Powell se despede da Otan reafirmando compromisso com a Europa
Os ministros de Assuntos Exteriores da Otan se reuniram nesta quinta-feira, em Bruxelas, num Conselho Atlântico no qual o secretário de Estado americano, Colin Powell, reafirmou o compromisso dos Estados Unidos com as relações transatlânticas.
Powell se despediu de seus colegas dos países aliados com o anúncio de que no próximo dia 22 de fevereiro o presidente dos EUA, George W. Bush, realizará uma visita a Bruxelas como prova de seu "compromisso com as relações transatlânticas e especialmente com o pilar da Otan dessa relação".
Em entrevista coletiva, o chefe da diplomacia americana, que participou hoje de seu último Conselho Atlântico, declarou-se "otimista quanto ao futuro da Aliança". Ele ressaltou ainda os progressos registrados desde a cúpula de Istambul, em junho, e a adoção hoje de medidas como o envio de novos instrutores ao Iraque.
Os ministros aliados deram o sinal verde para a segunda fase da missão que a Otan se comprometeu a realizar no Iraque para treinar as forças de segurança desse país.
O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, destacou "o bom ambiente da reunião", realizada "sobre a base de um forte consenso transatlântico". Segundo ele, desde a cúpula de Istambul a Otan avança, após diferenças sobre a guerra do Iraque.
"A Aliança entrou numa nova era", disse Powell, que ressaltou que a Otan se "transformou para enfrentar ameaças em qualquer lugar do mundo e uniu suas forças contra o terrorismo global".
"Não podemos dormir nos triunfos", advertiu Powell. O secretário de Estado americano disse também que a comunidade transatlântica será tão forte quanto suas capacidades. "Nossas capacidades são nossa credibilidade".
O secretário de Estado lamentou a decisão de cinco países, Espanha, França, Alemanha, Bélgica e Grécia, de não liberar seus oficiais do comando integrado da Otan para a missão de treinamento no Iraque, mas disse respeitar sua soberania.
Como contrapartida, o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Angel Moratinos, confirmou que a Espanha está disposta a manter e ampliar sua presença no Afeganistão, apesar de ter dito que ainda não há nenhuma decisão concreta a respeito.
Vários países, entre eles França e Alemanha, também se comprometeram a oferecer maior apoio ao Afeganistão, onde a Otan quer expandir-se para o oeste e fortalecer sua presença devido às eleições de abril de 2005 no país, além de estudar o apoio à luta contra o narcotráfico após a votação.
Hoop Scheffer anunciou hoje o envio, "o mais rápido possível", de novos instrutores ao Iraque. Com isso, a Aliança terá um total de 300 homens em Bagdá, incluindo os 60 que desde agosto já preparam membros do Estado Maior iraquiano na zona verde de segurança.
A Academia militar iraquiana, nos arredores de Bagdá, onde deve acontecer a maior parte do treinamento, não estará em funcionamento até meados do ano que vem, já que continua o recrutamento dos 300 instrutores e da força de proteção necessária para garantir sua segurança.
Os ministros decidiram manter as forças atuais destacadas em Kosovo (KFOR), em um 2005 "difícil" quando serão revisados os padrões democráticos que a província sérvia, de maioria albanesa, deve cumprir para negociar seu estatuto e depois da nomeação de um primeiro-ministro acusado de crimes de guerra pelos sérvios.
Além do Conselho, a Otan e a Rússia aproximaram hoje suas posições sobre a Ucrânia, emitindo uma declaração conjunta na qual apoiaram "a independência, soberania, integridade territorial e democracia" desse país, depois das críticas entre Moscou e a comunidade internacional sobre a ingerência nas recentes eleições.
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