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Cardeal acusado de acobertar abuso sexual reza missa no Vaticano

O ex-arcebispo de Boston, que caiu em desgraça por causa dos abusos sexuais cometidos por padres, rezou uma missa em memória do papa João Paulo II, na segunda-feira, no Vaticano. Do lado de fora, alguns manifestantes protestavam, lembrando o mundo do escândalo que abalou a Igreja.

O cardeal Bernard Law, que rezou a missa como vigário de uma basílica de Roma, disse que o papa foi um professor que conseguiu influenciar a vida das pessoas não só quando era jovem e forte, mas também quando estava idoso e frágil.

A missa foi celebrada no início de uma semana de preparativos para o conclave secreto que começa no dia 18, em que os cardeais elegerão um novo papa.

"Nestes dias vivemos, e quase pudemos tocar, o amor da cidade de Roma por seu pastor, um amor que o papa retribuiu cem vezes", disse Law, em italiano, referindo-se aos milhões de pessoas que foram a Roma para velar o papa João Paulo II.

Diante da basílica, duas líderes de um grupo que defende crianças vítimas de abusos por padres protestaram, dizendo que a Igreja estava "pondo sal na ferida" ao permitir que Law rezasse a missa.

"Ele é como que um símbolo do escândalo de abuso sexual", disse Barbara Blaine, que foi a Roma representando os 5.600 membros da Rede de Sobreviventes dos que Sofreram Abusos por Padres.

Ela e Barbara Dorris, ambas vítimas de abusos quando crianças, entregaram folhetos e falaram a uma multidão de repórteres de TV. Depois foram tiradas da praça São Pedro pela polícia. Mais tarde, seguranças do Vaticano as acompanharam para o local da missa, que transcorreu sem incidentes.

Law foi obrigado a renunciar do cargo de arcebispo de Boston em 2002 por causa do escândalo. Ele foi responsabilizado por permitir que os padres acusados de abusos sexuais fossem transferidos de paróquia em paróquia, em vez de suspendê-los.

O Vaticano o defendeu e, numa decisão que chocou muitas pessoas, deu-lhe um cargo importante na basílica de Santa Maria Maior.

Enquanto isso, os cardeais retomaram suas reuniões preparatórias depois de terem descansado no domingo. Eles pediram aos católicos do mundo que rezem para iluminá-los em sua missão.

"Os cardeais renovaram seus insistentes apelos ao povo de Deus que os acompanhem com orações intensas nestes dias, enquanto se preparam para o conclave, para que o Espírito Santo guie os cardeais eleitores", afirmou um comunicado.

Os cardeais também decidiram abrir o túmulo de João Paulo 2o. ao público a partir de quarta-feira, dentro da basílica de São Pedro. A cripta estava fechada desde o enterro, na sexta-feira.

No dia 18 de abril, 115 cardeais se isolarão no conclave para escolher um novo papa. Eles votarão uma vez no primeiro dia e duas vezes a partir de então, até que um candidato tenha obtido a maioria de dois terços mais um.