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Casos recentes de coronavírus têm carga viral muito baixa

O diretor do Istituto di Ricerche Farmacologiche Mario Negri – IRCCS , Giuseppe Remuzzi , afirma que a positividade dos testes de "tamponi" realizados apresenta hoje uma carga viral muito baixa e critica a condução da divulgação dos novos casos, por parte do governo italiano: “O sistema de triagem avança de maneira burocrática, sem levar em conta o que emerge da pesquisa”.

“A situação mudou desde 20 de fevereiro e o Instituto Superior de Saúde e o Governo devem reconhecer isso e de consequência comunicar. Caso contrário, contribui-se, talvez involuntariamente, para espalhar o medo injustificado”. A afirmação é do diretor do Instituto Mario Negri em Milão, Giuseppe Remuzzi, em entrevista publicada, nesta sexta-feira (19), no jornal Corriere della Sera.

“Realizamos um estudo com 133 pesquisadores do Mario Negri e 298 funcionários da Brembo. Ao todo, quarenta casos de testes positivos. Mas a positividade desses testes (tamponi) tinha uma carga viral muito baixa e não contagiosa. Nós os chamamos de contágios, mas são pessoas positivas para o teste. Comentar os dados que são fornecidos todos os dias é inútil, porque se trata de positividade que não tem repercussões na vida real”.

"Abaixo das cem mil cópias de Rna, não há risco substancial de contágio", acrescenta Remuzzi, citando um trabalho recém publicado pela Nature e confirmado por vários outros estudos. “Assim, com menos de dez mil cópias de Rna viral, nenhum dos 'nossos' 40 positivos resultaria contagioso. Isso significa que o número de novos casos pode dizer respeito a pessoas que têm no tamponi tão pouco Rna que nem conseguem infectar as células. Em contato com o Rna de verdadeiros positivos, os de março e início de abril, as células morreram em poucas horas".

"Situação semelhante - diz Remuzzi - ainda de acordo com um estudo, do Centro de Prevenção de Doenças da Coréia, com 285 pessoas assintomáticas positivas, localizou 790 de seus contatos diretos. Quantas novas positividades? Zero. Outros estudos também vão nessa direção. O Istituto Superiore di Sanità e o governo devem qualificar a nova positividade, ou permitir que os laboratórios o façam, explicando às pessoas que uma positividade de menos de cem mil cópias não é contagiosa, portanto, não faz sentido ficar em casa, isolar, pois não é mais útil fazer o rasteio que servia no início da epidemia".

O atual sistema baseado em tampões, diz o diretor de Mario Negri, "está avançando de maneira burocrática com regras que não levam em conta o que está surgindo na literatura científica. O número de tampões não deve ser confundido com a tendência da epidemia“. Quanto aos dados de ontem (18), segundo os quais 216 novos casos foram registrados na Lombardia, entre 333 em toda a Itália, Remuzzi não se diz preocupado, "se eles são positivos da mesma maneira que os de nossa pesquisa, ou seja  com uma positividade ridiculamente inferior a cem mil. Porque eles não podem infectar os outros”.

Giuseppe Remuzzi é diretor da Unidade de Nefrologia e Diálise da Azienda Socio Sanitaria Territoriale (ASST) Papa Giovanni XXIII de Bergamo. Em 2015, ele foi nomeado professor de nefrologia de "clara fama" na Universidade de Milão. Ele coordena todas as atividades de pesquisa dos escritórios de Bergamo e Ranica (BG) do Instituto Mario Negri. De 2013 a 2015, ele foi Presidente da Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN). Autor de mais de 1350 publicações em revistas internacionais e 16 livros.

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