
Parlamentares do PD apoiam as Avós da Plaza de Mayo na Argentina
Parlamentares do Partido Democrático da Itália prometeram defender os direitos humanos e exigiram que o governo do país interceda junto a Milei para reverter as medidas de austeridade e o desmantelamento na área.
Legisladores italianos comprometidos com o processo Memória, Verdade e Justiça na Argentina fizeram uma apresentação perante o Parlamento daquele país para exigir que o governo de Javier Milei ponha fim às suas políticas regressivas em relação aos direitos humanos. A declaração, assinada por 48 parlamentares do Partido Democrático (PD) e que traça a longa história de comprometimento e colaboração da Itália com o esclarecimento dos crimes da ditadura e a busca por crianças desviadas, foi divulgada durante a visita à Casa da Identidade das Avós da Plaza de Mayo por uma delegação chefiada pelo deputado Giuseppe Provenzano, secretário internacional do PD.
A apresentação lembra que em novembro de 1982 o cônsul italiano em Buenos Aires, Giorgio María Baroncelli, apresentou duas denúncias à justiça argentina: uma sobre 45 desaparecidos nascidos na Itália e outra com uma lista de 617 familiares de origem italiana que haviam denunciado desaparecimentos a diferentes consulados. Em 1983, o presidente Sandro Pertini pediu informações à ditadura cessante e expressou seu desdém pelo “Documento Final” da junta militar liderada por Reynaldo Benito Bignone. No mesmo ano, o Ministro da Justiça, Clelio Darida, abriu um processo criminal perante o Ministério Público de Roma para investigar o destino de dois italianos desaparecidos na Argentina.
Com a restauração da democracia, três mulheres com cidadania italiana que se tornariam símbolos do movimento pelos direitos humanos e receberiam a Ordem do Mérito da República Italiana estreitaram os laços entre os dois países: Lita Boitano, dos Familiares de Detidos e Desaparecidos por Motivos Políticos, Vera Jarach, das Mães da Praça de Maio, e Estela Carlotto, presidente das Avós. Em 2009, com a colaboração dos consulados argentinos em Roma e Milão, foi criado o nó italiano da Rede pela Identidade, que realizou mais de 65 testes de DNA em jovens nascidos na Argentina e adotados por famílias italianas, que queriam saber se eram filhos de pessoas desaparecidas. Durante a longa noite de impunidade, a Itália também desempenhou um papel importante ao realizar julgamentos de repressores argentinos, como o ex-general Santiago Riveros em 2004, um grupo de marinheiros da ESMA em 2009 ou ex-executores do Plano Condor em 2021.
Após destacar o papel do Estado italiano nesses processos e a cidadania italiana de muitas das vítimas, incluindo o neto recuperado Daniel Santuccio, os parlamentares tomam nota da gestão deplorável de Milei no assunto: ele enfraqueceu as estruturas dedicadas à busca e identificação de crianças roubadas, desmantelou os grupos de pesquisa e análise de arquivos das Forças Armadas, cortou o financiamento e o pessoal do Banco Nacional de Dados Genéticos, retirou o financiamento dos locais de memória, revogou o decreto de Néstor Kirchner que havia criado a Unidade Especial de Investigação da CONADI e demitiu todos os funcionários do Centro Cultural Haroldo Conti, entre outras decisões.
Com base nesse diagnóstico, os legisladores do Partido Democrático exigem o compromisso do governo italiano de implementar as medidas ao seu alcance para que a administração libertária na Argentina reveja sua atitude e retome o caminho histórico de colaboração institucional e diplomática, e de valorização do trabalho dos órgãos responsáveis pela promoção e proteção dos direitos humanos, da Memória, da Verdade e da Justiça; instar as autoridades argentinas a apoiarem, em particular, o trabalho das Avós e, com fundos do Estado italiano, a busca de crianças e netos italianos e ítalo-argentinos; empreender, juntamente com as instituições europeias, todas as iniciativas úteis a nível diplomático para garantir a continuação eficaz do trabalho das Avós ao longo de quarenta anos; e que continue o trabalho de apoio à proteção da comunidade italiana na Argentina e das associações que atuam naquele país no campo da pesquisa sobre memória.
Além de Provenzano, a delegação do Partido Democrático que visitou a Casa da Identidade incluiu o deputado Fabio Porta, que é membro da Comissão de Relações Exteriores e do Conselho Eleitoral da Câmara dos Deputados italiana; Eugenio Marino, Coordenador Nacional do Departamento de Relações Exteriores, Europa e Cooperação Internacional do Partido Democrata; e Maria Rosaria Barbato, graduada em Direito pela Universidade LUISS Guido Carli, de Roma, e conselheira eleita do Comitê dos Italianos no Exterior em Minas Gerais (COMITES MG), onde preside a Comissão de Associação. "Foi uma reunião muito cordial. Eles ficaram profundamente tocados e chocados com as fotos das mulheres grávidas que foram sequestradas", disse Miguel Santucho, irmão do 133º neto que foi devolvido e membro do conselho de diretores das Abuelas. Entre os anfitriões estavam também o neto retornado, Horacio Pietragalla, e a neta Lorena Battistiol, que ainda está em busca do irmão ou irmã nascidos em cativeiro.
Fonte: Pagina 12
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