Marido insinua que EUA tentaram matar italiana
O companheiro de Giuliana Sgrena, ferida por disparos americanos depois de sua libertação em Bagdá, deu a entender que o ataque contra o carro que a transportava foi deliberado, já que a jornalista dispõe de informações comprometedoras para os Estados Unidos.
"Giuliana tem informações e os militares americanos não queriam que ela saísse viva", declarou Pier Scolari, na entrada do hospital em que a jornalista foi internada depois que chegou à Itália neste sábado de manhã.
Quando Giuliana foi tomada como refém, no dia 4 de fevereiro, a jornalista preparava uma reportagem sobre os fugitivos de Faluja, refugiados numa mesquita de Bagdá depois do bombardeio americano.
O carro que transportava a jornalista ao aeroporto de Bagdá foi atingido por disparos de soldados americanos. Giuliana Sgrena, 56 anos, ficou ferida e o chefe do serviço secreto italiano morreu. Scolari afirmou que os americanos haviam sido informados da passagem do comboio.
Segundo o exército americano, os soldados fizeram gestos e depois deram tiros de intimidação, para que o veículo, que viajava em alta velocidade, parasse.
"Uma chuva de fogo caiu sobre nós"
Uma "chuva de fogo" caiu sobre o automóvel que transportava Giuliana Sgrena ao Aeroporto de Bagdá, depois de sua libertação do cativeiro, explicou hoje ela mesma durante entrevista ao canal de TV RaiNews24.
Uma "chuva de fogo" caiu sobre o carro "no momento em que estava falando com Nicola Calipari", o agente do serviço secreto italiano que morreu ao tentar protegê-la dos disparos dos soldados americanos, disse a jornalista.
Sgrena deu as declarações por telefone do hospital militar Celio, onde foi internada depois de chegar a Roma na manhã deste sábado. "Não íamos muito rápido dadas as circunstâncias (...) O fogo continuava. O motorista não conseguia nem sequer explicar que éramos italianos", acrescentou.
"Os americanos e os italianos haviam sido avisados da passagem do automóvel. Estavam a 700 metros do aeroporto, o que significa que haviam passado por todos os postos de controle", ressaltou, por sua vez, Pier Scolari, companheiro da jornalista, na entrada do hospital Celio.
"Todo o tiroteio foi acompanhado ao vivo pela presidência do Conselho, que estava ao telefone com um dos membros do serviço secreto. Depois os militares americanos retiraram e apagaram os celulares", acrescentou Scolari.
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