UIL

Parmalat pretende sair do mercado brasileiro

Por Carolina Mandl, de São Paulo

O Brasil não está mais nos planos da Parmalat italiana. No programa de reestruturação apresentado ontem pela multinacional ao ministro da indústria da Itália, Antonio Marzano, a Parmalat diz que abandonará as atividades na América Latina e Ásia, concentrando-se na América do Norte e Europa.

"A operação brasileira não era enorme e nunca foi rentável. A Itália não tem condições de manter a propriedade aqui", afirma Nelson Bastos, presidente da subsidiária brasileira. De janeiro a abril deste ano, o Brasil correspondeu a apenas 2,3% do 1,5 bilhão de euro que o grupo faturou no mundo. O prejuízo operacional no Brasil foi de R$ 43,8 milhões, antes de juros, amortizações e impostos.

Mas ainda não se sabe quando a Parmalat italiana deixará de ter o controle no Brasil. "Ninguém vai pagar pela empresa o passivo que ela tem hoje", diz Bastos. A operação será mantida por enquanto, para que aumentem as chances de recebimento dos credores. Antes de ser vendida a empresa deve passar por uma reestruturação, que inclui a concordata, ainda não deferida pela Justiça. A tendência é que a matriz deixe de ter participação acionária no Brasil por acordo com credores ou venda a interessados.

A empresa tem até o início de julho para apresentar à Justiça suas contas. Em balancete não auditado incluído em processo judicial, a Parmalat Participações, holding no Brasil, tinha um passivo R$ 4 bilhões maior que o ativo. Mas, segundo Bastos, com a reclassificação dos credores e levando em conta ativos intangíveis, o valor econômico da empresa supera seu passivo, o que viabilizaria a concordata.