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A história do primeiro presépio de Natal 

O significado do presépio está associado à representação do nascimento de Jesus Cristo. O costume inicialmente italiano, de montar o presépio em casa durante o período do Natal, é hoje difundido em todos os países católicos do mundo.

La Natività, Pietro Perugino (1497-1500)

A tradição diz que Jesus nasceu em uma manjedoura, conforme é mencionado em Lucas 2:7. Além de Jesus, Maria e José, fazem parte do presépio outras figuras, como animais e pastores que muitas vezes têm algumas ovelhas com eles (Lucas 2:16) e os três sábios do oriente (Mateus 3:11).

A primeira reconstrução do presépio é atribuída a São Francisco, no pequeno município de Greccio, província de Rieti, na região do Lazio, na Itália. 

O sermão aos pássaros, Giotto di Bondone (1297-1299)

Francisco nasceu em Assis, na região da Umbria, no ano de 1181, no seio de uma rica família de mercadores de tecidos. Depois de jovem e imprudente, em 1205 converteu-se profundamente à mensagem de Cristo, ao decidir renunciar a todos os bens materiais e despir-se de suas roupas, na frente de seu pai, Pietro Bernardone, e de uma pequena multidão.

São Francisco e a renúncia dos bens mundanos, Giotto di Bondone (1295)

Junto com outros jovens, ele passou a usar um hábito de saco amarrado na cintura por uma corda, como os mendigos. Assim foi formada a ordem dos Frades menores.

A mensagem do frade Francisco é alegre e envolve também a natureza e os animais. De fato, o amor à criação o leva a compor o "Cântico das criaturas". Francisco vivia em frequentes jejuns, quase cego e com estigmas, nos pés e nas mãos, foi um homem que soube mudar o curso da história, com o amor que conduziu a Cristo. Em 1210, o Papa Inocêncio III aprovou a regra e, em 1212, a jovem Clara, sua fiel amiga, fundou o ramo das Clarissas. Francisco morreu em 3 de outubro de 1226, aos 45 anos de idade, e dois anos depois foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Ele está sepultado em Assis, na basílica a ele dedicada, onde é venerado como o padroeiro da Itália.

O frade católico medieval da Ordem dos Franciscanos, Tommaso da Celano (1185-1260), biógrafo de São Francisco de Assis, conta que o santo, um dia, à mesa, ouvindo um frade que recordava a extrema pobreza de Nossa Senhora e de seu Filho no estábulo de Belém, levantou-se e foi terminar a refeição na terra nua para homenagear "a pobreza real" de Maria e Jesus.

São Francisco com os animais, Lambert de Hondt (XVII séc.)

São Francisco desejava que todos os crentes no Natal se alegrassem no Senhor e dizia: “Se eu pudesse falar ao imperador, gostaria de pedir-lhe que desse uma ordem geral, a todos aqueles que podem espalhar trigo e grãos nas ruas no dia de Natal, para que nesse dia de tamanha solenidade os pássaros tivessem tanto alimento, em abundância…”.

Como em Belém

São Francisco tinha estado na Terra Santa e guardou muitas lembranças daquele lugar. Duas semanas antes do Natal de 1223, ele mandou buscar seu amigo Giovanni Velita, senhor de Greccio, na região de Rieti, que possuía uma alta montanha, toda perfurada por cavernas e coroada por bosques.

Greccio, na Província de Rieti, na Itália

Parecia a Francisco que aquele lugar era adequado para a realização de um projeto particular que ele tinha em mente há algum tempo. 

O santo dirigiu-se assim ao seu rico amigo: “Messer Giovanni, se queres me ajudar, podemos celebrar este ano, o mais lindo Natal que alguma vez se viu... Num dos teus bosques, à volta da ermida de Greccio, existe uma gruta semelhante à de Belém. Eu gostaria de retratar a cena do Natal vividamente, e ver com os olhos do corpo a pobreza com que o Menino Jesus veio ao mundo, e como ele foi deitado em um presépio e como ele se deitou entre o boi e o burro".

Afresco na gruta do santuário de Greccio

Na noite daquele Natal, os fazendeiros locais juntaram-se aos frades, carregando tochas e velas para iluminar a noite. Todos caminharam em direção à caverna. Nela havia um presépio de palha e, por cima, uma pedra para celebrar a Eucaristia. Quando Jesus estava presente sob os véus eucarísticos, Messire Giovanni Velita teve a impressão de vê-lo vivo no presépio, adormecido. O berço que estava vazio até aquele momento, tinha sua flor de carne.

Portanto, devemos a São Francisco, em 1233, pela criação do primeiro presépio da história que, desde o início, difundido graças aos missionários franciscanos, se tornou uma expressão típica da espiritualidade católica do Natal.

Fonte: Aleteia.it - Leia aqui a matéria completa em italiano