alberti nacque a Genova nel 1404 in una nobile e ricca famiglia di mercanti e banchieri fiorentini banditi da Firenze nel 1377 per motivi politici. Cresciuto nell'ombra dell'esilio, passò la vita in continui viaggi anche dopo la riammissione della famiglia a Firenze, nel 1428. Ma in questa città non si inserì mai veramente, pur frequentando i maggiori artisti. Né trovò pace sul versante della famiglia, poiché i parenti l'accettarono solo in parte ed ebbe con alcuni di loro dispute dolorose.

 

Studiò Lettere a Venezia e a Padova, Legge e Greco a Bologna, ma fin da giovane in privato coltivò interessi svariatissimi a sfondo scientifico e artistico: musica, pittura, scultura, architettura, fisica, matematica. La vastità delle sue curiosità e dei suoi saperi avrebbero fatto di lui il sommo rappresentante dell'Uomo del Rinascimento, precursore per molti aspetti del genio di Leonardo da Vinci.

 

Alla morte del padre nel 1421, per superare le ristrettezze economiche e consolidare il suo status sociale, Alberti si orientò verso la carriera ecclesiastica. A partire dal 1428 poté tornare a Firenze. Nel 1431 divenne segretario del patriarca di Grado e nel 1432 si trasferì a Roma come abbreviatore apostolico, ovvero come estensore dei testi delle disposizioni papali. Per ben 34 anni mantenne questo incarico, alternando soggiorni a Ferrara, Bologna, Firenze, Mantova, Rimini e appunto a Roma, dove approfondì lo studio diretto delle rovine antiche, testimonianze sparse della magnificenza della città imperiale e depositarie del linguaggio della classicità.

 

Alberti fu scrittore prolifico, di materie svariate che corrispondevano ai suoi diversi interessi. Tra il 1433 e il 1441 scrisse una delle sue opere più note, i quattro Libri della Famiglia, un trattato scritto in volgare che oggi definiremmo socio-pedagogico, in cui attorno a temi eterni come matrimonio, famiglia, educazione dei figli, gestione del patrimonio, rapporti sociali, si confrontano due diverse visioni del mondo: la mentalità emergente, 'borghese' e moderna, che prende le distanze da quella legata al passato e alla tradizione.

 

Appassionato sostenitore del volgare, promosse a Firenze nel 1441 il Certame coronario, gara letteraria dedicata al tema dell'amicizia, con lo scopo dichiarato di sottolineare l'importanza e la ricchezza di quell'idioma che ormai tutti parlavano, ma che, 200 anni dopo Dante e 100 dopo Boccaccio, stentava ad affermarsi come lingua ufficiale.

 

Il ritorno a Firenze dall'esilio tra il 1428 e il 1432 fu per Alberti occasione per avvicinarsi all'opera dei grandi novatori Brunelleschi, Donatello, Masaccio. E nel 1436 dedicò proprio a Brunelleschi il De Pictura (da lui stesso tradotto in volgare col titolo Della pittura), trattato destinato a definire le regole delle arti figurative: il metodo prospettico secondo saldi principi geometrici, la teoria delle proporzioni fondata sull'anatomia, la teoria della luce e dei raggi visivi in rapporto ai colori, la composizione armoniosa delle 'storie'. Il trattato albertiano fu assorbito da molti artisti a lui vicini come Donatello, Filippo Lippi, Beato Angelico, Ghiberti, Luca Della Robbia e probabilmente letto dai più giovani come Botticelli, Filippino, Michelangelo, Leonardo, Raffaello, tanto da dirigere un nuovo corso per le arti figurative del secondo Quattrocento, fino al pieno Rinascimento cinquecentesco.

 

Questa attività teorica si arricchì negli anni successivi con il De Statua e il De Re Aedificatoria, due fondamentali trattati di architettura e scultura in cui Alberti raccomanda in particolare lo studio delle proporzioni. La bellezza, ricorda del resto nel De Re Aedificatoria, è un'armonia esprimibile matematicamente proprio grazie alla scienza dei rapporti tra le forme, concetto sul quale insiste basandosi sulla misurazione dei monumenti antichi.

 

Confronto con il mondo classico non per imitare ma per emulare (Aemulatio, sed non Imitatio), legame indissolubile tra Ratio e Ars, tra teoria e pratica, tra capacità intellettuale di formulare progetti architettonici e attitudine costruttiva, in altri termini tra Ragione e Bellezza.

 

Come massima espressione di questa controllata creatività Alberti praticò la professione di architetto, che riteneva la più alta possibile per l'uomo, più filosofica della filosofia stessa.

 

Fu così che in poco più di vent'anni, dal 1450 alla morte, nacquero progetti di opere straordinarie. A Firenze, l'impronta albertiana si riconosce in particolare nel palazzo Rucellai, modello di dimora signorile urbana, nel tempietto del Santo Sepolcro nella chiesa di San Pancrazio, nel completamento della facciata di Santa Maria Novella, nella Tribuna della Santissima Annunziata. E sorprenderà se si sente il bisogno perfino di ripensare all'autore di Palazzo Pitti, nel suo nucleo quattrocentesco, alla luce dell'esperienza teorica e pratica di Alberti. Il suo raggio d'azione si allarga nel contado con l'abside della Pieve di San Martino a Gangalandi e le ville medicee di Fiesole e Poggio a Caiano, quest'ultima edificata probabilmente su suo progetto. Altre significative opere albertiane in Italia sono il Tempio Malatestiano a Rimini e a Mantova le chiese di San Sebastiano e Sant'Andrea.

 

Alberti morì a Roma il 25 aprile 1472. Pochi anni dopo (1485) Lorenzo de Medici diede inizio alla fortuna del suo trattato più importante, facendo stampare il De Re Aedificatoria (fin lì replicato per via amanuense) con la prestigiosa cura editoriale di Agnolo Poliziano, realizzando così un progetto auspicato dallo stesso Leon Battista.