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Acre vai adotar modelo italiano de cooperativo social

“O cooperativismo social surgiu da equação solidariedade, busca por uma melhor qualidade de vida, com justiça social e novas respostas para a organização social. O Estado não tinha como responder a todos os problemas sociais e o mercado não absorvia a mão-de-obra vinda de sistemas prisionais ou casas de saúde”, destacou o presidente do Consórcio de Cooperativas Sociais (SIR), da região de Lombardia, Umberto Zandrin, ao participar, na última semana, de Seminário sobre o tema, no auditório do Sebrae, em Rio Branco, capital do Acre.

O cooperativismo social nasceu na Itália a partir de uma lacuna deixada pelo poder público, que passou a não ter capacidade de atender todas as demandas sociais, frisou Zandrin, acentuando ainda que as cooperativas sociais trabalham principalmente com detentos e pacientes de casas de saúde mental.

Segundo o articulador político do Governo do Estado, Sibá Machado, os italianos se destacam nesse  modelo de cooperativismo, que trabalha com pessoas que a sociedade e a família não aceitam mais. “São detentos de alta periculosidade e pacientes com problemas mentais que estão abrigados em casas de saúde. O Governo do Estado deve iniciar no próximo ano esta experiência aqui no Acre, pois este modelo tem dado certo na Itália. As pessoas atendidas são tratadas, curadas e treinadas com habilidades profissionais de alta qualidade”, comentou. Na Itália, em cada 100 pessoas do sistema prisional atendidas pelas cooperativas, apenas duas retornam para o crime.

Segundo a presidente do Instituto de Administração Penitenciária, Iapen, Laura Okamura, o novo modelo de cooperativismo é uma boa iniciativa e será testada no Acre. “Muitas pessoas acabam se envolvendo com a criminalidade dada a dificuldade em conseguir um emprego e a relativa facilidade em ganhar dinheiro com atividades ilícitas, como se tornar “aviãozinho” do tráfico de drogas. A idéia é desenvolver habilidades profissionais e conhecimentos para o trabalho para que os detentos comecem a produzir ainda dentro do sistema prisional, gerando renda para a família e contribuindo com a sustentabilidade do sistema”, disse.

Senador Renato Casagrande

Facilitar a organização em cooperativas, reduzir a burocracia e estabelecer normas de funcionamento para os diversos segmentos que podem se associar no formato do cooperativismo. Estas são as principais mudanças que o projeto da Lei Geral do Cooperativismo, assinado pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES), propõe ao Congresso Nacional e colocou  em debate durante o Seminário Cooperativismo Social.

“O cooperativismo é importante para o Acre e para todo o Brasil, por ser um instrumento que os pequenos empreendedores têm para racionalizar a comercialização de seus produtos, buscar novas tecnologias e se manter no mercado. O cooperativismo induz à solidariedade e ao empoderamento da sociedade”, ressaltou o senador.
O Brasil já tem uma lei do cooperativismo, mas ela foi elaborada em 1967. A nova lei pretende organizar as cooperativas e alterar o número mínimo de participantes para criar uma coopearativa, que hoje é de 20 componentes. A meta é reduzir para 12 ou no máximo 15, e aumentar o número de entidades representativas do sistema.

“Queremos dotar a Lei Geral das Cooperativas de todos os mecanismos possíveis para facilitar a organização de pessoas em cooperativas, inclusive para incentivar a economia solidária. Hoje temos uma realidade nova, vários segmentos adotando o sistema, e precisamos de uma lei que acompanhe essas mudanças”, destacou o senador.
A primeira grande vantagem do sistema de cooperativismo é permitir a junção de pequenos produtores ou prestadores de serviço. “Isso é importante porque, num mundo globalizado, é preciso ter uma determinada escala para competir, para ser competitivo na compra e venda de produtos e serviços, algo que, sozinhos, pequenos artesãos, por exemplo, não conseguiriam.”