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Ciampi fecha consultas enquanto Berlusconi negocia novo gabinete

O presidente da República Italiana, Carlo Azeglio Ciampi, concluiu nesta sexta-feira as consultas para escolher um candidato a chefe de governo, enquanto o principal favorito, Silvio Berlusconi, mantém contatos destinados à formação do gabinete.

Pouco após o meio-dia (hora local), Ciampi terminou a rodada de consultas iniciada na quinta-feira de manhã com responsáveis por partidos políticos e várias instituições do país para sondar seu ponto de vista em relação à crise e colocar um nome ao candidato a primeiro-ministro.

Os líderes dos partidos de centro-direita, majoritários no Parlamento, apontaram o nome de Berlusconi, o que o torna o candidato claro para configurar um novo gabinete, após a renúncia na quarta-feira passada, que surgiu da ruptura interna após a derrota da coalizão nas eleições regionais de 3 e 4 de abril.

Por isso, Berlusconi assumiu que é o candidato "in pectore" e não se escondeu na hora de manter encontros destinados à formação do novo Executivo, tarefa que poderia receber ainda nesta sexta-feira.

Ciampi sugeriu isto numa declaração institucional para a imprensa em que disse que fará uma breve reflexão e decidirá "o mais rapidamente possível" o nome da pessoa encarregada de nomear um novo gabinete.

O chefe do Estado italiano afirmou que os encontros mantidos na quinta-feira e na sexta-feira foram "numerosos e úteis", e disse que todos os dirigentes expressaram seu ponto de vista com clareza, o que, segundo ele, favorece a conclusão rápida da crise. A previsão é de que Ciampi anuncie sua decisão durante a tarde desta sexta-feira e que a faça pública com uma nota oficial.

Berlusconi afirmou na noite de quinta-feira que o processo de formação do novo governo estava bastante avançado, e acrescentou: "Não sei em que momento será (dada a tarefa), mas acho que terei preparada a lista de ministros." A pretensão do líder conservador não é a de fazer "um governo fotocópia" do que acaba de renunciar, mas tudo leva a crer que as mudanças serão poucas, especialmente porque tentar fazer muitas remodelações dificultaria o equilíbrio entre todos os partidos da coalizão.

Um dos principais problemas consiste em quem receberá o Ministério para as Reformas, mas é mais que provável que a Liga Norte, que ocupou este ministério desde 2001 com Umberto Bossi e Roberto Calderoli, mantenha este cargo.

Quem não estará no novo gabinete será o líder da União dos Democratas-Cristãos (UDC), Marco Follini, que até agora é vice-primeiro-ministro e que voltará a se ocupar exclusivamente do seu partido.

A dúvida de Berlusconi é se forma um Executivo com vários vice-primeiro-ministros ou nenhum, enquanto aumenta a perspectiva de que entre algum independente ou representante de um dos partidos menores do bloco conservador, como o Republicano.

A intenção é a de formar uma equipe para chegar até o final da legislatura, em maio de 2006, disse o chefe interino do Executivo, que acrescentou que quer ser o candidato da centro-direita nestas eleições.