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Pesquisa aponta a capacidade antioxidante do Rosmarinus, ou alecrim

A capacidade antioxidante das folhas do alecrim, planta originária do Mediterrâneo e designada pelos romanos como rosmarinus, que em latim significa “orvalho do mar”, está sendo analisada em pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universiade de São Paulo (USP).

“O alecrim é bastante apreciado por seu aroma e sabor, tendo como constituintes os seguintes compostos fenólicos: ácido carnósico, carnosol, ácido rosmarínico, ácido caféico e éster do ácido hidroxicinâmico”, explica a nutricionista Ana Mara de Oliveira e Silva, autora da dissertação de mestrado Efeito dos compostos fenólicos presentes no alecrim (Rosmarinus officinalis L.) sobre as enzimas antioxidantes e os parâmetros bioquímicos de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina, defendida no dia 30 de maio deste ano.

O alecrim (Rosmarinus officinalis L.) é um arbusto comum na região do Mediterrâneo ocorrendo até 1.500 metros de altitude, preferencialmente em solos de origem calcária (segundo definição da Wikipédia, enciclopédia livre na Internet). Consta na enciclopédia que, “devido ao seu aroma característico, os romanos designavam-no como rosmarinus, que em latim significa “orvalho do mar.”

Foi avaliada a capacidade antioxidante in vitro de extratos e frações de ácidos fenólicos obtidos das folhas de alecrim e o efeito do extrato aquoso sobre ratos diabéticos. “Constatamos que tanto os extratos como as frações apresentaram altos teores de compostos fenólicos totais e expressiva atividade antioxidante in vitro nos três métodos utilizados.”

Ratos diabéticos

Mediante ensaio in vivo, os ratos diabéticos apresentavam valor de glicemia em torno de 350 miligramas por decilitro (mg/dl), com características típicas da doença: poliúria (aumento de diurese), polifagia (excessivo consumo de alimento), polidipsia (sede excessiva) e perda de peso.

Dentre os quatro grupos de ratos diabéticos, três foram tratados com extrato aquoso de alecrim administrado por 30 dias em concentrações diferentes. “O extrato aquoso de alecrim aumentou a atividade das enzimas antioxidantes (catalase e glutationa peroxidase) no fígado, e da superóxido dismutase no cérebro de ratos diabéticos, diminuindo também o percentual de hemoglobina glicada", afirma Ana Mara, explicando que, dessa forma, atenua-se o estresse oxidativo normalmente presente na doença.

Amostras de sangue e tecidos foram coletadas após dois meses de experimento para a avaliação da capacidade antioxidante do extrato aquoso de alecrim. “A mesma dose (concentração intermediária de compostos fenólicos), quando administrada por 60 dias, além dos benefícios sobre a glicação de proteínas (hemoglobina glicada) e enzimas antioxidantes, também reduziu a concentração de lipídios circulantes, creatinina, bem como, manteve os valores normais das enzimas de função hepática.”

O extrato aquoso de alecrim apresentou capacidade antioxidante in vitro significativa e quando administrado na concentração de 50 miligramas por quilo (mg/Kg) pode ter papel importante sobre o estresse oxidativo presente no diabetes experimental. “Esse dado indica que houve uma melhora significativa do perfil lipídico e antioxidante nos grupos de animais diabéticos que receberam o extrato aquoso dessa especiaria, sobretudo, na concentração de 50 mg/kg”, explica Ana Mara.

A dissertação de mestrado de Ana Mara foi orientada pelo professor Jorge Mancini Filho, diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Mancini coordena há duas décadas um grupo de pesquisas que tem se dedicado ao estudo das mais variadas ervas e especiarias – canela, mostarda, orégano, sálvia e erva-doce –, que são fontes de antioxidantes naturais. Essa capacidade antioxidante está relacionada aos compostos fenólicos que apresentam papel importante nos processos de inibição de risco das doenças cardiovasculares e podem atuar sobre o estresse oxidativo, relacionado com diversas patologias como o diabetes, o câncer e processos inflamatórios.

Mais informações com Ana Mara anamara@usp.br ou jmancini@usp.br, com o professor Jorge Mancini. (Agência USP de Notícias)