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Citigroup processa governo italiano

Contra-ataque vem um dia após Parmalat acionar o Bank of America pedindo US$ 10 bilhões.

O Citigroup anunciou que entrou com ações legais contra o governo italiano, por considerá-lo responsável pela reestruturação do grupo Parmalat, medida que pode prejudicar seus interesses e de outros credores.

O Citigroup anunciou em um comunicado que entrou com uma ação contra os ministérios da Indústria e da Agricultura num tribunal administrativo da região do Lazio, no centro da Itália. A decisão do Citigroup é uma resposta à decisão do gestor extraordinário da Parmalat, Enrico Bondi, que em 29 de julho passado apresentou num tribunal americano uma ação contra a entidade financeira exigindo uma indenização de US$ 10 bilhões por sua suposta responsabilidade no afundamento financeiro da companhia.

O Citigroup entende que se a reestruturação da Parmalat for levada adiante nos termos previstos, ferirá os direitos do banco e de outros credores e investidores. O citado plano, que prevê "a exclusão da maior parte das cobranças legítimas do Citigroup, admitindo só créditos (a Parmalat) no valor de € 2 milhões", foi elaborado por Bondi e aprovado pelos ministérios da Indústria e Agricultura. Por sua vez, a entidade financeira afirma que seus créditos chegavam a € 538,6 milhões até 10 de agosto.

Segundo o Citigroup, a lei determina que haja igualdade de tratamento a todos os credores quando há o afundamento de uma empresa. No entanto, o banco americano acha que dessa vez esse princípio não foi respeitado, o que pode criar "riscos financeiros".

A ação do Citigroup acontece um dia após a Parmalat ter iniciado processo contra o último grande banco ligado à empresa que ainda não era alvo de litígio movido pela empresa, o Bank of America (BofA). Os administradores da Parmalat processaram o BofA pedindo US$ 10 bilhões, argumentando que o terceiro maior banco dos Estados Unidos ajudou a esconder os problemas financeiros da multinacional.

A empresa acusa o BofA de ajudar a mascarar as finanças da Parmalat, vender bônus para "investidores sem suspeitas" e impedir as investigações dos administradores contratados para recuperar a empresa. "O Bank of America assistiu a ex-gerentes da Parmalat na estruturação e execução de uma série de transações financeiras complexas, das quais a maioria não foi incluída no balanço da empresa e que deliberadamente tinham o objetivo de esconder a insolvência da Parmalat", segundo o processo.

A quantia requerida pela Parmalat é a mesma que a empresa está exigindo do banco Citigroup no Tribunal Superior de Nova Jérsei (EUA), e das empresas de auditoria Deloitte & Touche e Grant Thornton. A Parmalat já havia informado em agosto que deveria processar o BofA. Mas o atraso foi visto como uma possível tentativa de acordo entre as partes.

Na semana passada, fontes da empresa disseram em Milão que a ação judicial faz parte dos processos que o grupo deve iniciar contra as sociedades que considera ligadas a seu afundamento. O BofA é o último da lista de bancos que a Parmalat alega ter tido ligações com o escândalo financeiro da empresa. "Não recebemos uma cópia do documento que a Parmalat entregou ao tribunal. No entanto, acreditamos que os fatos não sustenta um processo contra o Bank of America e pretendemos nos defender vigorosamente", afirmou uma prota-voz do banco.

A ação contra o BofA foi aberta um dia após os administradores da Parmalat terem chegado a um acordo com o banco italiano Intesa, fora dos tribunais, que concordou em pagar € 160 milhões para companhia italiana referentes a transações de bônus em 2003. Ao mesmo tempo, na mesma passada, começou em Milão o primeiro julgamento contra os ex-diretores do grupo Parmalat, em meio a protestos de centenas de investidores que perderam suas economias com a quebra da companhia.