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Livro CD resgata obra de cantora barroca italiana

A Algol Editora e Edusp lançam o CD Livro Safo Novella – Uma Poética do Abandono nos Lamentos de Barbara Strozzi, Veneza, 1619-1677. O CD livro traz gravações de canções originais da compositora e cantora barroca italiana Barbara Strozzi. A obra é em parceria com a Fapesp.

O livro analisa a vida e a produção da compositora e cantora barroca Barbara Strozzi, tendo como pano de fundo as convenções musicais, poéticas e de gênero na Itália do século XVII. O texto traz análises das composições de Strozzi, um perfil das mulheres da Veneza da época e reproduz textos originais e traduzidos, além de recuperar seis partituras da compositora.

O CD, com gravações de canções de Barbara Strozzi, teve direção musical da própria autora, Silvana Scarinci, e de Alexandre D’Antonio. Gravado no Auditório do Instituto de Artes da Unicamp, contou com a participação dos músicos Marília Vargas (soprano), Luis Otávio Santos e André Cavazotti (violinos barrocos),  Sérgio Álvares (viola da gamba) e Silvana Scarinci (teorba).

- Queria ser capaz, ao final de minha pesquisa, de realmente compreender não somente a música de Strozzi, mas também a mulher que viveu há alguns séculos o drama de alçar-se como cantora e compositora num universo muito pouco acolhedor para uma voz feminina tão assertiva - escreve Silvana Scarinci. “Queria compreender como ela realizara tanto em situação tão inóspita; uma mulher que não se enquadrava em nenhum dos papéis convencionais destinados a uma mulher de sua época: nem virgem, nem esposa, nem viúva. Seu nome ou lugar na sociedade não lhe era dado, como era o padrão da época, por homem algum, senão o próprio pai – e ainda assim, tornando-se mãe de quatro filhos, foi autora de uma obra considerável: oito volumes de Cantatas publicados durante sua vida”, continua.

Trecho da obra: “Filha ilegítima de Giulio Strozzi – por sua vez filho ilegítimo de uma importante família florentina – Barbara Strozzi não receberia um dote, talvez por sua condição de ilegitimidade, ou talvez pelas convicções libertinas de seu pai, membro da Academia veneziana onde mais ferozmente se discutiam questões relativas à mulher. O valor dos dotes, subin­do consideravelmente no final da Renascença, era indicador de status social, e servia de base para o sucesso econômico da nova família. O casamento era a única posição social plenamente aceita para uma mulher”, escreve Scarinci. “Sua fama como cantora virtuose foi reconhecida por diversos litterati, assim como por músicos de renome. As primeiras evidências da carreira de Barbara como cantora datam da publicação dos Opus 1 e 2 de Nicolò Fontei, duas coletâneas de cantatas dedicadas à virtuosissima cantatrice (Rosand, 1972) quando esta tinha apenas dezoito anos,” completa. “Barbara Strozzi permaneceria circunscrita no espaço semi-doméstico da academia criada por seu pai. Continuam misteriosas as razões pelas quais ela não teria encontrado acesso ao mundo verdadeiramente público da grande novidade musical do momento – a recém-criada ópera.” “Barbara era filha de uma criada de Giulio Strozzi, Isabella Garzoni, conhecida como La Greghetta, designada por Giulio, em 1628, como herdeira dos “móveis, escritos, contratos e dinheiro que se encontrem na hora de [sua] morte em Veneza.”” “Barbara Strozzi nunca se casou, mas ainda existem documentos que comprovam o nascimento de quatro filhos, três dos quais filhos de um ou outro dos irmãos Vidman”

Silvana Scarinci é doutora pela Universidade Estadual de Campinas e pesquisadora da Fapesp. Em 2004 realizou estágio na Scuola di Paleografia e Filologia Musicale da Universitá di Pavia, Cremona, na Itália, dando prosseguimento a sua pesquisa de doutorado. Tem participado de várias produções de ópera barroca e outras grandes formas do período, destacando-se A paixão segundo São João de J.S.Bach (The Bloomington Chamber Singers, nos Estados Unidos), I lavori d’amore persi (retirado da obra dramática de Claudio Monteverdi sob a direção de Nigel North, nos Estados Unidos), Dido and Aeneas (direção de Abel Rocha, em São Paulo) e La liberazzione di Ruggiero della Isola de Alcina de Francesca Caccini (direção de Elimar Machado, em Londrina). Atualmente leciona Música Barroca na Universidade Federal de Minas Gerais.

A soprano brasileira Marília Vargas vive em Basel, Suíça, onde em 2001 obteve o Solisten Diplom na Schola Cantorum Basiliensis.Continuou seus estudos na classe do tenor Christoph Prégardien na Musikhochschule Zürich. Concluiu seu Konzert Diplom em 2005. Foi vencedora do segundo lugar no II Concurso Internacional de Canto Bidú Sayão. Em 2002 recebeu uma bolsa de estudos da fundação suíça Fridl Wald-Stifftung. Em 2003 obteve o terceiro lugar no VI Concurso Nacional de Canto Maria Callas e em 2004 recebeu o segundo prêmio da Marguerite Meier Stifftung. Marília Vargas colabora regularmente com diversos grupos de Música Antiga, com os quais se apresenta por toda a Europa, Brasil e Japão, além de realizar diversas gravações para rádio, televisão e CDs. Desde o ano 2000 canta com La Capella Real  de  Catalunya,  sob  a  direção  de Jordi Savall, com  a  qual gravou o  CD Homenatge al Misteri D'Elx.  Também tem atuado como solista do Ensemble Le Parlement de Musique, sob a direção de Martin Gester. Foi solista da OSESP (orquestra Sinfônica de São Paulo) em março e abril de 2008.

Desde 2006, a Algol Editora lança CDs, DVD e livros de qualidade na área cultural. O início foi com o lançamento de uma obra com a mesma estrutura do CD livro Safo Novella, o livro Minhas Pobres Canções, de Niza de Castro Tank, que traz dois CDs com as canções e partituras de Carlos Gomes.

A Algol Editora vende os livros pelo: http://www.algol.com.br ou pelo telefone (11) 3151-2000. (Asscom/Bemelmans)

Especificações técnicas:

CD Livro Safo Novella – Uma Poética do Abandono nos Lamentos de Barbara Strozzi, Veneza, 1619-1677

De Silvana Scarinci

Formato: 20 x 29 cm

Capa dura

Bibliografia

CD: 61 minutos (7 faixas)