Festival de San Remo: 57 anos resistindo aos modismos
Ao longo dos últimos 57 anos foram muitos os ritmos musicais que surgiram, fizeram sucesso, venderam bastante, e desapareceram. As tendências da música popular internacional variaram conforme os interesses da indústria cultural. E no entanto, apesar de ser um formato considerado ultrapassado pelos marqueteiros, o Festival de San Remo, possivelmente o mais antigo do mundo, insiste, persiste e, nesta semana, com solenidade e pompa, iniciou a sua 57ª edição.
Praticamente ignorado no país do pagode, o Festival de San Remo só existiu para os brasileiros em 1968, quando o cantor Roberto Carlos, interpretando uma música do compositor italiano Sergio Endrigo, foi o vencedor.
Mas, para a Itália e para a Europa, o evento ainda é importante e mobiliza os fãs dos artistas italianos, que extravasam seus timbres românticos-roucos-apaixados no teatro Ariston na cidade de San Remo, na região de Ligúria, ao norte da Itália, quase na fronteira com a França. A cidade, banhada pelo mar de Ligure, consolidou-se como um dos lugares preferidos da elite italiana e também de outras nacionalidades. Cassinos, campos de golfe, uma vida noturna intensa, barcos imponentes. E flores, muitas flores.
Na verdade, entre outras características peculiares, o Festival de San Remo é um evento que o apresentador, nomeado diretor artístico da festa, tem tanta ou mais importância que os próprios interpretes. Neste ano, a batuta do espetáculo, que vai até o próximo dia três, estará a cargo de Pippo Baudo, para quem as canções dessa edição preencherão diferentes gostos, de diferentes faixas etárias e de todas as culturas. Todos terão uma canção para colocar no seu portfólio particular de sentimentos. Saiba mais sobre os concorrentes em
http://www.festivalsanremo.com/
Floricultor
Foi um floricultor, Amilcare Rambaldi, com forte inclinação para as coisas da política, que, em 1946, depois dos horrores e tragédias da II Guerra, teve uma idéia para reativar a movimentação da cidade: a realização de um festival anual de músicas. Amilcare tinha a proposta, mas não possuía recursos para levar adiante a iniciativa. Precisava de apoio. Recorreu às autoridades, aos mais poderosos da cidade, porém seus esforços foram em vão. Talvez fruto do rescaldo da guerra, todos acharam que seria muito difícil e o sonho de Amilcare foi engavetado.
Cinco anos depois, Píer Busseti, diretor do Cassino Di San Remo, reativa o projeto e, graças à colaboração do maestro Giulio Razzi, da Raí, nasce o Festival da canção italiana de San Remo. Realizado sem interrupção desde então, mesmo antes da chegada da televisão na Itália, o que ocorreu em 1955, o Festival de San Remo tornou-se um dos mais importantes do mundo e o principal da Europa. Levado tão a sério pelos italianos que um competidor, ao não ver sua música classificada, se suicidou.
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