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Juntos, trentinos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai

Uma oportunidade para se conhecerem melhor e refletirem sobre o tema da imigração e da identidade. Este foi o objetivo do primeiro encontro regional dos trentinos, realizado em Montevidéu, no final de semana de 13 a 15 de maio. Participaram trentinos residentes no Brasil - Rio Grande do Sul, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai.

No curso da conferência, no sábado pela manhã, no interior da elegante sala do Hotel del Prado, fizeram intervenções representantes de instituições e personalidades uruguaias de origem italiana. 

Roberto Brezzo, reitor da Universidade da Empresa ressaltou a "importância da realização de um trabalho conjunto em nome do intercâmbio entre instituições universitárias". Uma oportunidade que "serve para aproximar as novas gerações e capturar, assim, um novo público interessado. É preciso aumentar tudo aquilo que se está fazendo e é necessário também pensar em novas propostas originais e atraentes".

A experiência direta da italianidade foi o centro das intervenções de Jorge Orrico e Julio Maria Sanguinetti, duas figuras relevantes do panorama político e cultural uruguaio. Orrico, cujas origens provêm de Vallo della Lucania, é atualmente o diretor do Auditório Sodre e foi presidente da Câmara de Representantes do Uruguai. Com os olhos brilhantes, contou os dias nos quais representou o Uruguai em uma conferência internacional. "Não tinha jamais pensado que o compromisso institucional um dia me portasse no país do meu nono. Tenho uma recordação maravilhosa". "A cultura - explicou - "serve exatamente para isso: unir todos os povos ao ensinamento dos valores pacíficos". Já Sanguinetti deteve-se em uma breve resenha histórica sobre a identidade italiana no processo de constituição da identidade nacional uruguaia. O ex-presidente da República de origem lígure, o presidente honorário do Peñarol citou as diversas obras arquitetônicas que testemunham a grande influência italiana na construção da cidade de Montevidéu. O Hospital Italiano, a sede do Banco da República, o Palácio Salvo, o Palácio Legislativo: muitas são as heranças que deixaram os italianos na capital. "O trentino e o Uruguai têm um aspecto em comum: ambos são terras de fronteiras”. “Isto leva a desenvolver uma identidade onde se mesclam diversas características”. “No nosso país, este percurso foi feito sempre tendo presente os valores republicanos no ensinamento da tolerância e do respeito recíproco". Além da arte e da cultura, também o modo de viver e os hábitos "nos demonstram as tantas semelhanças entre a Itália e o Uruguai, cujos laços continuam sólidos e profundos". À luz de tudo isso, "congratulo-me com estes encontros e o trabalho das coletividades”. “Qualquer vínculo entre os dois países, nos enriquece sempre".

As considerações do embaixador da Itália Gianni Piccato sobre como manter a identidade partiram de duas perguntas: "De onde viemos? O que podemos fazer?". As raízes são um patrimônio de pertencimento, afirmou depois de enviar uma saudações especial aos delegados brasileiros. "Todavia, não deve ser somente nostalgia, mas algo muito mais do que isso. São muitas as razões que podem nos levar à aproximarmo-nos da Itália e a nos enriquecermos no intercâmbio".

A Itália, porém, hoje, é profundamente diferente em relação aquela que os imigrantes deixaram no século passado: "O país sofreu muito, mas cresceu tornando-se uma potência mundial. A primeira coisa que as novas gerações podem fazer para aproximarem-se de suas origens é aprender a língua". Neste contexto "assumem um papel importantíssimo as associações que não devem, porém, se limitar a apenas manter as tradições gastronômicas. Elas devem, sobretudo, ser um ponto de referência para toda a família na transmissão dos valores comuns. Piccato prosseguiu a sua intervenção elogiando os resultados obtidos pelo Trentino, naquela que foi uma imigração das características muito particulares: "Foram muito capazes de empreender um diálogo direto com a comunidade no exterior, coisa que nem sempre é fácil". Manter os laços entre os dois povos distantes é possível e se pode fazê-lo - concretamente - através de instrumentos, segundo o embaixador: "Associações locais, consulta com os delegados de cada uma das zonas e, aliás, uma atenta política regional".

Autonomia foi o conceito que aprofundou o professor Giuseppe Zorzi, presidente da Fundação De Gasperi, como característica peculiar do trentino, baseada sobre "responsabilidade e sobre a capacidade de boa gestão". Não é fácil falar de identidade para uma zona de fronteiras, mas "exatamente a história do Trentino oferece a imagem simbólica de um arquipélago: todas as ilhas se remetem umas às outras. São todas importantes, não há apenas uma".

A análise do professor sobre a defesa da identidade se baseia sobre quatro pontos: tolerância, a autonomia, a cooperação e os princípios europeus. "Podemos nos sentir contemporaneamente trentinos, italianos, europeus, uruguaios e sul americanos. Certo que seja algo um pouco incômodo. É verdade quem diz que a cada nível se perde alguma coisa, mas é também verdade que a identidade originária se reforça quando existem outras". Todos os trentinos no mundo têm quatro desafios: "Conhecer a história, trabalhar bem e juntos, inovar e se comunicar melhor com as novas gerações". 

O debate foi finalizado pelo presidente do Trentini nel Mondo, Alberto Tafner, que fez uma análise histórica sobre o trentino e a sua evolução nos últimos séculos. O presidente do Círculo Trentino de Montevideu, Sergio Sartori, saudou o espírito da iniciativa: "Conhecerem-se, definir objetivos comuns e trabalhar juntos construindo uma rede ampla através de um contato constante". Se o encontro regional se repetirá em um futuro ainda não se sabe. Todavia, "foi um bom ponto de partida para nos estimular a continuar as nossas atividades". Faço votos que "a associação Trentini nel Mondo não seja somente uma instituição que esteja em Trento, mas que envolva também a todos nós". (Tradução do texto original em italiano de Matteo Forciniti – Gente D’Italia/Montevideu, Uruguai)