Bellunesi nel Mondo apoia mudanças na lei da cidadania italiana
Oscar De Bona, presidente da UNAIE (União Nacional de Imigrantes e Associações de Emigrantes) e da Associação Bellunesi nel Mondo, referência no mundo da emigração italiana, nas relações entre o Brasil e a Itália, manifestou apoio à recente declaração do presidente da Região do Vêneto, Luca Zaia, sobre a criação de novas exigências para o reconhecimento da cidadania aos descendentes de italianos. A justificativa é desafogar os setores judiciários e administrativos italianos, em vista do grande número de processos, especialmente oriundos do Brasil e da Argentina, conforme vem relatando sistematicamente a mídia italiana. Leia a seguir a matéria publicada pela redação do portal da Associação Bellunesi nel Mondo, na última segunda-feira (26/09).
Cidadania para os descendentes: o comentário de Oscar De Bona, Presidente da UNAIE e da Associação Bellunesi nel Mondo sobre as reflexões do Presidente da Região do Vêneto, Luca Zaia
A Itália, com a sua longa história de emigração, enfrenta hoje um fenômeno de retorno, pelo menos no sentido burocrático, com dezenas de milhares de descendentes de emigrantes italianos a solicitarem a cidadania. Isto levou a um debate acalorado sobre a questão do ius sanguinis, o direito à cidadania baseada na descendência. O presidente da Região do Vêneto, Luca Zaia, assumiu uma posição firme e, numa entrevista concedida ao Corriere del Vêneto, destacou os problemas ligados a um mecanismo que, se não for regulamentado, corre o risco de sobrecarregar o sistema administrativo e distorcer o sentimento de pertença a Itália.
Zaia, ainda nesta entrevista, sublinhou como muitos dos requerentes, descendentes de emigrantes vênetos que partiram no final do século XIX ou após a Segunda Guerra Mundial, muitas vezes não têm qualquer ligação com a Itália que não seja a genealógica, não falando a língua nem conhecendo as leis ou a cultura do país. “Não podemos aceitar que o nosso sistema administrativo fique paralisado por pedidos de pessoas que não têm nenhum interesse real na Itália, a não ser a obtenção do passaporte”, declarou Zaia, esperando a introdução de “requisitos mínimos”, como o conhecimento da língua italiana e a história do país, para garantir que a cidadania seja concedida apenas àqueles que demonstram um verdadeiro vínculo com a nação.
O comentário de Oscar De Bona, presidente da UNAIE (União Nacional de Imigrantes e Associações de Emigrantes) e da Associação Bellunesi nel Mondo, que manifestou o seu apoio às palavras do governador Zaia, enquadra-se neste contexto. «Aprecio profundamente a reflexão do presidente da Região do Vêneto sobre as modificações na lei do ius sanguinis» declarou De Bona «modificações que eu mesmo propus há dois anos ao subsecretário com delegação aos italianos no mundo Della Vedova e em 2023 ao subsecretário, sempre com a mesma delegação, Silli, além de ter compartilhado a necessidade com a ANCI Nacional e Vêneto. Espero que, também graças à intervenção de Zaia, o que foi proposto possa ser implementado.”
De Bona sublinhou como é fundamental apoiar as reivindicações dos descendentes de italianos, mas ao mesmo tempo é necessário distinguir entre aqueles que têm um interesse real em manter um vínculo com a terra dos seus antepassados e aqueles que vêem apenas a cidadania como uma oportunidade de obter direitos sem se sentirem parte da comunidade italiana. “Devemos evitar que a cidadania italiana seja vista como um documento a obter para ter vantagens, sejam elas ligadas à possibilidade de viajar ou ao acesso a serviços sociais e de saúde”, afirmou.
Segundo De Bona, a introdução de critérios como o conhecimento da língua italiana e uma verdadeira compreensão da história e da cultura do país são passos necessários para preservar o valor da cidadania italiana. "A nossa cidadania não pode ser um direito automático, deve ser merecida e sentida. Requisitos como o conhecimento da língua e da história já são exigidos por países como a Alemanha e a Áustria, não vejo porque não se possa seguir estes exemplos”, acrescentou. O debate, que também se insere numa discussão mais ampla sobre a reforma da cidadania na Itália, vê a proteção dos direitos dos emigrantes e dos seus descendentes, por um lado, e por outro, a necessidade de garantir que aqueles que obtêm um passaporte italiano tenham uma conexão real com o país e seus valores. A reflexão de Luca Zaia e o apoio de Oscar De Bona poderão ser um primeiro passo para uma reforma que torne o processo de aquisição da cidadania mais justo e ao mesmo tempo mais rigoroso.
Fonte: Bellunesi nel Mondo
Leia aqui a matéria em italiano
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