
Quais são as cidades mais antigas da Itália?
A localização da Península Itálica, no centro do Mar Mediterrâneo - com a Península Balcânica e a Grécia a leste, a Península Ibérica a oeste, o Norte da África ao sul e a Europa continental ao norte –, impactou profundamente a cultura histórica do território.
A cultura da Itália está profundamente ligada às civilizações romana e grega antiga, que deixaram uma marca profunda na arte, na língua, nas tradições e no sistema jurídico do país.
A Península Itálica ganhou uma fisionomia própria na Idade do Bronze, entre os séculos XII e X a.C. surgiram estruturas regionais com traços culturais comuns. No século IX, já em plena Idade do Ferro, desenvolveu-se a cultura Villanovana (assim chamada por causa de Villanova, um centro perto de Bolonha), que viu a formação de centros urbanos separados do campo.
Cerca de um século depois, teve início a civilização etrusca, que se espalhou da Itália central até a Campânia e teve seu maior florescimento entre os séculos VII e VI. Nos séculos V e IV, tribos celtas de origem gaulesa se estabeleceram no Vale do Pó. A partir do século VIII, os gregos começaram a estabelecer colônias na Sicília e outras áreas do sul da Itália, trazendo consigo sua grande cultura.
Após o declínio do Império Romano, passando pela Idade Média e o Renascimento até a Idade Moderna, a Itália desenvolveu sua própria civilização, harmonizando tradições e inovações sob a influência da fé cristã.
Hoje, o país ostenta um grande patrimônio cultural de interesse histórico, no qual se destacam cidades de remota fundação.
Veja a seguir quais são as dez cidades mais antigas de toda a Itália.
10 – Nápoles (fundada em 680 a.C., há 2700 anos)
Localizada na região da Campânia, Nápoles, com 989 mil habitantes, é o terceiro município da Itália em população, sendo uma das áreas urbanas mais populosas e densamente povoadas da União Europeia. Foi fundada pelos cumanos no século VIII a.C. e estava entre as cidades mais importantes da Magna Grécia, região colonizada na Antiguidade pelos gregos depois da segunda diáspora grega.
Com o encerramento do Império Romano, no século VIII, a cidade formou um ducado autônomo independente do Império Bizantino; mais tarde, a partir do século XIII e por cerca de seiscentos anos, foi a capital do reino de Nápoles. Tendo se tornado a capital do Reino das Duas Sicílias sob os Bourbons, passou por um período de desenvolvimento socioeconômico que culminou em uma série de conquistas civis e tecnológicas, incluindo a construção da primeira ferrovia na Itália.
Após sua anexação ao Reino da Itália, sofreu um declínio significativo que se estendeu também a todo o sul da Itália. Por várias razões, foi um dos principais centros de referência cultural da Europa, desde o século IX até a atualidade.
9 – Taranto (fundada em 706 a.C., há 2.726 anos)
Com 190 mil habitantes, Taranto está localizado na Apúlia (Puglia, no idioma italiano), sendo o segundo município mais populoso da região. Antiga colônia da Magna Grécia, a cidade foi fundada pelos espartanos (Parteni), no século VIII a.C., tornando-se a única colônia de Esparta fora do território da Grécia.
Chamada de Taras pelos gregos, a cidade teve seu apogeu no século IV a.C.
Foi a última cidade da Magna Grécia a ser atingida pela expansão romana, tendo sido conquistada pelos cônsules romanos Lúcio Papírio Cursor e Espúrio Carvílio Máximo em 272 a.C. que a nominaram Tarentum (em latim).
8 – Crotone (fundada em 710 a.C., há 2.730 anos)
Crotone possui 62.450 habitantes, o quarto maior município da região em população. A cidade foi fundada por colonos gregos, na segunda metade do século VIII a.C., no local de um assentamento indígena pré-existente. Κρότων (Krótōn), em grego antigo, foi um dos centros mais importantes da Magna Grécia.
A fundação grega de Crotona remonta a 708 a.C., conforme citado por Eusébio de Cesareia em seu Chronicon, embora outras fontes a remetam a 710 a.C.
Os romanos conquistaram Kroton, Croto em latim, em 277 a.C., liderados pelo cônsul Cornélio Rufino. Em 194 a.C., uma colônia romana foi fundada ali.
7 – Volterra (fundada em 725 a.C., há 2.745 anos)
Município com 9.400 habitantes, Volterra está localizado na província de Pisa, na Toscana. A história da cidade começa há mais ou menos 3.000 anos, tendo sido uma das principais cidades-estados da antiga Etrúria, região na Itália Central, que abrangia uma parte do que é atualmente a Toscana, o Lácio e a Úmbria.
Velàthri (o nome etrusco para Volterra, em grego antigo, Βελάθρη) fazia parte da confederação etrusca, chamada de Dodecápolis Etrusca. Em latim, a cidade recebeu o nome de Volaterrae, de onde deriva o nome atual.
A partir do século IV a.C., os achados arqueológicos aumentaram e é possível reconstituir a história da cidade, que atingiu seu máximo esplendor quando as cidades etruscas do sul começaram a declinar devido à proximidade com o poder nascente de Roma, com quem mantém boas relações e é recompensada, em 90 a.C., quando recebe a cidadania romana.
6 – Siracusa (fundada em 734 a.C., há 2.754 anos)
Localizada na costa sudeste da Sicília, Siracusa, com cerca de 120 mil habitantes, Siracusa possui uma história milenar, tendo sido declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2005.
A cidade de Siracusa foi fundada por um grupo de colonos de Corinto, que chegaram aos territórios sicilianos, e se estabeleceram na ilha de Ortígia.
A colonização grega determinou, portanto, a expulsão da população indígena (os siculi) para o interior, desencadeando nos primeiros períodos uma série de guerras vencidas por Siracusa, que gradualmente fortaleceu seu poder sobre territórios cada vez maiores.
Em 212 a.C., após ter sido rompida a paz que havia com os romanos, Siracusa foi cercada e conquistada por Roma, dois anos mais tarde, com o consequente saque e o dramático epílogo do assassinato de Arquimedes.
Porto fundamental para o comércio entre o Oriente e o Ocidente, Siracusa testemunhou a chegada de São Paulo e São Marciano (o primeiro bispo de Siracusa), que, parando na cidade para evangelizar, enraizaram a religião cristã, fazendo da cidade o primeiro posto avançado do Ocidente.
5 – Palermo (fundada em 734 a.C., há 2.754 anos)
Capital da Sicília, Palermo possui 635 mil habitantes, sendo o quinto município italiano mais populoso, depois de Roma, Milão, Nápoles e Turim. A história da qual fazem parte inúmeros povos e civilizações deram à cidade um impressionante patrimônio artístico e arquitetônico, o que é confirmado pela sua inscrição como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Palermo foi fundada por comerciantes cartagineses, também conhecidos como fenícios, no século VIII a.C., oriundos do litoral norte da África.
Ao fim da primeira guerra púnica (264–241 a.C.), Roma conquistou a Sicília e a converteu em sua principal produtora de trigo. Augusto instalou as colônias de Palermo, Siracusa, Catânia etc.
A Palermo árabe-normanda inicia em 827 d. C., quando os tunisianos conquistaram a cidade e na passagem de poucos anos a transformaram num dos maiores centros de cultura árabe no Ocidente. O domínio árabe durou por dois séculos, até a chegada dos Normandos. Papa Nicolau II, preocupado pela difusão do islam, pede ajuda a Ruggero II, rei dos normandos, que toma, em todo o sul da Itália, o domínio muçulmano e bizantino, dando vida ao Reino da Sicília, em 1130, com a capital Palermo.
4 – Reggio Calabria (fundada em 743 a.C., há 2.763 anos)
Reggio Calabria, com 168 mil habitantes, é o primeiro município da região da Calabria em população. Junto com Nápoles e Taranto, abriga um dos mais importantes museus arqueológicos dedicados à Magna Grécia.
A cidade foi fundada sobre um assentamento pré-existente, por colonos de origem jônica vindos da cidade de Cálcis, na ilha grega de Eubeia, terra natal de várias outras colônias na Magna Grécia.
A posição geográfica de Reggio e um governo esclarecido logo fizeram dela uma das capitais do Mediterrâneo. Centro de intenso tráfego comercial e crescente poder econômico.
Por volta de 443 a.C., Reggio e Atenas assinaram um tratado de aliança com o qual a cidade grega tentou intervir contra o elemento dórico no oeste, enquanto Reggio buscava ajuda para se opor ao poder da aliança que havia surgido entre Locri, Messina e Siracusa.
Em 351 a.C. , para conter as incursões dos brucianos , Reggio pediu ajuda a Roma , conseguindo assim manter a sua independência. Dez anos depois, tornou-se uma cidade confederada e aliou-se à própria Roma.
Em 89 a.C., Reggio tornou-se um municipium romano , e em particular um municipium cum suffragio , isto é, mantendo a liberdade de se governar com suas próprias leis e de falar a língua grega, como recompensa por sua lealdade a Roma.
3 – Roma (fundada em 21 de abril de 753 a.C., há 2.773 anos)
Capital da República Italiana, bem da região do Lácio, Roma é também definida como Urbe, Caput Mundi e Cidade Eterna. Com 2,76 milhões de habitantes, é o município mais populoso da Itália e o quarto da União Europeia. Coração do cristianismo católico, é a única cidade do mundo que abriga um estado inteiro, o enclave da Cidade do Vaticano: por esse motivo, é frequentemente chamada de capital de dois estados.
Os antigos romanos desenvolveram um conto mitológico complexo sobre as origens da cidade e do estado. Tradicionalmente, 21 de abril de 753 a.C. é considerada a data da fundação de Roma. Segundo a lenda, a cidade de Roma foi fundada por Rômulo, descendente de uma linhagem real.
Durante a monarquia, os romanos foram influenciados por outras civilizações presentes na Itália. Os etruscos, de quem os romanos aprenderam arquitetura e engenharia para construir templos e sistemas de irrigação.
Dos gregos, os romanos tomaram emprestados os deuses e deusas do panteão grego. Dos latinos, eles tomaram emprestada a língua latina, embora os romanos ricos preferissem falar grego. E dos sabinos, os vizinhos mais próximos de Roma, os romanos aprenderam técnicas de luta e disciplina.
Os romanos pegaram emprestado e adaptaram o alfabeto dos etruscos, que por sua vez o pegaram emprestado e adaptaram das colônias gregas na Itália. Embora chamados de “Rex” ou “Rei” em latim, todos os reis depois de Rômulo foram eleitos pelo Senado.
De uma pequena cidade-estado, Roma se expandiu conquistando reinos e impérios vizinhos, incorporando seus territórios e populações. As cidades e regiões que ficaram sob o controle romano mantiveram suas instituições culturais, religiosas e políticas.
Roma se tornou o estado mais poderoso do mundo no século I a.C. através de uma combinação de poder militar, tolerância política e expansão econômica. Essa expansão mudou o mundo mediterrâneo e também mudou a própria Roma.
2 – Messina (fundada em 757 a.C., há 2.777 anos)
Messina, município de 222 mil habitantes, na Sicília, é o primeiro da Itália em número de passageiros em trânsito e o sexto em tráfego de cruzeiros. Fundada como colônia grega com o nome de Zancle e depois Messana, Messina atingiu o auge de sua grandeza entre o final da Idade Média e meados do século XVII, quando competiu com Palermo pelo papel de capital da Sicília.
1 – Cagliari (fundada no século VIII a.C., há mais de 2800 anos)
Capital da região da Sardenha, Cagliari possui 149 mil habitantes. Sede universitária e arquiepiscopal e cidade com uma história que abrange vários milhares de anos, é o centro administrativo histórico da ilha, tendo sido, sob o nome de Caralis, capital da província da Sardenha e da Córsega durante o período romano, depois capital do Reino da Sardenha de 1324 a 1720 e de 1798 a 1814. Seu porto é classificado como “internacional” devido à sua importância.
0 – Sulki, Sant’Antioco (século IX a.C., mais de 2900 anos)
Sant'Antioco é uma comuna italiana da região da Sardenha, província da Sardenha do Sul, com cerca de 11.728 habitantes.
Sulky nada mais é do que o primeiro assentamento do que hoje é a cidade de Sant'Antioco. Desde sua fundação como cidade, por volta de 770 a.C., Sulky provavelmente cobria uma área de cerca de doze hectares. No entanto, descobertas recentes de cerâmicas “bicromadas” produzidas pelos fenícios do Oriente, autorizam-nos a elevar a data da fundação da cidade para cerca do século IX a.C.
As primeiras notícias sobre o antigo assentamento fenício vêm de uma área chamada, não muito felizmente, Cronicario, adjacente ao hospício para idosos. Em 1983, foram descobertos vestígios importantes da cidade antiga, primeiro fenícios, depois púnicos e depois romanos. Além dos muros de pedra e tijolos de barro, foram encontrados vários objetos, especialmente terracota, que nos permitiram entender melhor a extensão do comércio na antiga Sulcis.
Portanto, podemos considerar Sulki a cidade mais antiga da Itália e também da Sardenha.
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