Itália, quanto mais cada família gastará com a crise energética
A atual situação, provocada pela guerra na Ucrânia, corre o risco de provocar uma crise energética no território nacional. A Rússia é a primeira fonte de origem e responde por cerca de 45% do metano estrangeiro. Por enquanto, o gás russo continua a chegar à Europa, mas a situação pode mudar a qualquer momento.
O conflito militar entre Rússia e Ucrânia implicará que sejam gastos em energia, na Itália, 55 bilhões de euros a mais que no ano passado. O que pesará mais para uns e menos para outros, como sempre: para as empresas mais do que para as famílias (que de qualquer forma sofrerão o aumento dos preços ao consumidor) e para os ricos mais do que para os contribuintes de baixa renda. Mas fazendo um cálculo aproximado, o peso da guerra e as sanções só na conta de energia serão de 2.140 euros para cada família italiana.
Esses 55 bilhões são a primeira estimativa, cautelar e passível de atualização, feita por Davide Tabarelli, presidente da Nomisma Energia, grande especialista no assunto. "Se os preços atuais da energia não caírem no resto do ano, na verdade sofrendo um provável agravamento adicional devido às sanções", explica ele ao Libero, "a conta do déficit energético que a economia italiana será chamada a pagar em 2022 será de 90 bilhões de euros, cerca de 5% do nosso PIB. Em 2021, eram 35 bilhões. A diferença, 55 bilhões, equivalente a três pontos do PIB, é mais dinheiro que sairá da economia italiana para se deslocar para o exterior”.
Isso supondo que os suprimentos permaneçam constantes. Ou seja, que não haja racionamento de gás e eletricidade. Pelo menos não de forma a forçar as indústrias restantes na Itália a desacelerar a produção. Porque nesse caso estaríamos realmente navegando em águas desconhecidas. Hipótese que o próprio Mario Draghi insinuou outro dia no parlamento, quando alertou que o governo "está trabalhando para tomar todas as medidas necessárias para melhor administrar uma possível crise energética", que incluem "suspensões no setor industrial" e outras intervenções.
O país paga um preço alto pela estratégia de forte dependência do gás russo e de outros países. A Europa é dependente da Rússia, visto que 48% do gás usado para consumo vem de lá. A situação começou a se agravar em meados de dezembro de 2021, quando Vladimir Putin decidiu reduzir o fornecimento de gás natural ao Velho Continente (com exceção da Alemanha).
De todos os países europeus, a Itália é o que mais depende do gás. De acordo com a Agência Nacional de Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Econômico Sustentável - Enea, 42% do consumo total de energia deriva do gás. Mas o país produz somente 4,5 bilhões de metros cúbicos, contra um consumo de 72 bilhões de metros cúbicos.
Além do gás, a Itália também importa 89% do petróleo e 100% do carvão, segundo dados da Confindustria. Entre o alto consumo de energia e a forte dependência do exterior, a conta paga pelos italianos é alta.
Segundo dados da empresa Terna, que administra a rede elétrica italiana, em 2020, a Itália produziu 89,3% da eletricidade que usou naquele ano, sendo que 57,6% da produção foi coberta por energia termoelétrica não renovável, 17,6% por hidroelétrica e os restantes 24,7% de fontes eólicas, geotérmicas, fotovoltaicas e bioenergéticas.
Dois fatos importantes marcaram a política energética italiana: o referendo de 1987 que decretou o fim da energia nuclear no país e a implementação do decreto Bersani, em 1999, que sancionou a liberalização do mercado energético e deu início ao desmantelamento do monopólio existente no domínio da electricidade, com a entrada de outros operadores.
Na noite de 11 de fevereiro, cerca de três mil cidades italianas aderiram ao protesto organizado pela Associação Nacional de Municípios Italianos (ANCI) e, por cerca de meia hora, apagaram as luzes dos principais monumentos do país.
A mensagem ao governo foi clara: com os aumentos dos preços da energia os municípios não irão resistir. O risco que os prefeitos querem evitar a todo custo é o de ter que cortar serviços aos cidadãos. De fato, a estimativa é de um superávit de gastos de €550 milhões, segundo a ANCI. Diante desses números, os prefeitos pedem um aumento máximo do teto de recursos destinado a amortecer essa situação.
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