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Draghi executor eficiente da agenda globalista

Carta de Monsenhor Carlo Maria Viganò, de 3 de março de 2021.

Mario Draghi representa a quintessência da tirania da Nova Ordem, em sua competência cínica, no profissionalismo de sua ação devastadora, na eficiência de seus funcionários.

Os livres pensadores, até o século passado, podiam propagar suas próprias ideias repletas de princípios e retóricas maçônicas porque o corpo social não era liberal; podiam permanecer no adro das igrejas, na manhã de domingo, enquanto suas mulheres e seus filhos assistiam à missa, iam ao catecismo, eram instruídos pela Igreja e pelo Estado nos princípios morais e valores compartilhados de honestidade, senso de dever,  e 'amor à pátria . Eles poderiam enviar milhões de jovens vidas para morrer na guerra, em nome de ideais que ainda estavam ligados a um mundo essencialmente cristão, na verdade profundamente católico e romano: aquele mundo em que nossos soldados na frente de batalha recitavam o Rosário, rezando por seus caros e pela cara Itália, terra abençoada pela Providência, berço da civilização e sede do papado. Mas esses princípios liberais e maçônicos, embora denunciados pelos papas e combatidos por bispos, pregadores e teólogos, conseguiram romper nossa sociedade, especialmente após a Segunda Guerra Mundial e ainda mais após o desastroso 1968.

Encontramo-nos assim, devido à necessária e inevitável mudança geracional, a ter toda uma classe dirigente que se formou na escola do pensamento livre, na ideologia maçônica, no indiferentismo religioso, no Estado laico e na consequente crise moral do país. Décadas de doutrinação apagaram a herança moral e religiosa da Itália, levando os italianos a se envergonharem de um passado glorioso e a renunciarem a dois mil anos de cristianismo.

Em nome da tolerância, foi-nos pedido que permitíssemos a legitimidade do mal, garantindo-nos que de qualquer forma o bem não seria prejudicado: hoje o Estado garante e protege o mal e veio a proibir o bem.

Os crimes mais abomináveis podem ser cometidos, como matar uma criatura inocente no útero ou o idoso indefeso e o doente terminal no leito do hospital, mas é proibido defender a vida, a família, a religião.

Por outro lado, a essência do liberalismo - que, repito, é a aplicação política e social dos princípios da Maçonaria - reside precisamente em desarmar progressivamente a maioria dos bons e, ao mesmo tempo, apoiar e fortalecer a minoria dos corruptos, a pretexto de uma suposta e absurda igualdade de direitos. Mas não deveria ser tão difícil, se um pouco de raciocínio fosse usado, entender que a própria ideia de igualdade é absurda, porque pressupõe um achatamento das diferenças, uma homologação das diversidades que de fato acaba cancelando aquilo que vice-versa deveria tornar o corpo social - e o corpo eclesial por coerência - eficiente em todos os seus membros, diferentes mas harmoniosamente conectados.

Deveria ser uma escolha de progresso, sem privilegiar a verdade às custas do erro, sem reconhecer a primazia do bem sobre o mal, sem impor leis e doutrinas com a foça, mas promovendo sua aplicação com escolha consciente; nos encontramos como uma Nação corrupta, que aprova o concubinato e o aborto, promove a sodomia e a perversão, reconhece os direitos ao crime e ridiculariza ou mesmo condena a honestidade, a retidão, a virtude.

Pretender que um pé possa ver ou que uma mão possa ouvir, ou reduzir as funções dos órgãos ao um mínimo denominador comum, é uma operação absurda e infeliz, como seria de esperar que em um carro a embreagem desempenhasse a função das rodas ou que o motor fizesse o trabalho dos faróis. No entanto, nos negócios públicos, deixa-se governar quem não é constituído de autoridade, permite-se definir família uma união que por natureza é destinada à esterilidade do vício, é reconhecido o direito de decidir se uma lei é justa, não a quem tem a  sabedoria e a prudência de fazê-lo, mas àqueles que colocam o seu interesse particular antes do bem comum. E acabamos adorando o bezerro de ouro, recusando a adoração exclusiva ao Deus vivo e verdadeiro. Nisso, a democracia revela sua fraqueza, pois postula uma bondade inata na multidão, que, ao contrário, é propensa ao mal e ao pecado e que precisa ser guiada por uma autoridade que tem como modelo os valores transcendentes.

Esta corrida para o abismo tem as claríssimas conotações de nêmesis, punição de uma  hybris que não conhece freios, que desafia o Céu, que na vertigem da rebelião e do caos rejeita toda hierarquia e toda ordem impressa pelo Criador e Senhor de todas as coisas. Só assim podemos compreender as decisões nefastas dos governantes, desde a gestão da emergência pandêmica ao acolhimento indiscriminado de imigrantes ilegais; só assim podemos ver a loucura que une fatos aparentemente desconexos em um único desenho. Procurando alguma razoabilidade nas palavras do autoproclamado especialista que impõe máscaras para proteger a população de um vírus da gripe, ou na ordem da autoridade para fechar escolas e restaurantes, enquanto nos meios de transporte público os cidadãos são forçados a viajar apinhados, de acordo com essa loucura, reconhecendo nela uma racionalidade e uma lógica que ela não pode ter.

Assim como é absurdo contestar a alegada inevitabilidade dos empréstimos que a Itália deveria pedir à União Europeia, depois que essa - com métodos criminosos dignos dos piores agiotas - criou cientificamente as premissas sociais e econômicas da crise econômica. É igualmente absurdo perguntar por que os tratamentos da Covid são boicotados para favorecer as chamadas vacinas experimentais feitas com fetos abortivos e com efeitos ainda desconhecidos, quando é claro que a pandemia foi planejada, com o objetivo, por um lado, de enriquecer desproporcionalmente, o lobby farmacêutico, e outro que não para impor medidas de controle inaceitáveis.

Mas se esta nossa posição construtiva e aberta ao confronto podia, de alguma forma, ser justificada e desculpada, até poucos anos atrás, em nome de uma parcial compreensão do quadro global, hoje isso corre o risco de degenerar, numa espécie de cumplicidade obtusa, porque a presunção de boa fé da parte de nossos interlocutores foi amplamente renunciada. Os recentes acontecimentos da crise do governo Conte bis e a confiança depositada no governo do Presidente Draghi não são exceção, e se não surpreende o geral entusiasmo das partes, incluindo a chamada oposição, deixa-nos desconcertado o consentimento das vítimas à nomeação de um carrasco, muito pior do que o advogado de Volturara Appula (*Giuseppe Conte).

Na verdade, parece que o advento do cínico tecnocrata tenha sido saudado com alívio, após um ano de proclamações ruidosas e fracassos flagrantes de seu predecessor e de todo o seu grotesco grupo de inapresentáveis. Se de fato houve quem, até ontem, deplorava a péssima gestão da pandemia, com golpes de DPCM (Decreto do Presidente do Conselho de Ministros), tão ilegítima quanto devastadora, hoje a eficiência no cumprimento do mesmo plano parece representar uma melhoria, como se os condenados à morte se alegrassem com o melhor afiar a lâmina do machado, enquanto abaixa voluntariamente a cabeça no bloco para receber o golpe do carrasco.

Os italianos, induzidos ao espanto e à servidão pelas marteladas da mídia e uma operação de manipulação das massas, têm sido ainda mais obedientes do que outras nações, aparentemente mais disciplinadas: enquanto em nossas cidades alguns políticos recomendam o distanciamento social durante protestos tímidos, em muitos Países europeus os cidadãos saem espontaneamente para as ruas e enfrentam com determinação a violenta repressão da polícia.

Enquanto a nossa “oposição” se escandaliza com a ineficiência do comissário Arcuri (*escolhido por Conte para gerenciar a emergência do Coronavirus) na distribuição de vacinas, grupos de advogados e médicos no exterior denunciam o perigo e se opõem à obrigação de vacinar, conseguindo que as mesmas autoridades proíbam sua distribuição. E se há aqueles que violam regras claramente ilegítimas por exasperação, na Itália eles são criticados como irresponsáveis, justamente por aqueles que, mesmo que apenas para cálculo político, deveriam cavalgar a revolta e demonstrar o quão absurdo é fechar negócios, na ausência de evidências científicas que legitimem a adoção de tais medidas drásticas.

Mario Draghi representa a quintessência da tirania da Nova Ordem, em sua competência cínica, no profissionalismo de sua ação devastadora, na eficiência de seus funcionários.

E não é de admirar que ele tenha sido educado, como Joe Biden e tantos outros líderes globalistas, na escola ideológica dos Jesuítas. Não é surpreendente e nem poderia ser de outra forma: só uma estrutura fortemente hierárquica e quase militar poderia manipular as jovens consciências de gerações inteiras, com previdência diabólica, preparando o advento de uma sociedade tirânica e desumana.

Vimos isso na Itália, bem antes de 68, quando professores universitários saudaram com entusiasmo decomposto a eleição de Roncalli (*Angelo Giuseppe Roncalli - Papa Giovanni XXIII), amigo do modernista Bonaiuti (*Ernesto Bonaiuti, um dos mais importantes expoentes do Modernismo Católico), sabendo muito bem como sua aparente bonomia escondia uma mente envenenada pelas doutrinas combatidas por São Pio X e ainda repelidas por Pio XII, até seu leito de morte.

Vimo-lo nas universidades de metade da Europa e nas universidades católicas americanas, de onde surgiram os protagonistas do Vaticano II e do período pós-conciliar, os agit-props (*termo que significa agitação e propaganda de ideias comunistas) do Movimento Estudantil e dos sindicatos de esquerda, os terroristas das Brigadas Vermelhas e os ideólogos da Teologia da Libertação, teóricos da libertação sexual, do divórcio e do aborto.

Poderíamos dizer que nas últimas décadas não houve nenhum acontecimento político, social, cultural e religioso que não tivesse encontrado uma inspiração poderosa nos Jesuítas. Que, depois de ter renunciado ao juramento e aos votos proferidos no dia da sua Profissão, colocaram à disposição do novo mestre sua rede de relações e sua capacidade de infiltrar seus emissários em postos-chave na política, administração pública, educação, cultura, mídia, empreendedorismo e finanças. Uma rede que reproduz, talvez com maior eficiência e contundência, a não menos subversiva das seitas maçônicas e dos conventículos de conspiradores.

Giuseppe Conte, homo novus patrocinado no exterior por prelados amplamente comprometidos com a pior política democrata-cristã e comunista, desempenhou sua função como um fantoche inconsistente, com ambições tão ridículas quanto irrealistas: sua parábola permitiu a busca de um projeto de engenharia social que previa precisamente um advogado sine nomine (*sem nome), como um desconhecido executor das ordens do titereiro globalista. E que, ao alavancar a sua vaidade, conseguiu utilizá-la para impor decisões devastadoras à população, sem qualquer ratificação do Parlamento e muito menos pela vontade dos eleitores. Mas o seu papel claramente temporário, quase como uma aparência, teve de se esgotar quando, tendo se tornado evidente sua inconsistência e inexperiência, em todas as frentes, teria se tornado necessária aquela "mudança de ritmo" que, já desde o verão passado, algum raro observador da política italiana previa que isso seria realizado, com o advento de Mario Draghi, ex-governador do BCE (Banco Central Europeu), expoente do lobby financeiro e herdeiro natural de Mario Monti (*economista e político, Primeiro-ministro da Itália, de 2011 a 2013; foi comissário europeu durante dois mandatos consecutivos). 

Podemos ver um instrutivo paralelo a esta situação, no reflexo papel atribuído ao jesuíta Jorge Mario Bergoglio, pela chamada Máfia de San Gallo: também o argentino, até então quase desconhecido, foi eleito Papa para demolir os últimos vestígios da Igreja Católica; e como Conte, também Bergoglio acredita ser o autor de uma mudança radical e irreversível, pensando em entrar para a história, enquanto quem o manipula já designa quem o substituirá. Também neste caso, a vaidade, o egocentrismo e o delírio de onipotência do personagem lhe impedem de entender que está sendo usado e que o apoio do qual hoje se beneficia se transformará em implacável cinismo, assim que seus desastres forem habilmente enfatizados pela mídia. Ambos têm um destino semelhante, nem será exceção Joe Biden, cuja vice-presidente Kamala Harris aguarda ansiosamente o momento em que o roteiro pede a expulsão do democrata corrupto, sob o pretexto de sua saúde física e mental.

É portanto importantíssimo, e igualmente iniludível, que aqueles que se preocupam com o destino da Pátria compreendam que o Presidente Draghi de forma alguma se desviará da agenda globalista, se não a executará com maior eficiência. Alimentar a esperança de que o tecnocrata, a quem se deve a devastação da Grécia, possa, de alguma forma, falhar em sua tarefa é ingênuo, assim como qualquer forma de colaboração ou apoio a este governo só pode levar, inexoravelmente, à perda de soberania. Escravização nacional e completa à Nova Ordem. Não nos esqueçamos de que fazem parte do gabinete do Primeiro-Ministro personalidades como Vittorio Colao e Roberto Cingolani, para quem o Great Reset (*a Grande Reinicialização) se encontra em avançado estágio de conclusão, com ou sem o consentimento dos eleitores.

Quem governa hoje, tanto na Itália como nos Estados Unidos, não considera minimamente relevante que o próprio poder seja usurpado, com manobras palacianas ou fraudes eleitorais, nem que o totem da democracia, graças ao qual puderam enganar as massas, seja substituído por uma ditadura cruel, com ou sem o álibi da emergência pandêmica. Sabemos que tudo foi planejado há anos e que, para realizar plenamente o projeto globalista, a elite não hesitará em violar direitos fundamentais, sob o pretexto de fazê-lo "para o nosso bem". Mas também sabemos que quanto mais nos aproximamos do fim dos tempos, mais a Providência multiplica as graças para os pusillus grex (*pequeno rebanho) que permanecem fiel ao Senhor.

Se saberemos entender que o que acontece na Itália faz parte de um mesmo roteiro, sob uma única direção, poderemos apreender a coerência entre fatos aparentemente heterogêneos e, sobretudo, entenderemos que os motivos que se aduzem para legitimar medidas violando as liberdades naturais dos indivíduos, não passam de pretextos, tão falsos quanto racionalmente incongruentes.

E como tudo se baseia em uma mentira colossal, bastará que apenas um dos engodos desmorone para afundar toda a Torre de Babel globalista, seus hierarcas, seus sacerdotes, seus cortesãos, seus servos. Cadent a latere tuo mille, et decem millia a dextris tuis; ad te autem non appropinquabit (*"Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita; tu não serás atingido."): o Salmo 90 nos lembra a proteção do Altíssimo, o castigo que aguarda os pecadores; exorta-nos a colocar a nossa confiança em Deus, o Qual enviará os Seus anjos para nos proteger ao longo do nosso caminho.

Não nos deixemos seduzir pela aparente inevitabilidade do mal: Satanás é o eterno derrotado, quer procure destruir a Igreja de Cristo - uma rocha inabalável nas próprias palavras do Salvador - ou que se enfurece com o que resta do consórcio humano . E se realmente deve haver uma Grande Restauração de nossa sociedade, ela só será realizada com arrependimento pelos pecados públicos das nações, com um novo renascimento do Cristianismo, com um retorno à Lei de Deus.

Fiat volutas tua (*Seja feita a Tua vontade), recitemos no Pai Nosso: seja essa a nossa agenda, sobre o exemplo da Santíssima Virgem, Nossa Senhora e Rainha, que por primeiro pisou na aspide (*víbora) e no basilisco (*serpente fantástica), esmagou a cabeça do leão e do dragão.

Carlo Maria Viganò, Arcebispo – 3 de março de 2021.

* Notas da tradução

Leia aqui o texto em italiano, publicado no site de notícias ImolaOggi.it