Igreja quer manter jovens depois da morte do Papa
A constante demonstração de afeto dos jovens por João Paulo II, tanto na vida quanto na morte dele, fez com que a Igreja Católica se perguntasse como manter a ligação com os esses fiéis agora que o pontífice partiu.
Um dos paradoxos dos 26 anos de papado do Papa era o modo como um senhor de idade e doente conseguia levar milhões de jovens a participar dos Dias Internacionais da Juventude, às celebrações do Ano do Jubileu, em 2002, e ao funeral dele mesmo que poucos, especialmente na Europa, ainda freqüentem a igreja regularmente.
O desafio agora para os líderes católicos é preservar a lealdade dos jovens que podem trocá-los facilmente pela espiritualidade New Age, pelos trabalhos humanitários ou pela pura apatia.
"Como fazemos para tocar as pessoas em seus lugares sensíveis?", perguntou o cardeal de Londres, Cormac Murphy-O'Connor. "A Igreja Católica tem de encontrar novas formas de tocar as pessoas."
Declarações dadas por jovens que encheram as ruas de Roma vindos de toda a Europa para se despedir do líder dos católicos na semana passada mostram o quanto eles associavam a Igreja ao próprio pontífice.
"Vamos precisar de um clone", disse Maria Becce, 21, de Pavia, Itália, quando questionada sobre como deveria ser o próximo papa. "Levará muito tempo até podermos aceitar o novo papa, se é que isso acontecerá algum dia."
Katrina Shields, 18, afirmou ter viajado até Roma para ver o papa todos os verões dos últimos dez anos, mas que não freqüentou a igreja toda semana em Dublin, onde mora. O motivo, segundo Shields, era que o papa falava com os jovens de uma forma que a missa de domingo não conseguia. "Ele nos entendia", afirmou.
Muitos também disseram claramente que não seguiam os ensinamentos do papa. "Não concordamos com tudo o que ele disse, como com a proibição do uso de preservativos. Ele não é perfeito. Mas concordamos com a maior parte das declarações dele", disse Manuela Gualdi, uma jovem italiana de Veneza.
Uma das primeiras perguntas foi sobre se os Dias Internacionais da Juventude, o "Woodstock dos Católicos" realizado todo ano, conseguirão continuar a ser tão populares sem sua atração principal.
O cardeal Joachim Meisner, cuja arquidiocese, de Colônia, receberá o próximo evento, em agosto, descartou tal tipo de preocupação e disse que o novo papa seria ainda mais ativo.
Antes de se afastarem dos meios de comunicação, neste final de semana, vários cardeais comentaram sobre os motivos de João Paulo II. ter sido tão popular com os jovens. "Com ele, eles tinham um pai. Estamos diante de uma geração sem pai", afirmou o cardeal Godfriend Danneels, de Bruxelas.