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A história de Nossa Senhora das Neves

A história de Nossa Senhora das Neves transcorre em 352, na cidade de Roma, no primeiro ano do pontificado do Papa Libério, no século IV, sendo uma das primeiras manifestações da Santíssima Virgem Maria após a Sua Assunção ao Céu. 

A festa de Nossa Senhora das Neves (em italiano diz-se Madonna della Neve) é comemorada em 5 de agosto, em Roma e em muitas cidades e vilas da Itália.

Imagem da Diocese de Madonna della Neve, em Torino

A tradição histórica de Nossa Senhora das Neves foi narrada pelo frei dominicano Bartolomeu de Trento, em sua obra escrita entre os anos de 1241 e 1251, no Mosteiro de San Lorenzo em Trento.

Vejamos como tudo aconteceu, conforme foi narrado pelo frei Bartolomeu de Trento:

- Corria o ano de 352. Na manhã do dia 5 de agosto, em pleno verão escaldante em Roma, os habitantes do Monte Esquilino tiveram uma estranha surpresa: durante a noite, havia nevado e um manto branco e macio de neve cobria parte do solo.

Com tal prodígio, a Virgem Maria havia indicado a um nobre romano, chamado Giovanni, e à sua esposa, que naquele lugar Ela desejava que fosse erguido um templo em sua homenagem.

Por muito tempo, o casal, que não tinha filhos, desejava usar sua riqueza em um trabalho que honrasse a Deus e, para esse fim, os dois frequentemente rezavam à Virgem Maria pedindo orientação sobre como sua riqueza poderia ser usada. 

Madonna della Neve, Francisco Henriques (1508)

Nossa Senhora Santíssima apareceu a Giovanni em sonho, na noite de 4 para 5 de agosto, e disse-lhe que desejava que uma basílica fosse construída no Monte Esquilino. Ela deixaria neve milagrosamente no local, na área exata em que ela queria que fosse construída a igreja.
Na manhã seguinte, emocionado com o sonho e com a nevasca milagrosa que havia se confirmado no local indicado por Nossa Senhora, Giovanni foi ao Papa Libério para lhe contar o ocorrido e para sua surpresa o pontífice lhe disse que ele havia tido o mesmo sonho durante aquela noite.
Então, Papa Libério, seguido pelo patrício Giovanni e uma grande procissão de pessoas e prelados, dirigiu-se ao topo do monte Cispius, no Esquilino, e sobre a neve ainda intacta marcou os limites da nova igreja que ali seria construída.

Milagre das Neves, local da fundação da Baílica Santa Maria Maggiore, Perugino (1450-1523)

Assim encerra-se a história narrada pelo frei Bartolomeu de Trento, escrita entre os anos de 1241 e 1251.

Não há aprovação oficial da Igreja Católica para esta aparição.

A primeira igreja construída neste local, no monte Esquilino, onde ocorreu a neve milagrosa, foi chamada de Basílica Liberiana ou Santa Maria Liberiana, em homenagem ao papa Libério.

Passado quase um século, no ano 432, a igreja no monte Esquilino foi demolida por decisão do Papa Sisto III (432-440) para ser reconstruída de forma mais suntuosa, e então passou a ser chamada de Igreja Santa Maria Madre di Dio, em memória ao Concílio de Éfeso, que fora realizado um ano antes, em 431, quando houve a declaração dogmática da "Divina Maternidade de Maria".

No século X, o milagre da neve no Monte Esquilino era amplamente aceito e presente na sociedade romana, ao ponto da Basílica ser popularmente chamada de Santa Maria Nives.

Entre os anos de 1241 e 1251, o frade dominicano Bartolomeo de Trento escreve os fascículos do Liber miraculorum Beatæ Mariæ Virginis (Livro dos Milagres da Bem-Aventurada Virgem Maria) e do Liber epilogorum in gesta sanctorum (Livro de epílogos sobre os feitos dos santos), onde narra o milagre de Nossa Senhora das Neves.

Em 1288, a Basílica é chamada de "ad Nives" em uma bula do Papa Nicolau IV, e desse ano datam os mosaicos de Filippo Rusuti, em que o pintor retrata a história do milagre, ainda hoje visível na galeria do século XVIII que cobre a fachada original da Basílica.

A Basílica, adornada com mosaicos extraordinários, obras de arte e objetos de valor, teria sido renomeada em 1568 “Basílica de Santa Maria Maggiore”, porém seguiria sendo referida como "Nossa Senhora das Neves", no Missal Romano, até 1969.

Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma

O culto na Itália

O culto a Nossa Senhora das Neves (Madonna della Neve) na Itália aumentou ao longo do tempo, tanto que entre os séculos XV e XVIII houve uma ampla divulgação de igrejas dedicadas a Nossa Senhora das Neves, com o estabelecimento de muitas festas locais que ainda envolvem vilas e bairros inteiros de norte a sul do país.

Hoje, somente na Itália, existem mais de 150 igrejas, santuários, basílicas menores, capelas, paróquias ou confrarias intituladas Nossa Senhora das Neves. Cada região italiana conta com um bom número de templos, principalmente em áreas onde a neve é comum.

Festa do milagre das neves, na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma

Na basílica romana de Santa Maria Maior, a primeira igreja do Ocidente dedicada a Nossa Senhora, o assim chamado “Milagre da Neve” é relembrado anualmente, desde 1983, por meio um espetáculo de som e luz, no qual a neve é representada por uma chuva de pétalas brancas lançadas do teto sobre o hipogeu.

O culto no Brasil

No Brasil, Nossa Senhora das Neves é padroeira de João Pessoa, capital da Paraíba, e por isso o dia 5 de agosto é considerado feriado religioso no município e estadual desde 2015. Em João Pessoa, anualmente, é realizada a tradicional missa e procissão em honra a Nossa Senhora das Neves, do Mosteiro de São Bento até a Catedral, que reúne uma multidão de fiéis.

Basílica de Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa (PB)

Ainda no Brasil, Nossa Senhora das Neves é também padroeira dos municípios de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, de Iguape, no estado de São Paulo, e de Vigia de Nazaré, no estado do Pará.

Oração a Nossa Senhora das Neves

Nossa Senhora das Neves, Rainha Imaculada do Universo, deste santuário privilegiado, concedeste tantas graças incontáveis e promessas de amor aos corações e almas de milhões. Ó Mãe, deste berço do Cristianismo, desta Mãe Igreja de todas as igrejas, digna-te derramar as graças do teu Imaculado Coração sobre os Fiéis remanescentes em todo o mundo, onde quer que estejam, e concede-lhes as graças de um amor infantil e inabalável fidelidade às santas verdades da nossa fé. Concedei, boa Mãe, aos fiéis Bispos da Igreja a graça de defender os Seus Sagrados Ensinamentos e perseverar corajosamente contra todos os inimigos da Santa Igreja.