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Vinho e alho sem amparo do governo federal

Tudo indica que o pedido de criação de cotas como medida para regulamentar a entrada no Brasil de vinho e alho da Argentina não deve ser atendido pela União. Na terça-feira, a partir de reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo mostrou que não aceitará as imposições do país vizinho para proteção de seu próprio mercado, recusando o pedido de salvaguardas proposto pela Argentina. Não há mostras, porém, de sensibilização do governo aos apelos dos produtores da Serra quanto à adoção de ações que restrinjam a entrada de produtos estrangeiros.

Participaram do encontro representantes dos ministérios da Agricultura, da Fazenda, do Desenvolvimento, de Relações Exteriores e da Casa Civil. A equipe do governo Lula acredita que as barreiras comerciais desejadas pelos produtores da região contrariam a integração comercial em que se baseia o Mercosul.

- Como temos a economia mais forte, temos de tomar a iniciativa e ter mais flexibilidade para encontrar soluções - disse o presidente, na última sexta-feira, à Agência RBS.

- Eles querem rifar o setor. Se tiverem que prejudicar uma área em benefício de outras, eles o farão. Somos pequenos e geograficamente estamos concentrados no Rio Grande do Sul. Pela vontade do governo atual não haverá incentivo para o desenvolvimento da vitivinicultura. Ainda não temos um plano B - desabafa Carlos Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Em uma hipótese de quebra da cadeia produtora da uva e do vinho, Paviani lembra que serão 13 mil propriedades vitivinícolas e cerca de 16 mil famílias que estarão abandonadas no campo.

Já na questão do alho, a região congrega pelo menos 2 mil famílias - que justamente nessa época do ano estão tentando escoar a safra local.

- Entendo que estamos em uma economia aberta e globalizada, mas o governo tem de ver o lado social também. Não serão meia dúzia de litros de vinho e de quilos de alho que irão garantir a balança comercial brasileira, mas isso faz diferença para nós - argumenta Olir Schiavenin, presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Alho.