Canevacci mostra, no Brasil, como destruir o fetichismo
Há um fetichismo visual sobre o corpo na cultura contemporânea, com as imagens proliferando cada vez mais. A indústria cultural, os meios de comunicação, reforçam esse fetichismo. Para se libertar, é preciso destruir o fetichismo visual, o que pode ser feito por meio da arte. Quem pensa assim é o italiano Massimo Canevacci, professor de Antropologia Cultural do Departamento de Ciências Sociais e da Comunicação da Universidade La Sapienza de Roma, um dos mais conceituados pensadores da cultura, que participará, no próximo mês, daquele que é considerado o maior evento internacional de pesquisas em cultura do Brasil, o IV Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura IV Enecult, promovido pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura Cult, da Universidade Federal da Bahia.
Em 2004, quando esteve no Brasil, Canevacci foi entrevistado por Ferdinando Martins, da Mix Brasil, que teve sua atenção despertada para a didática do italiano, capaz de traduzir conceitos complexos em linguagem simples. Diretor da revista Avatar, Canevacci, embora não seja um dos queridinhos de boa parte dos responsáveis pela matéria nas universidades brasileiras, cuja perspectiva invariavelmente tem como horizonte autores franceses, tem uma produção reconhecida mundialmente.
Seu foco principal é a arte, o corpo e o fetiche. Na entrevista que concedeu ao Mix Brasil, Canevacci acentuou que o corpo se transformou, hoje, em um panorama. Na sua opinião, conforme declarou a Fernando Martins, a libertação do fetichismo não pode ocorrer da forma como Freud e Marx pensavam. Para eles, bastava descobrir as causas do fetichismo para que pudesse haver a libertação. Não acredito nisso. Para mim, o fetichismo é algo que se renova constantemente, como nesse jogo da indústria cultural e da arte. É preciso entrar na metodologia do fetichismo para poder destruí-lo.
- O fetichismo assinalou Canevacci à Mix Brasil - é uma forma de alienação porque limita o sujeito. Se o corpo está fetichizado na sociedade contemporânea, a subjetividade fica comprometida. Isso acontece porque há uma erotização do olhar na dimensão do fetichismo. A saída está na multiplicação do eu por meio de uma multivisualidade. Ou seja, é preciso usar o olhar como uma metodologia. É preciso voltar a ser olho, ou seja, ter a capacidade de olhar-se na hora em que estiver olhando.
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