
300 dias de injustiça: A prisão de Alberto Trentini na Venezuela
Eleito na América do Sul, Fabio Porta (PD) defende uma missão política imediata e decisiva do Governo e do Parlamento italianos.
Às vésperas de completarem-se os 300 dias da prisão ilegal do italiano Alberto Trentini, pela ditadura de Nicolas Maduro, autoridade do governo venezuelano falou sobre o agente humanitário em entrevista à CNN, publicada na última quarta-feira (10/09), no canal Youtube (33:17) do Ministério de Relações Exteriores da Venezuela.
A Detenção Arbitrária de Alberto Trentini
Alberto Trentino trabalhou durante anos em contextos desafiadores: Equador, Etiópia, Paraguai, Nepal, Grécia, Peru, Líbano e Colômbia. Chegou à Venezuela em 17 de outubro de 2024 como chefe de missão da organização Humanidade e Inclusão, com o objetivo de prestar assistência a pessoas com deficiência nas áreas mais remotas do país. Em 15 de novembro, enquanto se dirigia para Guasdualito, no sudoeste da Venezuela, foi parado em um posto de controle junto com o motorista da ONG. A partir daquele momento, seu calvário começou. As autoridades venezuelanas o prenderam sem fornecer uma explicação oficial. Segundo fontes não confirmadas, ele é acusado de conspiração e terrorismo, mas nenhuma acusação formal foi apresentada.
Governo venezuelano rompe o silêncio
A autoridade do governo venezuelano falou, pela primeira vez, sobre o agente humanitário, em entrevista à CNN, publicada no canal Youtube do Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, na última quarta-feira (10/09).
"Estou ciente do caso", mas "seus direitos não estão sendo violados": "ele tem advogado" e "há um julgamento", que "continuará". Cinco minutos antes do final da entrevista inédita concedida ao correspondente da CNN Stefano Pozzebon em Caracas, o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, quebra o silêncio sobre o caso de Alberto Trentini, representado pela advogada Alessandra Ballerini, que amanhã cumprirá trezentos dias de prisão em El Rodeo I, sem acusações e com incomunicabilidade quase total, pontuada apenas por duas ligações para sua família. "Aqui recebemos todas as solicitações e estamos à disposição para verificar cada caso individualmente", respondeu Gil, questionado pelo correspondente sobre as condições de detenção do trabalhador humanitário, detido desde 15 de outubro na cidade de Guasdualito, e a impossibilidade de abrir uma visita consular, apesar das tentativas da missão diplomática italiana em Caracas. A entrevista de 40 minutos ocorreu na sede do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, na Avenida Urdaneta, e a versão completa foi publicada no canal do YouTube do Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores. Gil aborda a teoria da "conspiração" para justificar a detenção de estrangeiros no país sul-americano, menciona outras pessoas encarceradas por crimes comuns.
A atuação do deputado Fabio Porta
Eleito pelo Partido Democrático na América do Sul, o deputado Fabio Porta sempre esteve entre os mais comprometidos com as questões venezuelanas. "Não nos esqueçamos dos nossos presos na Venezuela", insiste.
Em recente editorial publicado na "Gazzetta diplomatica" de 28 de agosto de 2025, sobre a crise venezuelana e a condição dos compatriotas detidos, Fabio Porta frisou o fato de ainda hoje, mais de 130 mil cidadãos italianos estarem registrados no AIRE no país, embora esse número possa ultrapassar 1,5 milhão. “Essa rede profundamente enraizada está hoje entre as mais vulneráveis. A crise venezuelana impactou severamente famílias que, por décadas, encontraram estabilidade. Soma-se a isso o nível alarmante de detenções arbitrárias: os dados oscilam entre 11 e 22 italianos ainda atrás das grades, sem acusações claras ou julgamentos transparentes", alerta o parlamentar.
Segundo Fabio Porta, o caso de Alberto Trentini, detido por um longo período sem acusações credíveis, é apenas a ponta do iceberg. “Muitos outros italianos permanecem invisíveis tanto para a mídia internacional quanto, com muita frequência, para os interesses institucionais de Roma. A Itália tentou tomar algumas medidas. A nomeação do embaixador Luigi Maria Vignali como enviado especial para os italianos na Venezuela é um passo na direção certa. Mas a rejeição que ele sofreu em Caracas, em agosto, é uma prova clara: Roma não pode resolver o problema com gestos simbólicos ou missões improvisadas. Uma estratégia multilateral é necessária” afirma.
Conforme defende Fabio Porta, deve ocorrer a proteção imediata dos italianos detidos, por meio de negociações diretas, talvez envolvendo a Santa Sé, que mantém uma posição privilegiada na Venezuela. “O Parlamento e o Governo italianos têm hoje a responsabilidade histórica de trazer os cidadãos detidos de volta para casa e garantir proteção real à comunidade italiana na Venezuela. Não se trata apenas de solidariedade ou retórica: é um dever constitucional, moral e político. Cada dia que Alberto Trentini e os demais permanecem presos representa uma derrota para os direitos e a democracia. Não podemos tolerar que as vidas de nossos concidadãos sejam reféns da repressão e do silêncio diplomático. Não há mais tempo: precisamos de uma missão política imediata e decisiva” – finalizou Fabio Porta.
Notícias Relacionadas
-
Porta (PD) critica lei que altera serviços aos italianos no exterior
15 Oct 2025 -
Amazônia. A Última Fronteira
13 Oct 2025 -
Porta (PD): O Prêmio Nobel concedido a Corina Machado
10 Oct 2025 -
Fabio Porta: Carteira de Identidade Eletrônica (CIE) para italianos no exterior
07 Oct 2025 -
Itália-Chile: Porta, ‘Recordar Bernardo Leighton é exercício de democracia’
06 Oct 2025