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Produtores de vinho de MG buscam diversificar para ganhar mercado

O vinho de jabuticaba é um dos produtos mais conhecidos do município de Catas Altas, região Central de Minas Gerais. A atividade é uma importante fonte de renda para muitas famílias. E a necessidade de diversificar a produção e conquistar novos mercados tem levado alguns produtores a investir na fabricação de vinho de uva. A ideia ganhou um incentivo a mais com a implantação de duas unidades demonstrativas e um viveiro no município onde são cultivadas variedades adaptadas à região e de boa produtividade. 

O cultivo da uva já foi uma tradição no município, mas, nos últimos 50 anos perdeu força, o que favoreceu o desenvolvimento de um outro produto: o vinho de jabuticaba. Atualmente são produzidas cerca de 25 mil garrafas por ano deste produto.

Em 2001, a atividade ganhou mais força com a fundação da Associação de Produtores de Vinho, Agricultores Familiares e outros Produtos Artesanais de Catas Altas (Aprovart). “A criação da entidade foi uma segurança a mais para nós produtores”, disse a presidente Édina Pereira da Silva.

E foi com o surgimento da Aprovart que a ideia de retomar a produção de uva no município foi proposta. A partir daí a associação e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) iniciaram um trabalho de mobilização dos produtores.

Hoje, 10 produtores investem no vinho de uva. A produção do município chega a 5 mil garrafas  por ano. O produto é comercializado apenas em Catas Altas. O aposentado Elias Lobão é um dos produtores que decidiram apostar na produção de vinho de uva. Por ano, ele produz 230 garrafas. O produtor fabrica vinho seco e suave. “O produto tem boa aceitação”, diz. Elias também trabalha com vinho de jabuticaba. São 500 garrafas produzidas no ano. Mas, o produtor espera aumentar a produção de vinho de uva. “O que falta é só espaço. Quem sabe mais pra frente isso é possível”, afirma. 

Viveiro

Em 2008, com o objetivo de estimular ainda mais a atividade, a Emater-MG, Aprovart e prefeitura  implantaram  no município duas  unidades demonstrativas. No ano passado, foi a vez de um viveiro. Por meio dessas unidades a empresa tem levado aos produtores novas tecnologias.

No viveiro e nas unidades são cultivadas duas variedades de uva: niagra branca, indicada para o consumo in natura, e a bordô-folha de figo, mais utilizada para a fabricação de vinho. As mudas foram adquiridas na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “Elas são resistentes, se adaptam sem dificuldades à nossa região e apresentam bom índice de produtividade”, explica o extensionista do escritório da Emater-MG de Catas Altas, Carlos Roberto Alves.

A ideia é que essas variedades de uva se tornem as mais cultivadas no município. Em dezembro, ocorre a primeira colheita em uma das unidades demonstrativas. A expectativa é colher uma tonelada de uva. A outra unidade só deve produzir no ano que vem.

Os extensionistas também orientam sobre o manejo correto das videiras. Os produtores aprendem cuidados básicos como adubação e controle de pragas e ervas daninha. “A capina evita que as ervas daninha concorram com as videiras quanto à absorção dos nutrientes do solo”, explica Carlos Alves. Outra orientação passada pelo técnico é com relação à poda. “É necessário fazer uma poda drástica no mês de agosto e outra leve em outubro”, diz o extensionista.

Elias Lobão comprou seis mudas da variedade bordô-folha de figo, que foram plantadas em setembro deste ano. “Eu comprei para produção de vinho. Elas estão desenvolvendo bem e se der certo eu plantarei mais”, afirma o produtor. Segundo a presidente da Aprovart, quatro associados já produzem vinho de uva. Mas, com a implantação das unidades demonstrativas esse número deve aumentar. Para Édina Pereira a diversificação é uma boa opção e deve abrir novos mercados. “Existem paladares variados. Então, basta oferecer o produto que vai ter comprador. E aqui, em Catas Altas, muita gente procura vinho de uva”, diz a presidente.