Dona Teresa Cristina
Dona Teresa Cristina tinha o apelido de "a Mãe dos Brasileiros". Ela foi Imperatriz do Brasil, esposa do Imperador Dom Pedro II, cujo reinado ocorreu de 1831 a 1889 – ano em que foi encerrada a Monarquia e implantada a República, e os dois foram expulsos do Brasil.
A Princesa Dona Teresa Cristina nasceu em Nápoles, capital do Reino das Duas Sicílias, no dia 14 de março de 1822, tendo sido a nona dos doze filhos e filhas do Rei Francesco I, das Duas Sicílias, com sua segunda esposa, a Infanta Maria Isabel da Espanha.
O Reino das Duas Sicílias compreendia o Reino de Nápoles e o Reino da Sicília, e existiu até 1861, quando foi suprimido pela Casa de Saboia, que liderou o movimento pela unificação italiana e a proclamação do Reino da Itália.
Nápoles, quando Teresa Cristina nasceu, era uma das cidades mais avançadas da Europa.
Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina
Extremamente inteligente e refinada, a jovem Princesa Teresa Cristina teve uma educação esmerada. Estudou música, religião, canto, as belas artes, aprendeu a bordar e a falar francês.
No dia 30 de maio de 1843, a Princesa Dona Teresa Cristina casou por procuração, em Nápoles, com o Imperador Dom Pedro II do Brasil. A jovem Imperatriz desembarcou no Rio de Janeiro no dia 3 de setembro daquele mesmo ano.
Numa época em que o papel de uma consorte real era gerar herdeiros para seu marido e para a Nação, o vínculo de amor era secundário. Entretanto, Teresa Cristina teria se apaixonado pelo novo marido à primeira vista. Ele era alto, loiro e bem proporcionado, tinha olhos azuis e era considerado bonito.
A Imperatriz Teresa Cristina e seus três últimos filhos.
A Imperatriz Dona Teresa Cristina se adaptou rapidamente ao Brasil. Seu completo alheamento em relação à política, sua generosidade para com os necessitados, seu sorriso terno e bondoso e o trato sempre amável ganharam a admiração do povo brasileiro. Sua Majestade se tornou a “Mãe dos Brasileiros”, a senhora mais popular e respeitada em todo o Império.
Da união com Dom Pedro II nasceram quatro filhos.
O primeiro, o Príncipe Dom Afonso (1845-1847) – que faleceu com dois anos de idade. Depois, a Princesa Dona Isabel (1846-1921), que foi a Princesa Imperial do Brasil após a morte de seus irmãos e que por três vezes exerceu a Regência do Império. A Princesa Dona Leopoldina (1847-1871), que faleceu com 24 anos de febre tifoide. E o Príncipe Dom Pedro Afonso (1848-1850), o último filho do casal, e que também faleceu com dois anos de idade.
A Imperatriz Dona Teresa Cristina era avessa às pompas. Discreta, ela dedicou sua vida à caridade e à cultura. Ela teve grande influência na imigração de italianos e alemães para o Brasil, e não somente aqueles que trabalharam nas lavouras, mas também médicos, engenheiros, professores, farmacêuticos, enfermeiras, artistas e artesãos.
No Rio de Janeiro, sob o alto patrocínio da Imperatriz, floresceram o artesanato, a música e o teatro
Dona Teresa Cristina e Dom Pedro II iam com frequência ouvir óperas de companhias italianas em turnê pela América do Sul. Intelectuais, cientistas e muitos artistas foram chamados da Europa. Amante da música e educada no canto, Teresa Cristina despertou muita admiração.
Em diversos escritos da época, a Baía de Guanabara foi comparada ao Golfo Napolitano.
A grande paixão da imperatriz Teresa Cristina foi a arqueologia. Vários achados das ruínas de Pompéia e Herculano partiram de Nápoles para o Rio de Janeiro. Além disso, depois de herdar algumas propriedades na Região do Lazio, Teresa Cristina promoveu uma campanha de escavação na cidade antiga de Veio, próxima a Roma, garantindo a descoberta de importantes achados etruscos.
Graças à princesa napolitana, o Brasil recebeu mais de 700 peças, o maior acervo de arqueologia clássica da América Latina. A "Coleção Teresa Cristina", entretanto, foi quase completamente destruída no incêndio do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2 de setembro de 2018.
O casal sofreu uma dor enorme com a morte de seu filho mais velho Afonso Pedro, em junho de 1847
O Príncipe estava a brincar na biblioteca do Palácio de São Cristóvão quando começou a sofrer convulsões, morrendo pouco depois. Foi um choque muito grande para Dona Teresa Cristina que temeu pela sua saúde, já que estava grávida da princesa Leopoldina e daria à luz em um mês.
Outra tragédia veio com a morte do segundo filho, Pedro Afonso, em janeiro de 1850. Com o falecimento dos dois meninos, o Brasil tinha duas princesas como herdeiras, já que a imperatriz nunca mais engravidou. Por fim, a família imperial viveu novamente uma tragédia: Depois de ter dado à luz quatro filhos, entre 1866 e 1870, Leopoldina, aos 24 anos, morreu de febre tifoide em 7 de fevereiro de 1871.
A saúde de Dona Teresa Cristina piorou e o casal imperial teve que ir a vários médicos na Europa, em 1876 e 1888.
A rotina doméstica do casal Imperial terminou quando uma facção do exército se rebelou e derrubou Pedro II em 15 de novembro de 1889, proclamando a república e ordenando que toda a Família Imperial deixasse o Brasil.
Dom Pedro II, Teresa Cristina e a filha Isabel embarcaram para Portugal na madrugada de 17 de novembro. Depois de adoecer durante a maior parte da travessia do Atlântico, Teresa Cristina e a família chegaram a Lisboa, no dia 7 de dezembro. De Lisboa o casal imperial seguiu para a cidade do Porto. Isabel e sua família partiram para a Espanha.
Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina encontraram alojamento no “Grand Hotel”, na verdade um modesto hotel. Em 24 de dezembro, a Família Imperial recebeu a notícia oficial de que haviam sido banidos do Brasil para sempre.
Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, na velhice
Apaixonada pelo Brasil, o exílio imposto pelos republicanos abalou profundamente. Dona Teresa Cristina. Já envelhecida e doente, ela faleceu de desgosto, na cidade do Porto, em Portugal, em 28 de dezembro de 1889, pouco mais de um mês após a proclamação da República.
No hotel, ela se sentiu mal e morreu de infarto em seu quarto, aos 67 anos. Ao lado dela estava a Baronesa de Japurá, Maria Isabel de Andrade Lisboa, a quem Teresa Cristina teria dito: "Não estou morrendo de doença, mas de dor e tristeza".
A notícia da morte da Imperatriz Dona Teresa Cristina gerou luto sincero no Brasil.
Dona Teresa Cristina foi sepultada no Panteão dos Bragança, em Lisboa, na igreja de São Vicente de Fora, mas seus despojos foram repatriados conjuntamente com os do Imperador em 1921, após o fim da Lei do Banimento, sendo recebidos com grandes festividades. Atualmente, os seus restos mortais repousam, ao lado dos de seu esposo, Dom Pedro II, na Catedral de Petrópolis.
Teresa Cristina é lembrada nos nomes de várias cidades brasileiras, incluindo Teresópolis (no Rio de Janeiro), Teresina (capital do Piauí), Cristina (em Minas Gerais) e Imperatriz (no Maranhão).
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