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A imagem

Por Plínio Mioranza*

A campanha eleitoral foi diferente das anteriores em gênero e número. Principalmente em gênero. O esforço de todo o candidato era se posicionar na liderança. Cada um colheu o que semeou e o que conquistou. Os pretendentes se municiaram de pessoas capazes em montar uma agenda possível. Outros em construir uma imagem impossível. A façanha da imagem impossível coube ao cabeleireiro e uma equipe maquiadora de renome da alta elite para apresentar na telinha uma imagem nova e inédita da candidata a presidente do Estado Brasileiro. O milagre parecia impossível. Ele aconteceu. A cara autoritária e austera da candidata se transformou num rosto que coube perfeito na telinha. A arcada dentária superior do tipo castor, recuou, fazendo avançar as bochechas, jogando-a atrás de um baton vermelho forte, ressaltando um econômico e gelado sorriso, tentando trazer de volta meia juventude perdida nos embates da sexagenária pretendente. Os meios de comunicação visual são poderosos. A primeira impressão é a que fica. Uma imagem vale mais que muitas palavras, embora nos debates as palavras vinham truncadas pela força power point. O eleitor acostumado com carnaval colorido e fantasioso, futebol cheio de lances impressionantes, novelas que levam multidões a um mundo imaginário, além de um persistente uso do poder de que a candidata era detentora, levou- o a depositar o voto na melhor imagem. Quem subestima o movimento das telinhas de todos os tipos em poder da população, comete o primeiro erro. E erro tem perdão, mas, o povo não esquece. Em política errar é perder. No rosto, dentro da telinha fria, faltou o elemento mais importante que a equipe da transformação não conseguiu devolver e nem exibir – a emoção. Desejamos a nova presidente um governo cheio de positivas e agradáveis emoções. É o que o povo brasileiro espera.

*Plínio Mioranza – Empresário
plinio@mp.com.br