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Estrangeiros residentes na Itália

Em 31 de dezembro de 2018, havia 5.255.503 cidadãos estrangeiros inscritos nos cartórios do país (Anagrafe). Em relação a 2017, houve um aumento de 111 mil pessoas (+ 2,2%), atingindo 8,7% da população total residente. 

Os dados passaram a ser coletados em 1998, quando a presença de estrangeiros na Itália era pouco menos de 1 milhão. Em 2018, o último ano disponível, este número quadruplicou (+ 419%). Essa é uma das taxas de crescimento mais acentuadas, entre as registradas nos países europeus para os quais há dados disponíveis. Crescimentos da mesma magnitude, também ocorreram na Polônia (483%), Grécia (+ 393%) e Irlanda (+ 381%).

De forma comparativa à população total da Itália, esses números caem drasticamente. No país, os estrangeiros representam 8,5% da população total: valor superior ao da França (7%), porém substancialmente inferior ao da Alemanha (11,7%) e Áustria (15,7%) e ligeiramente abaixo do Reino Unido (9,5%).

As informações provêm da pesquisa sobre o balanço demográfico dos municípios e da Anagrafe Virtuale Statistica (ANVIS), com dados do Eurostat  e do Ministério do Interior,  revisados estatisticamente pelo Istituto Nazionale di Statistica (Istat) . Os números foram reunidos no âmbito da pesquisa “Investigação cognitiva sobre políticas de imigração, direito de asilo e gestão dos fluxos migratórios” divulgada pelo Istat, em setembro de 2019. 

Faixas etárias

A estrutura etária da população estrangeira residente na Itália difere bastante daquela dos italianos: para este último, o índice de velhice (ou seja, a relação entre a população acima de 65 anos e a população abaixo de 15 anos) é o mais alto da Europa, com 187 idosos a cada 100 jovens, enquanto para a população estrangeira são 23 idosos a cada 100 jovens, o menor índice da União Europeia, junto ao grego (igual a 21 idosos, a cada 100 jovens).

A população estrangeira, como já foi dito, é muito jovem (idade média abaixo de 34 anos), embora com diferenças consideráveis entre os diferentes grupos de nacionalidades. Em geral, a proporção de crianças de 0 a 14 anos, entre os estrangeiros, é 5 pontos percentuais superior à proporção dos italianos, na mesma faixa etária. A faixa etária entre 15 e 39 anos representa pouco mais de 43% da população estrangeira total, enquanto na italiana representa 25,5%. Pelo contrário, as pessoas com 65 anos ou mais, entre os estrangeiros, têm uma incidência de 4%, enquanto na população italiana equivalem pouco mais de 24%.

Gêneros

A composição da população estrangeira por gênero é equilibrada, com uma ligeira vantagem feminina: as mulheres perfazem 51,7%. Esse equilíbrio, entretanto, varia de acordo com o país de origem do migrante. Sabe-se, de fato, que algumas comunidades, como a ucraniana, são majoritariamente femininas, enquanto originários de Bangladesh, por exemplo, têm uma prevalência masculina. Para vários grupos, o equilíbrio entre os sexos tem sido uma condição alcançada ao longo do tempo, como no caso dos marroquinos para os quais, no passado, havia um desequilíbrio mais claro a favor dos homens. Para outras comunidades, como a China, as migrações quase sempre são do tipo familiar, com uma composição de gênero imediatamente equilibrada.

Composição geográfica

Em relação à distribuição geográfica do número de migrantes no país, a população estrangeira está notoriamente concentrada no Centro-Norte, onde há uma incidência de mais de 10%, no total de moradores. No Sul, a presença do estrangeiro permanece mais contida, embora esteja crescendo: 4,6 residentes estrangeiros a cada 100 habitantes, no Sul, e 3,9, nas ilhas.

O primado de presença, em termos absolutos, vai para as regiões do Noroeste (Liguria, Lombardia, Piemonte e Valle d'Aosta), com 1.764.305 residentes de nacionalidade estrangeira, o equivalente a mais de um terço (33,6%) do número total de estrangeiros. Cerca de um cidadão estrangeiro, em cada quatro, reside nas regiões Nordeste (Emilia-Romagna, Friuli-Venezia Giulia, Trentino-Alto Adige e Veneto ), 23,9%, e Centro (Lazio, Marche, Toscana e Umbria), 25,4%.  A presença de estrangeiros no Sul (12,2%) e nas ilhas (4,9%) é mais moderada. 

Nacionalidades

A Itália é um país que tem em seu território a presença de quase 50 nacionalidades diferentes, com pelo menos 10.000 habitantes cada. Em 31 de dezembro de 2018, o total de nacionalidades na Itália era 196. As cinco mais numerosas são a romena (1 milhão 207 mil), albanesa (441 mil), marroquina (423 mil), chinesa (300 mil) e ucraniana (239 mil), que por si só representam quase 50% do número total de residentes estrangeiros, confirmando o ranking de 2017.

Entre 2018 e 2019, o número de estrangeiros residentes com registro em cartórios (mais de 157 mil) cresceu mais de 20 mil, em relação ao ano anterior (+ 17,7%). A sua presença é mais acentuada no Noroeste e no Centro da Itália, onde metade dos residentes estrangeiros reside em coabitação (com um crescimento de 10 mil unidades). Considerando esses dados, em relação ao número de estrangeiros residentes no território, no entanto, a incidência percentual de moradores com registros é maior nas ilhas (6,2%) e na região Sul (4,9%), em comparação com o registrado nas regiões Norte (2,7%). 

Os novos italianos

Até 1º de janeiro 2018, residiam na Itália mais de 1 milhão e 340 mil pessoas que adquiriram a cidadania italiana, em 56,3% dos casos eram mulheres. Dos residentes que adquiriram a cidadania, 13,7% dos casos eram de marroquinos e 12,6% de albaneses. Em particular, para cada 100 estrangeiros marroquinos, existiam 44 italianos de origem marroquina; para cada 100 albaneses, 38 italianos de origem albanesa.

Marroquinos e albaneses representam 8,1% e 8,6%, respectivamente, de residentes estrangeiros, mas considerando a população de origem estrangeira (residentes estrangeiros + italianos por aquisição), eles representam mais de 9%. 

O oposto é verdadeiro para a comunidade romena que tem um peso percentual que excede 23% dos estrangeiros, mas pesa menos de 20% quando se considera a população de origem estrangeira. A propensão a adquirir a cidadania italiana também é muito baixa para os chineses. 

Os cidadãos italianos por aquisição da cidadania concentram-se, principalmente, nas regiões da Centro-Norte, como Lombardia (22,7%), Veneto (11,8%) Piemonte (11,4%) e Emília Romagna (10,7%), enquanto seu número está muito contido no Sul.

Se nas regiões Norte há, na maioria dos casos, pelo menos 25 cidadãos por aquisição para cada 100 estrangeiros, no Sul, a proporção cai na Campânia, com menos de 15%. Se considerarmos a população total de origem estrangeira, e não apenas os residentes estrangeiros, a concentração nas áreas do Norte é ainda mais evidente.

Em mais de 20% dos casos, a aquisição de cidadania é feita por menores de idade (quase 275 mil). As principais cidadanias anteriores à aquisição são a marroquina, albanesa, indiana, paquistanesa e romena.

78% dos menores que adquiriram cidadania nasceram na Itália. A proporção de nascimentos no país varia significativamente, dependendo da comunidade considerada: excede 90% para os nascidos com cidadania albanesa e tunisiana e fica abaixo de 80% para a Índia, Senegal e Paquistão.

No entanto, a aquisição da cidadania nem sempre é um passo em direção à estabilização definitiva no território italiano. Nos últimos anos, de fato, também houve uma tendência para novos cidadãos deixarem a Itália. Dos quase 669 mil cidadãos de fora da UE que se tornaram italianos, entre 2012 e 2017, cerca de 42 mil pessoas transferiram residência para o exterior durante o mesmo período, dos quais 42,1% (17.588) apenas em 2017.

Aqueles que se tornaram cidadãos italianos mostram uma propensão diferente a emigrar, dependendo da cidadania. Dos 20.487 brasileiros que adquiriram a cidadania italiana, nos últimos 6 anos, mais de 6.000 deixaram a Itália, com uma incidência de mais de 29%; um fenômeno a ser ligado também ao elevado número de aquisições que ocorrem pelo ius sanguinis.