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BRS Violeta, a uva brasileira

Altos níveis de concentração de açúcares e de cor e, igualmente, uma alta produtividade, além da precocidade, aspecto potencializador da estrutura produtiva da indústria vinícola. São estes os atributos principais da cultivar de uva BRS Violeta, lançada na última sexta-feira (17), na abertura da XXVI Festa Nacional da Uva, em Caxias do Sul.

Uma cultivar híbrida, a BRS Violeta tem como proposta ser uma alternativa para a qualificação da produção nacional de suco e vinho de mesa, assinala a pesquisadora Patrícia Ritschel, da Embrapa Uva e Vinho. “As uvas mais usadas para tais finalidades apresentam carência ou quanto à carga tintureira (como a Isabel) ou com relação ao teor de açúcar (como as variedades Bordô e Concord). A BRS Violeta foi desenvolvida pensando justamente na obtenção de um alto nível de açúcares – no caso, de 19º a 21º Brix, sob condições normais de cultivo – e de elevada coloração – expressa por uma tonalidade violácea intensa do suco”, observa.

Contudo, o objetivo da novidade “não é substituir totalmente as variedades tradicionais, apesar das limitações que elas possam apresentar em função de uma safra em anos mais chuvosos, mas sim oferecer uma opção para uso em cortes na obtenção de um produto final melhor”, ressalva o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann. Neste sentido, observa ele, a “importante contribuição pela qualificação da vitivinicultura brasileira” representada pelo lançamento da cultivar BRS Violeta contempla segmento – as indústrias de suco e de vinho de mesa – ao qual se destina 85% da produção de uvas no país.

A precocidade (ou seja, a colheita na última semana de janeiro, conforme os experimentos conduzidos em Bento Gonçalves, sede da instituição de pesquisa) é outro dos diferenciais da nova cultivar. “A idéia é oferecer opções para que principalmente a indústria de sucos, que concentra suas atividades em dois meses, possa estar ampliando seu período de trabalho”, assinala Patrícia.

Por fim, a BRS Violeta destaca-se por sua alta produtividade (de 25 a 30 toneladas por hectare, sob condições normais de cultivo), pelo bom comportamento em relação a doenças fúngicas e às podridões do cacho e pela sua boa adaptação a regiões de clima quente (o que não ocorre com a Bordô e a Concord, por exemplo), como nos Estados de São Paulo e Mato Grosso. Neste sentido, testes de validação foram promovidos na Estação Experimental de Viticultura Tropical (EEVT) da Embrapa Uva e Vinho, em Jales (SP), e em Nova Mutum (MT).

Material propagativo da nova cultivar estará a disposição a partir de abril, a R$ 2,20 a gema, devendo ser a aquisição em quantidade mínima de cem gemas – ou R$ 220,00. Para encomenda, interessados devem entrar em contato com a Embrapa Transferência de Tecnologia/Escritório de Negócios de Campinas, pelo fone/fax: (0xx19) 3232.1955/1707, pelo e-mail sac@campinas.snt.embrapa.br ou cadastrar-se diretamente no site www.campinas.snt.embrapa.br.

A gênese

Os trabalhos que culminaram na BRS Violeta foram iniciados em 1999, a partir do cruzamento entre as variedades BRS Rúbea (uma Vitis labrusca) e IAC 1398-21 (um híbrido complexo, que apresenta castas Vitis viniferas e labruscas em sua genealogia). Em março de 2001, as plantas obtidas através da cruza foram enxertadas na área experimental da EEVT. A primeira produção deu-se em setembro de 2002. Em 2003, a cultivar foi colocada em área de validação no município de Nova Mutum, onde confirmou a capacidade produtiva e a qualidade da uva, em três colheitas: uma em 2004 e duas em 2005. Sob condições de clima temperado, a variedade foi avaliada nas áreas experimentais da Embrapa Uva e Vinho em Bento Gonçalves, a partir de 2003.

Segundo a pesquisadora Patrícia Ritschel, o período de sete anos desde o início do projeto até o lançamento “pode ser considerado curto, quando se fala em melhoramento da uva”. “E isto só foi possível porque o processo pôde ser bastante acelerado em função de ter sido conduzido em uma estação experimental (a de Jales, no Noroeste de São Paulo) em que o clima quente da região permite a realização de duas safras anuais”, explica, assinalando que a equipe de trabalho foi coordenada pelos pesquisadores Umberto Almeida Camargo, João Dimas Garcia Maia e Jair Costa Nachtigal.

Ela observa que a Embrapa Uva e Vinho já lançou, para a elaboração de sucos e vinhos de mesa, as cultivares BRS Rúbea, BRS Cora, Isabel Precoce e Concord – Clone 30, entre outras.

Perfil completo sobre a BRS Violeta consta de Comunicado Técnico a ser disponibilizado a partir do lançamento, no estande na Festa da Uva ou através do telefone (0xx54) 3455.8084, junto à Área de Comunicação e Negócios (ACN) da Embrapa Uva e Vinho.