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Funeral com honras de Estado para agente morto no Iraque

Os funerais do agente do serviço secreto italiano Nicola Calipari, morto na sexta-feira no Iraque durante a libertação da jornalista Giuliana Sgrena, foram celebrados nesta segunda-feira com honras de Estado em Roma. O evento teve a presença dos principais dirigentes da República italiana e manifestações de dor dos cidadãos.

À tarde, o premier italiano, Silvio Berlusconi, conversou com o embaixador norte-americano, Mel Sembler, na sede do governo, o Palácio Chigi. O chanceler Gianfrancesco Fini também participou do encontro. Não foram fornecidas informações oficiais sobre a reunião, que durou 45 minutos, mas é tido como certo que foi sobre a morte de Calipari.

Cerca de 20 mil pessoas participaram dos funerais realizados na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Roma, transmitidos ao vivo pelos canais de televisão.

Calipari, membro do SISMI, morreu baleado por soldados norte-americanos ao proteger com seu corpo a jornalista italiana, que havia sido libertada e era conduzida ao aeroporto de Bagdá para voltar ao país.

"Viva Nicola, Viva Itália", gritaram algumas pessoas reunidas na Basílica, no final do funeral, após um prolongado aplauso. O caixão estava envolvido com a bandeira italiana e foi levado por militares e policiais.

A esposa e os dois filhos de Calipari ocuparam a primeira fileira do cortejo junto com funcionários do governo, entre eles o presidente, Carlo Azeglio Ciampi, e o premier Berlusconi.

O subsecretário de Estado da presidência do Conselho de Ministros, Gianni Letta, responsável pelos serviços secretos, fez uma homenagem a Calipari em nome do governo. "É o momento de render homenagem todos juntos, sem polêmicas, ao gesto heróico de Nicola Calipari", afirmou Letta. Segundo ele, Calipari foi um "homem de coragem e de paz, um homem forte, uma pessoa extraordinária, um policial autêntico, de raça", além de um estreito colaborador de Berlusconi. O funcionário ressaltou "a generosidade de coração deste servidor do Estado no sentido mais nobre, e o altruísmo com o qual deu uma última prova com seu gesto generoso protegendo instintivamente" a jornalista Sgrena.

O capelão militar Arnaldo Bagnasco, em sua homilia, definiu o heroísmo de Calipari como um "estilo de vida". "Fazer-se de escudo com o próprio corpo ao refém libertado dá a entender o que Nicola sempre viveu e nunca ostentou, a grandeza de espírito", disse o monsenhor Bagnasco.

O irmão de Calipari, padre Maurizio Calipari, agradeceu em nome da família às pessoas que lhe foram solidárias na Itália e no mundo. "Este momento é de profunda dor para nós, uma dor que minuto a minuto é aliviada, sustentada pelo afeto de tantos", disse. "Diante disso, com muita simplicidade e sem nenhuma pretensão de sermos formais nem artificiais, queremos agradecer porque não nos deixaram sozinhos", afirmou. O padre destacou que a comunidade civil esteve perto dos familiares do agente "em todas as instituições, começando com o presidente da República".

"Estamos muito tristes, nos sentimos quase culpados pelo que aconteceu", disse Ivan Sgrena, irmão da jornalista do Il Manifesto. "Sinto tanto. Queria ter dito apenas duas palavras à família Calipari, mas não houve a oportunidade", disse.

Giuliana Sgrena, que está em um hospital romano, acompanhou a cerimônia pela televisão.

Após os funerais de estado, o corpo do agente do SISMI foi transportado ao cemitério monumental de Verano, onde foi sepultado.

Cerca de cem mil pessoas passaram desde a manhã de domingo até hoje pela câmara ardente de Calipari, na Sala das Bandeiras do Monumento ao rei Vitor Manuel II, em frente à praça Veneza de Roma.