Referendo italiano sobre fertilidade corre risco de fracassar
Os italianos votaram, neste domingo, em um referendo sobre tratamento de fertilidade e pesquisa embrionária, mas o baixo comparecimento pode invalidar a votação - uma vitória para a Igreja Católica, que fez campanha pelo boicote.
Com apenas três horas para o fechamento das urnas no primeiro dos dois dias de votação, somente 13% dos eleitores depositaram seus votos. Durante parte desta segunda-feira haverá votação.
Analistas disseram que o referendo, que poderia anular uma rígida lei sobre procriação assistida, pode não alcançar o comparecimento mínimo de 50% dos eleitores necessários para validá-lo.
A Igreja Católica e outros grupos que querem a permanência da lei pediram um boicote da votação para que não fosse atingido o mínimo necessário de eleitores.
A Itália chegou a ser conhecida como uma nação liberada para a pesquisa de fertilização, já que quase tudo era ali permitido, incluindo um famoso caso onde um médico ajudou uma mulher de 62 anos a ter um filho nos anos 1990. Mas hoje o país tem uma das leis mais conservadoras com relação à fertilização da Europa.
O número de casais inférteis que buscam ajuda no exterior triplicou desde que a lei foi aprovada.
A Itália tem uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa. Se a maioria dos italianos votar "sim" em qualquer um dos quatro referendos, a lei será modificada.
O voto pelo "sim" iria levantar o embargo contra doadores de óvulos e de espermas, permitir a pesquisa embrionária e o congelamento de embriões, e remover o limite no número de óvulos que pode ser fertilizado durante cada tentativa.
O referendo também visa modificar a linguagem que dá aos embriões direitos legais totais e evita o diagnóstico para doenças genéticas antes que eles sejam transferidos para o útero ¿ mesmo que as mulheres possam então abortar um feto que apresente disfunções.
A ministra Stefania Prestigiacomo diz que a legislação atual é um ataque aos direitos da mulher e precisa ser modificada a fim de auxiliar as italianas a terem filhos.
O referendo provocou o mais polêmico debate desde que o divórcio e o aborto foram legalizados, nos anos 1970. Os padres usaram os púlpitos para fazer comícios com o slogan: "a vida não pode ser submetida à votação: não vote".
O Papa Bento XVI, eleito em abril, fez sua primeira incursão na política italiana apoiando a campanha de boicote dos bispos.
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