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Vida nova nas catacumbas de Roma

Cientistas acabam de descobrir sinais de vida nas catacumbas romanas, que serviram de locais de sepultamento nos primeiros séculos do cristianismo

Duas espécies de bactérias até então desconhecidas foram encontradas nos muros das catacumbas por pesquisadores da Itália e da Alemanha. Segundo eles, conhecer os microrganismos pode ter papel importante na proteção de monumentos históricos e culturais. O estudo foi publicado na edição de setembro do International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology.

O local pesquisado, as catacumbas de São Calixto, faz parte de um grande cemitério que cobre uma área de 150 mil metros quadrados. Os túmulos subterrâneos foram construídos no século 2 e receberam o nome do papa Calixto I. Diversos papas e integrantes da cúpula da igreja católica estão enterrados ali.

“Bactérias podem crescer nas paredes desses túmulos e causar freqüentes danos. Achamos que as duas novas espécies descobertas nas superfícies deterioradas, que pertencem ao gênero Kribella, estão diretamente envolvidas nessa destruição”, disse Clara Urzì, da Universidade de Messina, na Itália.

Ao estudar tais microrganismos, os pesquisadores esperam poder desenvolver métodos de proteção aos monumentos. Segundo eles, as duas espécies encontradas nas catacumbas têm potencial de produzir moléculas com propriedades úteis, como enzimas e antibióticos.

“As condições especiais nas catacumbas romanas permitiu a evolução dessas espécies únicas. As duas espécies que descobrimos foram encontradas em dois locais bem próximos um do outro, o que mostra que mesmo pequenas mudanças no microambiente podem levar a uma evolução particular”, disse Clara.

As espécies receberam os nomes de Kribbella catacumbae e Kribbella sancticallisti. O gênero Kribbella foi descoberto recentemente, em 1999, mas desde então teve diversas espécies descobertas, a maioria em locais históricos, como em uma mina medieval na Alemanha.

O artigo Kribbella catacumbae sp. nov. and Kribbella sancticallisti sp. nov., isolated from whitish-grey patinas in the catacombs of St Callistus in Rome, Italy, de Clara Urzì e outros, pode ser lido por assinantes do International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology em http://ijs.sgmjournals.org. (Agência FAPESP)