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Cidadania italiana: Bellunesi nel Mondo sugere mudanças na lei

Segundo o presidente da Associação Bellunesi nel Mondo, Oscar De Bona, é necessário simplificar os procedimentos para o reconhecimento da cidadania italiana aos ítalo-descendentes – àqueles que estão de boa fé e têm interesse na integração ativa com a comunidade. Entretanto, na condição que seja realizada uma entrevista com o requerente, a fim de verificar o conhecimento da língua e da cultura italiana. A manifestação de De Bona, em parte, vai de encontro à recente declaração do prefeito do comune de Val di Zoldo (veja aqui a matéria) que defendeu aumentar o limite geracional, com o objetivo de reduzir o número de demandas nos comunes italianos. Por outro lado, ambos convergem no seguinte: A Itália precisa de novos cidadãos que não apenas tenham interesse em obter a cidadania, mas que queiram também trabalhar e viver junto à comunidade.

Leia a seguir, matéria publicada no jornal online il Dolomiti (Trentino-Alto Ádige), assinada pela jornalista Alissa Clair Collavo.

Cidadania italiana, os belluneses no mundo: “Os descendentes na América do Sul? Um recurso precioso para a nossa Província que perde mil habitantes por ano”

Centenas os pedidos chegados dos descendentes dos belluneses emigrados no Brasil e na Argentina. O presidente da Associação Bellunesi nel mondo, Oscar De Bona: “Um problema que afeta não só Val di Zoldo, mas também outros municípios como Seren del Grappa. É necessária uma simplificação dos procedimentos.

BELUNO. São milhares os pedidos de cidadania italiana apresentados nos últimos anos pelos descendentes dos belluneses que emigraram para a América Latina a partir do final do século XIX.

Um fluxo quase incontrolável que está a colocar em dificuldades os escritórios de muitos municípios da Província (como Val di Zoldo), obrigados não só a colocar em espera a maior parte dos procedimentos, mas também a ter que lidar com vários recursos ao TAR pelos cidadãos estrangeiros interessados (artigo aqui).

Uma questão que vem sendo debatida há algum tempo “que também afeta, por exemplo, Seren del Grappa e muitos outros municípios da Itália”, lembra Oscar De Bona, presidente da Associação Bellunesi nel Mondo, há mais de uma década envolvido na promoção dos laços entre os emigrantes e o território de origem.

“Precisamos pressionar o governo para que mude esta lei”, afirma, instando “a política a se encarregar deste problema. Há um problema fundamental que foi levantado na assembleia do CGIE (Conselho Geral dos Italianos no Exterior) – explica De Bona – isto é, a necessidade de uma simplificação de procedimentos”.

Um percurso burocrático mais ágil para facilitar “aqueles que estão de boa fé” e que, portanto, estão dispostos a demonstrar um verdadeiro compromisso de integração e participação ativa na vida da comunidade. Os descendentes dos belluneses que queiram “obter a dupla cidadania – esclarece – podem fazê-lo, não faz sentido impedi-los desta possibilidade, na condição que seja realizada uma entrevista para verificar o seu conhecimento da língua e cultura italiana”.

Uma posição firme e em alguns aspectos inclusiva que contrasta com a “proposta de reforma muito mais drástica do atual decreto legislativo que pretende reduzir a possibilidade de obtenção do reconhecimento da cidadania italiana até à terceira geração”. Uma mudança que, segundo De Bona, “penalizaria a comunidade”.

Há algum tempo, de fato, “como Associação Bellunesi nel Mondo, estamos procurando  trazer centenas de pessoas (netos e descendentes de nossos emigrantes, em particular do sul do Brasil e da Argentina) para viver na província de Belluno". Uma presença necessária para preencher um vazio demográfico crescente, uma praga que atinge os pequenos municípios e as zonas montanhosas.

“A nossa província perde 1000 habitantes por ano e isso significa também falta de mão-de-obra”, conclui De Bona, lembrando como “estes cidadãos estrangeiros, futuros novos italianos, são recursos preciosos, aplicáveis em vários setores de trabalho”.

Il Dolomiti/Alissa Clair Collavo - 10/06/2024
Leia aqui a matéria em italiano