Investigação sobre cidadania a brasileiros é concluída
Ex-funcionária do Cartório do município de Uggiate (Como), no norte da Itália, foi formalmente acusada de falsificação. Brasileira, proprietária de agência de intermediação, teve pena suspensa, após negociação.
Fraudes relacionadas ao reconhecimento da cidadania a brasileiros na Itália prosseguem, ocupando destaque na imprensa italiana. O mais recente episódio diz respeito à denúncia formal de uma funcionária do cartório de Uggiate con Ronago, município com cerca de cinco mil habitantes, na província de Como, no norte do país. As investigações tiveram início em julho deste ano, quando foi constatada a declaração de falsa residência a 171 brasileiros, clientes de uma agência de intermediação liderada por uma brasileira residente na Suíça, que teve a pena suspensa após negociação de possível delação premiada.
Foi verificado que, em algumas fases da atividade, apartamentos foram ocupados com 74, 60 e 37 pessoas, durante um período de 6 meses, com o paradoxo da presença de dezenas de pessoas em apenas 90 metros quadrados. A atividade de intermediação rendeu a quantia de mais de 3.500,00 por cada cliente. Foi precisamente o elevado número de pedidos que suscitou a suspeita de um colega do cartório, também funcionário da Câmara Municipal de Uggiate, que denunciou a anomalia aos polícias locais.
Além de Uggiate, no início das investigações, em julho passado, também foram realizadas buscas nos cartórios de Cucciago, Blevio e Rodero, com a apreensão de numerosos arquivos relativos às cidadanias jure sanguinis de cidadãos brasileiros residentes nesses municípios.
Acompanhe a seguir matéria publicada, no início desta semana, pelo portal italiano Il Giorno.
Falsas residências a 171 cidadãos brasileiros: acusada de falsificação uma oficial do cartório de Uggiate
A vice-procuradora de Como Antonia Pavan concluiu as investigações, formalizando as acusações contra Isabella Barelli, 52 anos de Bizzarone.
Uggiate con Ronago (Como) – Reconhecimento de residência inexistente para dezenas de brasileiros que obtiveram a cidadania italiana: uma investigação da Squadra Mobile, que no final de julho resultou em duas ordens de prisão preventiva que puseram fim a um sistema cujos representantes eram duas mulheres. Agora, a vice-procuradora de Como, Antonia Pavan, concluiu as investigações, formalizando as acusações contra Isabella Barelli, 52 anos, de Bizzarone, cartório de Uggiate con Ronago, que acabou em prisão domiciliar. No entanto, foi suprimida a co-ré, Cinthia Roberta Gonçalves, brasileira residente em Morbio Inferiore, no cantão de Ticino (Suíça), proprietária de uma agência de intermediação, para quem havia sido emitida a prisão preventiva, e que decidiu negociar um período de dois anos de prisão com pena suspensa.
A denúncia fala de falsificação de documento público e de falsificação ideológica conjugada: no espaço de aproximadamente dois anos, de fevereiro de 2022 a janeiro de 2024, ao certificarem residências inexistentes, conseguiram obter a cidadania italiana para 171 brasileiros, homens e mulheres.
Todos os beneficiários deste canal subsidiado são descendentes diretos de italianos, pelo que têm direito à cidadania “iure sanguinis”, caso residam estavelmente na Itália. No entanto, o pedido comporta muito tempo, até dez anos. Gonçalves, graças à ajuda de Barelli, organizou assim um canal que garantiu a obtenção do estatuto num curto espaço de tempo, mediante o pagamento de 3.500 euros por candidatura. Lucro recolhido exclusivamente pela intermediária, sem qualquer benefício econômico para a funcionária do cartório. Com este sistema, a agência garantia a chegada à Itália, a obtenção de residência habitual fictícia em quatro casas em Uggiate, o pagamento dos proprietários para assinarem falsas declarações de hospitalidade e o registro no cartório. Fase, esta última, em que Barelli teria intervindo.
A investigação começou a partir do relato de outro funcionário municipal. Constatou-se assim que os certificados de residência emitidos pela Barelli, fundamentais para a aceitação do pedido, não tinham correspondência com a realidade.
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