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Paraty revela um lugar comum no passado de Baricco e Calligaris

Alessandro Baricco e Contardo Calligaris não sabiam que tinham tanto em comum até se esbarrarem pelas ruas de pedra de Paraty, durante a realização da Festa Internacional da Literatura, na última semana. Além de italianos e escritores, ambos mantêm uma ligação com a pequena cidade de Barbaiana, na Itália. A terra natal do pai de Calligaris era o local em que Baricco, um dos mais conceituados nomes da literatura contemporânea italiana, passava as férias quando menino. “Para mim, esta foi a descoberta da FLIP”, brincou o psicanalista italiano,que divide seu tempo entre São Paulo e Nova Iorque.

Mas as semelhanças param por aí. Enquanto Baricco explora suas narrativas num mundo extremamente lúdico, sem cravar data ou nomear lugares, Calligaris, em seu primeiro romance, O conto de amor, descreve tudo de forma bem ambientada. “Dou nome das ruas, restaurantes, cidades por onde o personagem principal passa. Tudo na Itália”, contou Calligaris. “Talvez, se eu ainda morasse lá, escreveria sobre outra ótica”, complementou.

Fazer literatura, para Baricco, é quase um ato infantil, em que é necessário se partir de pequenos detalhes para literalmente dar asas à imaginação. “A minha geração não teve um modelo de escritor a seguir. Juntamos influência de rock, quadrinhos e cinema e chegamos à literatura. A ficção, para mim, serve para deixar feliz a quem escreve”.

Calligaris, que foi descrito pelo jornalista Manuel da Costa Pinto, que mediava o debate, como um pensador que faz a anatomia da vida afetiva, foi além na sua definição de ficção. “Somos feitos e fabricados por ficção. Quando queremos saber de onde viemos, para onde vamos, tudo isso é uma reflexão ficcional. Crescemos elaborando ficções”, filosofou. Com a Tenda dos Autores lotada e sob aplausos, concluiu: “As ficções servem para enriquecer a ficção da nossa vida”.