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O vinho brasileiro

Por Raulino Uliano - rau@uliano.adv.br

Para o grande filósofo grego - SÓCRATES -(470-399a.C.):  "O vinho molha e tempera os espíritos e acalma as preocupações da mente .Ele reaviva nossas alegrias e é o óleo para a chama da vida que se apaga. Se você bebe moderadamente, em pequenos goles de cada vez, o vinho gotejará em seus pulmões como o mais doce orvalho da manhã...Assim, então, o vinho não viola a razão, mas sim nos convida gentilmente à uma agradável alegria."

Já seu discípulo -  PLATÃO - ,  também filosofo grego,  há  mais de dois mil e trezentos anos dizia:  "Moderadamente bebido, o vinho é o medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos e enaltece os pobres. (Platão, 428 a 347 a.C,).

Perguntado, certa vez,  ao jurista Sobral Pinto, quando completara  90 anos (faleceu com 98 anos) qual o segredo da longevidade, respondeu: "Nunca beba água. Quando tiver sede beba vinho".

O vinho foi a bebida de Cristo (Santa Ceia) e  do povo de Cristo (Bodas de Canaã).

Divindades foram erigidas em favor do vinho. Para os Romanos BACO era o deus do vinho e para os gregos, DIONÍSIO.

Não obstante isso nós brasileiros ainda não nos conscientizamos dos benefícios que o vinho pode proporcionar  à saúde e ao invés do vinho continuamos a beber  cachaça, cerveja, etc.  Enquanto a França mantém um consumo anual de  60 litros per capita,  a Itália 59,37 litros,  (1º e 2º lugar) o Brasil permanece em 29º lugar, com um consumo anual de 1,85 litros per capita.

Um artigo publicado recentemente no jornal A Notícia nos dá conta de que  numa pesquisa realizada há pouco concluiu-se que o vinho brasileiro é considerado o "melhor amigo do coração" porque possui maior concentração de resveratrol,  um dos polifenóis contidos na bebida e que faz bem ao coração, prevenindo infartos através da dissipação das plaquetas que provocam coágulos e entopem as artérias, superando, em muito os vinhos da Argentina e do Chile. Este resultado foi apresentado há alguns meses pela Estação Experimental da Epagri de Videira, e é fruto de uma prolongada pesquisa iniciada há vários anos.

Por essa razão acredita-se que o vinho brasileiro tenha uma ação mais eficaz no combate ao mau colesterol e o mais indicado para a prevenção de doenças cardiovasculares. Segundo o doutor em enologia, Jean Pierre Rosier, que coordenou a pesquisa esse estudo reuniu 125 amostras de vinhos finos dos três países - Argentina, Chile e Brasil e o resultado em relação ao vinho brasileiro já era esperado, em face dos problemas climáticos existentes aqui  que acabam gerando resveratrol em maior quantidade.

Outra confirmação da pesquisa é que os vinhos tintos têm pelo menos 20 vezes mais resveratrol que os brancos.  Os médicos têm sido aliados constantes. "Eles estão indicando para alguns pacientes o consumo moderado do vinho como apoio em alguns tipos de tratamento. Portanto, com  maior quantidade de resveratrol os vinhos brasileiros possuem  propriedades terapêuticas superiores aos demais. Descobriu-se também agora que o extrato da casca de uvas tintas produz um efeito anti-hipertensivo.

Já existe, por outro lado, expectativa de um novo medicamento para a pressão arterial alta feito à base da casca de uva. "O vinho, bebido com moderação durante as refeições e por pessoas que não tenham contra-indicações, pode contribuir para uma vida mais saudável". A afirmação é do médico riograndense Jairo Monson de Souza Filho, uma das maiores autoridades na pesquisa do vinho e sua utilização na medicina. Além de registrar um potente efeito antioxidante, o vinho tem ação antibiótica, segundo constatou.

Esta ação é promovida pelos polifenóis, que têm a missão de proteger as plantas de ataques biológicos (bactérias, vírus e fungos) e de raios ultravioletas, localizando-se nas folhas de todos os vegetais. "Cientificamente, a quantidade de vinho que pode ser ingerida de forma correta depende da quantidade das enzimas de cada um", esclarece. Mas há uma fórmula empírica, porém prática, de saber essa quantidade. "Homens podem consumir até 300 ml de vinho por dia e mulheres até 150 ml", nas refeições, garante o médico Jairo Monso de Souza Filho.

Estudos outros sugerem apenas 200 ml/dia, que nos parece mais prudente.  A tendência da medicina tradicional, hoje, é se voltar mais para os tratamentos naturais. O grande número de medicamentos fitoterápicos já disponíveis no mercado comprovam isso.

A pesquisa nessa área nunca foi tão expressiva na história da medicina. Os franceses, apesar de comerem muita gordura saturada, fumarem mais que em outros países industrializados e praticarem menos atividade física, registram menos doenças do coração e morrem menos por isso. A explicação está no vinho que costumam tomar junto com as refeições".

Outra boa notícia para 40 milhões de brasileiros que, segundo o Ministério da Saúde, sofrem de hipertensão arterial: pesquisadores da Uerj concluíram que o vinho tinto fabricado no país pode ser usado no tratamento da doença. Experimentos em laboratório, com ratos, comprovaram a tese, divulgada recentemente.

Raulino Uliano é Vice-Presidente da Associação Italiana-Vêneta de Concórdia-SC.