Lula ganha sapato italiano
Durante a solenidade de abertura da Feira Internacional de Calçados - Couromoda, nesta segunga-feira (12), em São Paulo, o presidente Lula foi presenteado com dois pares de sapatos: um italiano e um brasileiro. O calçado italiano foi entregue pelo presidente da Associação das Indústrias de Calçados da Itália, Vito Artioli, que pertence a uma família que produz calçados para os grandes mandatários e presidentes do mundo há cerca de cem anos.
Já o calçado brasileiro, da marca Sândalo, foi entregue ao presidente Lula pelo sapateiro e artesão Cleber Augusto Rodrigues, que trabalha há 10 anos no setor de calçados e que nas horas vagas, produz sapatos miniatura.
Made in Italy by China?
O empresário e estilista italiano Vito Artioli, presidente da ANCI – Associação Italiana da Indústria de Calçados, durante encontro com jornalistas na última edição da Couromoda, disse que produzir calçados de luxo ou alto preço no Brasil pode ser uma excelente oportunidade para que grifes européias se tornem novamente competitivas no mercado americano.
“A produção de calçados na Europa está mudando”, confirma Artioli. “Atualmente, grandes grifes internacionais já produzem seus calçados e acessórios fora da Europa, especialmente em países da Ásia. Muitos calçados italianos hoje também são feitos no Leste da Europa, buscando menores custos e mais competitividade. Com o dólar desvalorizado internacionalmente, exportar em Euros – como é o caso dos italianos – é uma operação que perde competitividade.
Vito Artioli é também presidente da Micam, a principal feira de calçados do planeta e um grande conhecedor do mercado mundial de sapatos. “Percebo que a qualidade do calçado feito no Brasil melhorou muito nos últimos anos. Além disso, o país conta uma estrutura industrial, de matéria-prima e de mão-obra que o coloca como potencial parceiro para produção das melhores grifes mundiais.
“Aqui na Couromoda tive a oportunidade de conhecer empresas que fazem calçados masculinos com a mesma qualidade dos que são feitos na Itália. Com este padrão de qualidade e com a situação cambial de dólar baixo, o Brasil passa a ser uma alternativa muito interessantes para a realocação da produção italiana de artigos de luxo, visando a exportação para o mercado americano”, ressaltou Artioli.
Mercado rico em matéria-prima
Vito Artioli também ressaltou que o Brasil tem um dos melhores couros do mundo e abundância em matéria-prima, o que o coloca à frente de muitos outros países e amplia suas vantagens competitivas. “O Brasil é rico em matéria-prima e tem tecnologia sofisticada para processar estes couros, o que é muito importante para o futuro das produções. Outro fator que também vem contribuindo para um novo posicionamento do Brasil no exterior é que os fabricantes estão investindo mais em novas tecnologias e em moda. Este é o caminho que os empresários brasileiros devem seguir e apostar cada vez mais. Quanto mais qualidade e cuidado nos detalhes de um calçado, mais sucesso e chances este produto terá no exterior”, frizou.
Certificado de origem
Questionado pelos jornalista sobre o “Made in Italy” feito na China, Artioli lembrou que a ANCI vem lutando há anos pela implantação do Certificado de Origem no mercado europeu. Confirmou que, efetivamente, muitas empresas italianos estão produzindo sapatos na China e vendendo-os como se fosse produção verdadeiramente italiana. “Nossa posição não é a de restringir a oportunidade dos industriais de produzirem onde quiserem. Esta é uma decisão de caráter individual de cada empresa. Nossa posição é a de que o consumidor tem o direito de saber onde é fabricado o sapato que está comprando (com todas as implicações sociais, políticas e ambientais existentes por trás disso) e decidir se concorda com isso”.
MICAM: show de moda em calçados
Artioli também aproveitou a oportunidade para falar sobre a MICAM Shoevent, que acontece duas vezes por ano, em Milão. A feira vem crescendo a cada edição e já se consolidou como a principal mostra de moda em calçados do mundo.
A mostra já ocupa cerca de 75 mil metros quadrados (líquidos), espalhada por vários pavilhões totalmente setorizados, e tem oportunidade de crescer ainda mais. “No entanto, tomamos a decisão de limitar o crescimento da feira, em respeito aos lojistas e compradores. Uma feira grande demais se torna difícil de trabalhar em apenas quatro dias. Assim, temos hoje mais de 300 empresas em “stand by”, à espera de uma oportunidade de participar da MICAM”.
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