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Em Nova Prata, terra de imigrantes, o Julgamento dos Anjos

E se o mundo acabasse agora? E se acontecimentos da atualidade, tais como guerra, fome, epidemias e desastres naturais fossem os tão temidos sinais de que o Juízo Final está próximo? Como o ser humano prestaria suas contas perante o Senhor?

O tema do Festival Internacional de Folclore de Nova Prata – 9ª Edição – O Julgamento dos Anjos – é uma alegoria simbolizando a “última batalha entre o Bem e o Mal”, momento em que o Homem será julgado pela História e por sua conduta, tanto individual quanto coletivamente. A partir da lenda de Lúcifer, o poderoso Anjo castigado por rebelar-se contra o Criador, surge um questionamento sobre a bondade e a maldade humanas e seu papel no mundo – as agressões à natureza, os conflitos de toda espécie, os problemas sociais, o uso do nome de Deus como causa de guerras ou de arrecadação de riquezas.

O Julgamento dos Anjos acontece de 4 a 13 de agosto em Nova Prata, quando o Festival Internacional de Folclore reúne 1,5 mil artistas de nove países para celebrar a união dos povos em suas diferentes culturas para mais de 60 mil pessoas.

Nova Prata

Situada na Microregião Colonial do Alto Taquari, localizado na Encosta Superior do Nordeste, distante 186 km da capital de Porto Alegre, numa altitude de 820m, Nova Prata conserva suas características mais autênticas: as propriedades coloniais, o linguajar e os costumes herdados da imigração italiana principalmente, polonesa, alemã, portuguesa e outras em menor número.

Com uma população estimada de 18.344 habitantes em 2000, desde cedo a atividade agrícola se aliou ao extrativismo vegetal, consubstanciado na exploração de ervais e madeira, sendo que esta última tornou-se a principal atividade da região até a década de 60 aproximadamente. Hoje, seu relevo estrutural fortemente dissecado, com as grandes jazidas de basalto da formação da Serra Geral caracterizam a área. O município de Nova Prata possui administrativamente a sede e um distrito: Rio Branco.

Primeiros Habitantes da região

A região territorial de Nova Prata era habitada por tribos de índios  Coroados que, só por volta de 1850, mantiveram o primeiro contato com os brancos, descendentes de espanhóis e, com eles, passaram a negociar exclusivamente por meio de escambo. Como não poderia deixar de ser, ocorreram alguns desentendimento e rusgas, nos quais perderam a vida vários índios e espanhóis.

Mais tarde, Silvério Antônio de Araújo, entrando em entendimento com os nativos, traçou a estrada que deveria dar acesso a Porto Alegre. O governo da Província do Rio Grande do Sul, informado disso, deu a Silvério Antônio de Araújo o direito de escolher terras e o mesmo não se fez de rogado, tornou-se proprietário de quase toda a área da atual sede de Nova Prata.

Em 1865, os índios Coroados venderam as suas terras a Fidel Diogo Filho, que as adquiriu por meio da simples troca por objetos de pouco valor econômico.Os Diogos tomaram conta das terras e iniciaram a construção de  algumas casas. Decorrido algum tempo, os nativos entraram em luta com os Diogos e os mataram. Em seguida, fugiram em direção ao Rio Carreiro, afluente do Rio das Antas. Atualmente, os descendentes dos Coroados acham-se nas reservas indígenas de Cacique Doble e Nonoai.

A Colonização

Por volta de 1865, apareceram os primeiros colonizadores de origem portuguesa: Joaquim Ribeiro e Manuel Joaquim da Silva, que construíram as suas casas e, com isso, formou-se um pequeno lugarejo, mas sem comércio. Logo em seguida, apareceram os Martins, os Moreiras e os Telles.

Em 1876, uma comissão de engenheiros chegou com a finalidade de traçar a estrada de Montenegro a Lagoa Vermelha, marco do início da imigração italiana, constituindo-se a descendência, hoje,  na maioria da população.

A vida dos primeiros colonos foi árdua, com as mesmas dificuldades encontradas em outras regiões onde se instalaram.  O milho foi o primeiro produto a ser cultivado, que, após ser triturado por monjolos. era transformado na gostosa e tradicional "polenta".

Depois foi a vez dos  poloneses, que  chegaram  por volta de 1895, oriundos das escarpas do Vale do Rio das Antas e muitos deles vindos diretamente da Polônia, não para trabalhar na lavoura, mas para serem empregados como tecelões na fábrica de tecidos de lã que se instalou no local. Todavia, devido à completa carência de meios de transporte e à distância grandes centros, o empreendimento não teve êxito.

As máquinas foram vendidas para o Lanifício São Pedro, em Galópolis, distrito de Caxias do Sul. Os poloneses  adquiriram pequenas glebas de terra, na Linha Sexta, distante seis quilômetros da sede do Município, e se  transformaram em exímios agricultores e ótimos na extração do basalto.

A emancipação política ocorreu em 11 de agosto de 1924. O nome Prata  foi dado devido a existência do rio que atravessa o Município, o Rio da Prata.  Contudo, como já havia no Estado de Minas Gerais o Município de "Prata", o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, resolveu denominar o município de "Nova Prata".