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Tozzi, o italiano que fundou a Capital Termal do Brasil

Pela quarta vez, o mês de junho encerrou com um sabor especial para moradores e visitantes do município de Águas de Lindóia, em São Paulo, conhecida como a Capital Termal do Brasil. É que novamente foi realizada a Festa Italiana (de 15 a 17), ocasião em que os descendentes de imigrantes mais uma vez comemoraram a cultura e as tradições com comidas típicas, vinho e muita música. E, desde o dia 23,  estão ocorrendo festividades alusivas ao aniversário de fundação da cidade, que culminará neste domingo (2), a data oficial. 

E todas essas comemorações estão, na verdade, intimamente ligadas à Itália. Afinal, um italiano nascido em Benevento, o médico formado em Nápoles Francisco Antonio Tozzi, é lembrado como o fundador do local.

Na verdade, o poder das águas termais de Águas de Lindóia já era conhecido no século XVIII, no início de 1700, quando a região era conhecida pelo nome de terra das "Águas Quentes", local por onde passavam bandeirantes e tropeiros em busca de descanso e relaxamento nas águas que "brotavam" do chão. As terras  passaram por muitos donos, posseiros. No entanto, foi o doutor Tozzi, no início do século XX, quem efetivamente deu forma ao que hoje é Águas de Lindóia.

O doutor Francisco Antonio Tozzi nasceu no dia 18 de junho de 1870, em Benevento, na Itália. Formou-se em medicina em Nápoles, e veio para o Brasil em 1901, por convite de um conterrâneo, que lhe relatou sobre as águas da região, juntamente com seu tio, o padre Henrique Tozzi.

Em 1901, já vivendo em Serra Negra - município a 20 km de Águas de Lindóia - ficou surpreso com a cura de um eczema na perna do seu tio-padre, então pároco em Lindoya, pelas águas que jorravam em um morro, próximo às Fazendas do Pelado. O local era chamado de "Águas Quentes", pois as águas nasciam, e nascem, onde se localiza hoje o Balneário, com temperatura superior à normal, com propriedades radioativas.
 
Ao saber que as terras estavam em leilão, adquiriu-as e, a partir daí, iniciou a grande epopéia da história da Estância Hidromineral conhecida no mundo todo pelo poder de cura de suas águas termais.

Em 1913, construiu seu pequeno consultório de pau-a-pique. E em 1914 sua família mudou-se para a pequena casa, e ele continuou trabalhando em tudo o que era necessário para a auto suficiência de uma estância de cura e repouso.

Em 1920, já havia um estudo científico sobre as águas radioativas, realizado pelo médico cientista Celestino Bourroul. Porém,  a fama das águas ultrapassou as fronteiras brasileiras quando, em 1928, o Dr. Tozzi recebeu a visita da renomada cientista polonesa, radicada na França, Madame Curie, Prêmio Nobel de Química, muito conhecida pelos seus trabalhos no campo da física radioativa, que, analisando e constatando o valor terapêutico das águas radioativas, torna-as conhecida na Europa, principalmente na França, pelo seu trabalho publicado. Passam a ser numerosas as pesquisas científicas, que são apresentadas em Congressos de Hidro-Climetologia em várias cidades brasileiras.

Em 1937, no auge da fama, aos 68 anos, morreu o grande batalhador Dr. Tozzi. Um ano depois, Termas de Lindóia conseguia a emancipação político-administrativa de Serra Negra, graças à ação do  político e médico Vicente Rizzo, genro do Dr. Tozzi.

Em 1946, o embaixador Macedo Soares, então governador do Estado, conhecendo a grande projeção dessa Estância, resolveu desapropriar as fontes e áreas de terra que as circundavam, evitando assim as grandes especulações que poderiam ocorrer.
 
Em 1954, começou a construção do novo balneário, terminando em 1959. Simultaneamente, novo plano urbanístico passou a tomar forma, com o surgimento de novas ruas asfaltadas, jardins e praças.

Hoje, Águas de Lindóia é conhecida como a Capital Termal do Brasil, com uma das maiores e melhores redes hoteleiras do País e é internacionalmente reconhecida pelas suas águas como grande potencial de cura, pela hidroterapia e pelo turismo aplicado ao repouso e lazer.