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Berlusconi critica voto contra Buttiglione

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, criticou o voto "sem precedentes" da Comissão de Justiça, Liberdades Públicas e Interior do Parlamento Europeu contra a designação de Rocco Buttiglione como futuro comissário e assinalou que é "um mal começo" para a legislatura européia.

A comissão, com 27 votos a favor e 26 contra, aprovou hoje, segunda-feira, uma resolução que rejeita a candidatura de Buttiglione à comissário de Justiça, Liberdade e Segurança por não cumprir as condições necessárias.

Em uma segunda votação, a comissão se opôs, por 28 votos a 25, a que Buttiglione assumisse outra pasta.

A polêmica decisão ocorre depois da controvérsia da semana passada, quando Buttiglione afirmou na Câmara européia que a homossexualidade é um pecado e que o casamento existe para "permitir que as mulheres tenham filhos e contem com a proteção de um homem que cuide delas".

Para Berlusconi, o voto contra Buttiglione, "comissário designado do governo italiano e cujos poderes foram definidos pelo presidente da Comissão executiva, é um mal início, em termos políticos, da vida da assembléia de Estrasburgo".

O primeiro-ministro acrescentou que, "no plano cultural e civil, a simples idéia de colocar em discussão a liberdade de consciência e opinião de um comissário de formação e fé católica, contestando a distinção laica que fez explicitamente entre moral e lei, entre moral e direito, tem um sabor fundamentalista, obscurantista até".

O primeiro-ministro italiano criticou, além disso, os argumentos utilizados por alguns membros da esquerda da delegação parlamentar italiana, que criticaram Buttiglione por suas afirmações, que tacharam de "discriminatórias" e "anti-liberais".

A decisão da comissão parlamentar suscitou também duras críticas de outros membros do governo italiano, como o ministro de Agricultura, Giovanni Alemanno, que classificou a rejeição de Buttiglione como "um ato grave não só contra Itália, mas contra todo o mundo católico".

"É difícil não relacionar esta decisão com outra muito distinta, mas culturalmente semelhante, que impediu a alusão às raízes cristãs no preâmbulo da Constituição Européia", afirmou.

Segundo Alemanno, "Buttiglione expressou posturas pessoais que não tinham nada a ver com seu mandato europeu nem com seu papel institucional" e que estavam "perfeitamente alinhadas com a realidade do mundo católico não só italiano, mas europeu".

Também o presidente da Câmara italiana, Pier Ferdinando Casini, considerou injusta a votação da comissão parlamentar, enquanto o ministro para as Reformas, Roberto Calderoli, classificou o voto de "ideológico" e "discriminatório".