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UE e EUA sincronizam suas agendas internacionais

Os ministros de Exteriores dos países da União Européia (UE) se reúnem hoje em Bruxelas, com a atenção voltada à cúpula sem precedentes de amanhã com o presidente dos EUA, George W. Bush, que deve relançar as relações transatlânticas. "Nosso desejo comum é trabalhar juntos. Juntos seremos mais fortes e isto é crucial para o Oriente Médio e naturalmente para todos os outros assuntos. Às vezes podemos ter pareceres um pouco distintos, mas complementares", disse a comissária de Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, ao chegar à reunião.

Como mostra da nova sintonia entre EUA e UE depois das diferenças em torno do Iraque, Bush afirmou em um discurso que "quando os Estados Unidos e a Europa estão juntos, nenhum problema resiste", e falou de uma "nova era" nas relações. Fontes do bloco europeu acolheram hoje com satisfação o discurso de Bush e recalcaram a concordância de temas na agenda bilateral.

Segundo Ferrero-Waldner, a visita de Bush "normalizará as relações transatlânticas e abrirá uma possibilidade de trabalhar juntos pela estabilidade, especialmente no Oriente Médio". A UE chegará à cúpula de amanhã "com os deveres feitos", segundo fontes diplomáticas, e hoje se prevê que os ministros aprovem importantes conclusões sobre o Oriente Médio e o Iraque, uma região na qual ambas as partes estão convocadas a cooperar.

Tanto os Estados Unidos como a UE, membros do Quarteto que promove o Mapa do Caminho para o Oriente Médio (além da Rússia e da ONU), pretendem impulsionar o processo de paz entre palestinos e israelenses aproveitando a mudança de liderança na Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o plano de retirada de Gaza do primeiro ministro israelense, Ariel Sharon. Os 25 países-membros deixarão também patente o desejo da UE de contribuir à estabilização do Iraque depois das eleições do último 30 de janeiro, e aprovarão uma missão para instruir entre 800 e 900 polícias, juízes, advogados e agentes penitenciários iraquianos no exterior.

Além disso, confirmarão uma ajuda de 200 milhões de euros adicionais a esse país para este ano, que se acrescentam aos 320 milhões desembolsados dos fundos da UE no ano passado para a reconstrução e a preparação das eleições. "A UE agora tem uma posição comum sobre o Iraque, e foi o mais longe possível dentro do contexto político e de segurança nesse país", segundo as fontes diplomáticas.

O ministro de Assuntos Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, cujo país preside este semestre a UE, também recalcou hoje a importância de que Europa e EUA trabalhem juntos para resolver conflitos no mundo. "Temos muitos pontos em comum, mas não é suficiente dizer que estamos de acordo neste ou em outro ponto. Temos que mudar de mentalidade para aproximar nossas posições e ver como podemos resolver os problemas no mundo", assinalou.

Segundo uma fonte diplomática americana, ambos os blocos estão basicamente de acordo e compartilham os mesmos valores, e as únicas diferenças são "táticas". Assim, apesar de não ir tão longe como os EUA, que chamou sua embaixadora em Damasco a consultas depois do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, os ministros da UE pedirão hoje a abertura imediata de "uma investigação internacional" sobre o magnicídio e a aplicação da resolução 1559 da ONU, que exige a retirada das tropas sírias do Líbano.

Enquanto Washington mantém sanções contra a Síria, a qual acusa de apoiar grupos terroristas, a UE concluiu com Damasco em 2004 um acordo de associação para a criação de um espaço comum de paz e estabilidade. Outro dos assuntos que os ministros debaterão é o programa nuclear iraniano, sobre o qual, no entanto, não haverá conclusões, segundo fontes do Conselho.

Os líderes da UE pedirão amanhã a Bush uma implicação mais ativa no processo negociador da Alemanha, França e Reino Unido com Teerã, disseram fontes diplomáticas européias. Tanto Washington como Bruxelas concordam em que se deve evitar que o Irã desenvolva armas nucleares, mas mais uma vez diferem nos métodos, já que enquanto os EUA se mostram partidários de levar Teerã ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e de aplicar-lhe sanções, os europeus acreditam na via negociadora. No entanto, os iranianos são reticentes a abandonar seu programa nuclear sem receber em troca garantias de segurança, que só os EUA são capazes de dar-lhes.