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Alunos da UNB barrados ao tentar visitar Cesare Battisti na cadeia

Cerca de 15 estudantes da UnB estiveram na Papuda para conversar com o ex-ativista italiano. Diretor do presídio negou visita

Um grupo de 15 estudantes da Universidade de Brasília esteve hoje no presídio da Papuda para visitar o ex-ativista político e escritor italiano Cesare Battisti. Battisti está preso desde março de 2007 em Brasília. Ele foi condenado à prisão perpétua na Itália por ter assassinado quatro pessoas entre 1978 e 1979 quando militava em grupos esquerdistas. A ideia dos alunos era prestar solidariedade ao refugiado que terá seu processo de extradição julgado em novembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Com os carros estacionados em frente à penitenciária, debaixo de chuva, eles aguardaram por mais de duas horas autorização do secretário de Segurança Pública do DF, Valmir Lemos, para conversar com Battisti. “Ele é um grande bode expiatório da política de Berlusconi de caça às bruxas. Foi delatado por pessoas que estavam sob tortura”, defende o antrópologo Paique Lima, ex-aluno da UnB que integra o Comitê de Solidariedade a Cesare Battisti. Os estudantes que não puderam ir à visita mandaram recados de solidariedade. "Vai lá e dá uma força pro cara. Ele está precisando", ouviu Renan Saraiva, integrante do grupo revolucionário Crítica Radical. Ele veio de Fortaleza e esteve com Battisti na semana passada.

Paique visita regularmente Battisti na cadeia. Segundo o estudante, Battisti mencionou que está muito abalado e não sente vontade de comer. Renan Saraiva propôs aos estudantes da UnB que fosse feito um acampamento na Praça dos Três Poderes e uma greve de fome dos militantes. “A extradição de Battisti seria uma mancha para o governo Lula. Precisamos firmar a posição política do movimento que é amplo e deve pressionar o STF”, disse.

Ele sugeriu que o grupo em defesa de Battisti interceda junto a senadores e ao recém-empossado ministro do STF José Antonio Dias Toffoli para que ele se manifeste sobre o caso. O próprio ministro Toffoli disse a Renan que não iria participar do julgamento, porque o regimento interno do STF não permite que ele vote no processo, já que não ter participado da primeira sessão do julgamento em 9 de setembro último. A votação foi suspensa por um pedido de vista do ministro Marco Aurélio Mello. O placar era de 4 votos favoráveis à extradição contra 3 contrários. 

Em janeiro último, o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu a Battisti o status de refugiado político. No entanto, o governo italiano recorreu à decisão e entrou com mandado de segurança no STF para que o processo fosse julgado pelo Judiciário. Ainda não há previsão da data do julgamento. O STF informou, por meio da assessoria, que a sessão deve ocorrer até o fim de novembro, mas não na primeira semana do mês como acreditavam os alunos.

A deputada distrital Érika Kokai (PT) informou que a visita foi barrada pelo secretário de Segurança Pública do DF, Valmir Lemos, por motivos de segurança, tendo em vista que quarta e quinta-feira são dias de visita e que deixam a penitenciária muito movimentada. Segundo a assessoria da deputada, existe a possibilidade da visita ser reagendada para sexta-feira, mas com um grupo menor, de apenas cinco pessoas. Ainda não há confirmação sobre a autorização do pedido.