Qual o impacto da redução parlamentar italiana para o mundo?
Por Renata Bueno
Por ser o país com o maior número de representantes de toda a Europa, a polêmica em torno da redução parlamentar já existe há muito tempo na Itália. Contudo, apenas em 2019, o congresso lançou uma nova proposta constitucional que prevê a redução em um terço dos parlamentares, passando de 630 para 400 deputados e de 315 para 200 senadores, se igualando aos demais países europeus. A reforma também reduz o número de deputados e de senadores eleitos no exterior, que passam de 12 para oito na Câmara, e de seis para quatro no Senado. Para ser aprovada, a proposta de redução parlamentar deve ter a maioria dos votos no Parlamento e a confirmação do povo através de referendo popular.
Neste momento, após já concluído todo o processo, a Itália chega à decisão final que aprova a redução parlamentar. Ainda não é possível absorver por completo o impacto deste corte, mas é preciso estar atento à forma como será feita a divisão das cadeiras restantes na câmara e no senado. No entanto, uma coisa é certa: para os italianos que vivem no exterior, a perda será significativa.
O objetivo da redução parlamentar é duplo: por um lado, incentivar uma melhoria no processo de tomada de decisão, para diminuir a burocracia e facilitar os trâmites frente às necessidades dos cidadãos e, por outro, reduzir o custo da política. Entretanto, dados da ANSA, principal agência de notícias italiana, apontam que a economia por habitante italiano será quase insignificante, de apenas 1,65 euro ao ano. E mais: cientistas políticos alertam que essa redução pode enfraquecer a democracia por facilitar que grupos de interesse tenham maior poder de barganha com um número menor de parlamentares.
Por ser um país parlamentarista, com pouca representatividade política nos estados, o parlamento é o coração da Itália. É nele onde são discutidos todos os temas de relevância nacional, como comissões técnicas, combate à corrupção e debates sobre igualdade e inclusão. Com a redução de cadeiras, é preciso garantir que todos os setores da comunidade italiana, tanto nacional quanto internacional, vão continuar tendo representatividade. E esta é uma batalha que está apenas começando.
Renata Bueno foi a primeira ítalo-brasileira a ocupar uma cadeira no Parlamento italiano. Foi eleita vereadora de Curitiba (PR) pelo PPS no ano de 2009 e, mais tarde, entre 2013 e 2018, atuou como deputada do Parlamento da República Italiana pela União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos.
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