Apenas 130 anos
"Há males que vêm para o bem, diz o ditado popular. Quando olhamos para as dificuldades vividas pelas províncias italianas na segunda metade do século XIX, nosso coração se constrange diante das tristes razões que desencadearam o processo da imigração, que arrastou para cá muitos de nossos antepassados, e os antepassados de muitos de nós.
Foi uma sucessão de desastres sociais e econômicos. O rápido crescimento da população da Europa como um todo; a supressão das alfândegas regionais; o impacto da industrialização sobre o artesanato; o imposto sobre a farinha; os equívocos das políticas de importação. Tudo isso, junto, produziu um rápido empobrecimento, fome, subnutrição e proliferação de enfermidades. O porto era a saída. E eles saíram.
No entanto, quando estendemos os olhos por sobre as dificuldades que comandaram a triste decisão e, decorridos 130 anos, observamos a obra da colonização italiana entre nós, resulta impossível não fazer duas coisas: louvar a coragem de nossos avós e aplaudir a inestimável realização posterior.
Produziu-e, aqui, uma síntese, uma convergência, uma recíproca absorção, um fenômeno que se constituiu em objeto de incontáveis estudos no campo da cultura e da sociologia. Impossível não mencionar que as dificuldades vividas no velho continente não foram substituídas por facilidades locais. Bem ao contrário, os relatos das desilusões, dos problemas, da falta de escrúpulos que caracterizou a ação de muitos agentes da imigração, enchem páginas e páginas de nossa história.
No entanto, há males que vêm para o bem. A ação do homem sobre o ambiente natural, a cultura do trabalho, (Il lavoro!), a vida de família, o respeito a elevados valores sociais, morais e religiosos, haveriam de produzir preciosos frutos na nova terra. Ela era inóspita, mas generosa. E assim podemos, hoje, contemplar uma grande obra econômica, cultural, religiosa, social e política. É muito visível, para quem percorre várias regiões de colonização no Estado, a importância econômica da imigração, na agricultura, na indústria e nos serviços."
Germano Rigotto, governador do Estado do Rio Grande do Sul
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