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1874 Início da emigração italiana para o Estado do Espírito Santo

Dia 21 de fevereiro é o Dia Nacional do Imigrante Italiano no Brasil. Vamos, então, conhecer a história da imigração italiana em nosso país, como tudo começou, por onde chegaram os primeiros imigrante e com quais propósitos.

A história do início da imigração italiana no Estado do Espírito Santo, com os nomes das primeiras famílias, comunidades e navios italianos. Tradução do texto de Elvidio Zamprogno, publicado originalmente pela Associação Mantovani Nel Mondo, em 2009.

Eu, que conheço sua grandeza insondável, posso afirmar que a América é uma região destinada por Deus aos flagelados da Europa. Suas florestas lembram um oceano verde. Seus rios abundantes chamam as criaturas para uma obra promissora de paz e esperança; seus horizontes brilhantes prometem coroar a liberdade e a vida. Estou convencido de que o novo continente representa um presente de Deus para homens trabalhadores e corajosos. É o cumprimento da promessa aos corações de boa vontade. Acredito que nossos descendentes amarão os valores legítimos da vida e quebrarão a cadeia de ruína e destruição que sempre ameaça as propriedades europeias por meio de guerras de fome. Aos que estão cansados de tolerar a influência criminosa do demônio insaciável que domina nossos princípios, a Previsão ensina a possibilidade de viver entre as flores de uma natureza diferente e livre, onde a paz é garantida pela profundidade das águas do oceano. (Emanuel) 

No estado do ESPÍRITO SANTO viviam dois irmãos Tabacchi; um deles foi contratado pelo governo brasileiro para ir à Europa em busca de pessoas dispostas a vir trabalhar e povoar nossas terras incultas. Numa dessas viagens, em 1873, percorreu todo o norte da Itália, de onde era originário, e daquelas regiões trouxe para o Brasil uma grande multidão de emigrantes, entre eles o Reverendo Padre Domenico Martinelli.

Pietro Tabacchi, ao centro da imagem. Foto: Reprodução/Vitoria News

Aportaram no porto de Santa Cruz, no norte do estado, a partir do valente veleiro SOFIA, no final de 1874, sob o comando do Sr. Pedro Tabacchi. Da cidade de Santa Cruz muitos deles foram levados para a fazenda Santana, perto de Ibaraçu, antigamente propriedade do Conde d'Eu e na época pertencente à família Guaraná, cujo Sr. Pedro Tabacchi era capataz.

Da fazenda Santana, depois de alguns meses, por motivos diversos, mas principalmente por doenças e pelas péssimas condições de vida a que eram submetidas, muitas dessas famílias se rebelaram e fugiram, indo em busca de algum outro lugar onde seu destino não fosse tão infeliz. Um corajoso grupo desses fugitivos com suas respectivas famílias, após uma longa e penosa jornada, adentrando o matagal do vale do Rio Timbuí, chegaram em 1874 ao ponto onde hoje fica a bela e encantadora cidade de Santa Teresa. Compunham este punhado de bandeirantes verdadeiramente corajosos os senhores: Paolo Casoti, Francesco Bassetti, Sebastiano Zamprogno, Bernardo Comper, Lazero Tonini, Annibale Lazero, Giuseppe Paoli, Daniele Palauno e Abramo Zurlo. Esses e suas famílias foram os primeiros emigrantes a pisar nas terras do nosso município.

Depois de algum tempo que essas famílias aqui se fixaram, em 1875, quando se iniciou oficialmente a colonização da terra com o núcleo colonial de Antônio Prado e Bocaiuva, hoje município de Santa Teresa, inúmeras outras famílias chegaram. Foi assim que, em 9 de maio de 1875, após uma longa viagem pelo imenso Oceano Atlântico, o navio a vapor francês Rivadavia chegou à Baía de Guanabara trazendo em seu grande porão uma grande quantidade de emigrantes, todos do Trentino.

Primeiro assentamento em Santa Teresa (ES), 1874 Foto: Arquivo Público do Estado do ES

Depois de alguns dias no Rio de Janeiro, chegaram a Vitória no dia 31 do mesmo mês em outro navio a vapor. Poucos dias depois, munidos de alimentos e ferramentas, embarcaram em canoas e começaram a navegar pelo Rio Santa Maria até o local onde hoje fica a cidade de Santa Leopoldina. Daqui partiram subindo a serra em direção às terras de um certo Aurélio de Alverenga Rosa (Serra do Alverenga), onde havia duas cabanas cobertas de palha especialmente preparadas para receber os emigrantes que passavam. Deste lugar continuaram em direção à mata onde um caminho recém traçado no mato lhes indicava o caminho. Sob a direção de um senhor alemão chamado João Simão todos os homens estavam ocupados abrindo o caminho que os levaria à terra de Santa Teresa.

Enquanto isso, ao longo das margens do Rio Timbuí, o vice-diretor geral de colonização, agrimensor Franz Von Lipes, procedia à medição e divisão dos lotes de terra que seriam destinados aos trabalhadores estrangeiros que estavam prestes a chegar.

Uma vez aberta a passagem e alcançado o destino, o próprio Sr. Von Lipes que solenemente deu a cada família sua parte de terra por meio de sorteio, o que aconteceu exatamente em 26 de junho de 1875.

Vittore Venturin, a esposa Angelica Sancandi e filhas Foto: Arquivo Público do Estado do ES

Entre as famílias que receberam a terra nesta ocasião, podemos mencionar: Virgilo Lambert, Antonio Lambert, Fedeli Martinelli, Andrea Martinelli, Felippo Bortolini, Eugenio Cuel, Lorenzo Dalprá, Paolo Paoli, Giovani Baptista Paoli, Pietro Margon, Giovani Angeli, Cirilo Belumat, David Casteluber, Mateo Dalprá, Giorgio Martinelli, Giorgio Gasperazzo, Massimo Gasperazzo, Domenico Gasperazzo, Domenico Coser, Antonio Coser, Giovani Broseghini, Alessandro Fellipi, Caleste Rosa, Pietro Costa, Giuseppe Dallappicola, Paolo Montibeller, Luigi Zotelle, Pietro Postai, Lazero Andreata, Francesco Rover, Tonaso Armelini, Giacomo Passamani, Pietro Rasselle, Giuseppe Margon, Paolo Zotele, Antonio Zanetti, Baldassari Zonta, Pietro Valandro, Luigi Tomazzeli, Pietro Lenzi, Adone Avancini, Giovani Moschen, Emilio Moschen, Enrico Paoli, Pietro Avancini, Giuseppe Bortolini, Daniele Mer, Glacinto Felipi, Domenico Montibeller, Albano Scalzer, Lorenzo Margon, Aonile Mosmago, Agelo Margon, Antonio Margon.

No início do ano seguinte, 1876, outro navio francês, o Fenelon, ancorou no porto de Vitória para desembarcar um novo grupo de emigrantes. Entre as outras famílias que chegaram à região estavam: Domenico Broilo, Fortunato Broilo, Giuseppe Corteletti, Giovani Carlini, Domenico Fracalossi, Domenico Tamanini, Daniele Rizzi, Anselmo Frizzera Domenico Taffner, Tomazo Briddi, Antonio Perini e Antonio Roatti. No final de 1876, finalmente chegou o Culumbia, o primeiro navio italiano a servir emigrantes com destino a Santa Taresa, partindo diretamente de Gênova com destino ao Rio de Janeiro. Da antiga capital, os passageiros eram transportados para outros barcos que os levavam para Vitória. Um grande número de emigrantes chegou com ela, todos do Vêneto e da Lombardia. Assim que desembarcaram, seguiram imediatamente em direção ao nosso município, onde chegaram em novembro.

Compunham esse grupo de emigrantes, numerosas famílias e entre elas aquela de: Andrea Gasparini, Gionani Baptista Rossi, Augusto Bolognini, Ferdinando Giugni, Baptista Luppi Giovani Zanca, Luigi Pasolini, Emiliano Ferrari, Luigi Guaitolini, Sebastiano Toresani, Caetano Silingardi, Angelo Aleprandi, Gionani Lilli, Domenico Meloti, Giuseppe Rondelli, Luigi Pretti, Pietro Ferrari, Carlo Có, Antonio Có, Fedeli Garosi, Augusto Garosi, Giuseppe Benedusi, Angelo Armani, Biaggio Graziotti, Alessandro Bonatto, Luigi Bianchi, , Giuseppe Simonassi, Michele Fritolle, Giuseppe Regatieri, Enrico Gerchi, Basilio Costa, Angelo Guerra, Giacomo Maestrini, Biaggio Ferrari, Giovanni Dalmaschio, Angelo Possati, Enrico Dalcolmune, Michele Gastaldi, Celeste Rosa, Filippo Vigano, Abramo Cagliari, Santo Storari, Ferdinando Zampieri, Luigi Bason, Vitorio Gasparini, Francesco Pitol, Luigi Lobo, Giacomo Ferrari.

Desse modo, com a chegada desta última expedição, tinha início oficialmente o povoamento e a colonização do solo de Santa Teresa. Em consequência era colocada na mata virgem daquela terra, mais tarde imortalizada por Graça Aranha, a pedra fundamental de uma nova indestrutível civilização. Indestrutível porque além de ter sido construída com sofrimento, sacrifício e lágrimas, teve como base fundamental a pedra indestrutível da Fé. Também é verdade que nos anos seguintes muitas outras famílias de emigrantes se juntaram às primeiras, fornecendo imensa e inestimável ajuda para completar o grandioso trabalho iniciado pelos primeiros pioneiros desta grande epopeia; assim como a história nos conta, devemos aquilo que somos, e onde localiza-se o município, o início de sua gloriosa existência.

Elvidio Zamprogno