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Loyola de Palacio muito criticada por desejar morte de Fidel

As declarações da vice-presidente da Comissão Européia prestes a deixar o mandato, Loyola de Palacio, que apontaram a morte do presidente Fidel Castro como a única forma de acontecer uma mudança política em Cuba, provocaram uma avalanche de críticas na Espanha.

A vice-presidente fez essas declarações justamente no momento em que o governo de José Luis Rodríguez Zapatero tenta uma aproximação com o resto da Europa e Cuba.

O ministro das Relações Exteriores, Miguel Angel Moratinos, afirmou que, independentemente das opiniões sobre a situação em Cuba, é preciso deixar que todos "tenham saúde e vivam o tempo que devem viver".

Segundo Moratinos, as declarações da espanhola, "única responsável por suas palavras", não influenciarão a estratégia do governo, que procura desbloquear o diálogo da UE com as autoridades cubanas. Ele ainda confirmou que o poder executivo de seu país trabalha para intensificar a democracia em Cuba.

Ao convidar dissidentes cubanos para as festas nacionais, a UE provocou uma paralisação das relações com o governo de Castro, iniciado com a detenção de 75 dissidentes e o fuzilamento de outras três pessoas condenadas em 2003. Entretanto, essa posição está vinculada principalmente à linha dura adotada pelo governo espanhol de José María Aznar, eleito em 1996.

O dirigente da Esquerda Unida (IU), Gaspar Llamazares, afirmou que, com suas declarações, Palacio "voltou a suas origens de dirigente da Força Nova", formação política de extrema direita.

Segundo ele, as palavras da vice-presidente da Comissão Européia são um sinal de nervosismo do Partido Popular, ao qual ela pertence, após os esforços do governo socialista para "uma política de diálogo" com Cuba.

O secretário-geral do PP, Mariano Rajoy, saiu em defesa de Palacio, ao dizer que, do seu ponto de vista, ela não falava na morte física de Castro, mas política.

Indiretamente, a oposição cubana na Espanha também apoiou Palacio, ao declarar: "Enquanto Castro viver, nenhuma mudança política importante será possível em Cuba".

Em Bruxelas, enquanto Loyola de Palacio tentou diminuir sua responsabilidade na frase "Todos esperamos que Castro morra o mais cedo possível", ao afirmar por meio de um porta-voz: "A frase foi completamente tirada do contexto informal do café da manhã que manteve ontem com um grupo de jornalistas espanhóis".

Segundo o porta-voz, a dirigente "não deseja o mal ou a morte de ninguém".